A BIBLIOTECA DO MACUA

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LIVROS & AUTORES QUE A MOÇAMBIQUE DIZEM RESPEITO



JOSÉ C. PARDAL



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Este livro é uma colecção. Não uma colecção de objectos ou de coisas palpáveis, mas sim uma Colecção de Situações. Na minha vida algo aventurosa, aprendi que os momentos altos da existência de um homem, quanto mais subjectivos e profundos mais efémeros são.
É fácil recordarmo-nos de acções e acidentes da vida, mas muito difícil relembrar e reviver emoções intensas e sentires íntimos que, por serem grandes, foram necessariamente fugazes. E, no entanto, são estas emoções e estes sentires que exaltam as nossas vidas e o supremo gozo de as viver. Por isso as procurei memorizar, armazenando-as na mente, nos nervos e na carne para as poder sempre relembrar e sentir em toda a sua plenitude. Agora, pobre escriba, gostaria de poder tê-las materializado, reproduzindo toda a sua acção geradora, em palavras menos pobres e menos acanhadas, mas sei que disso não fui capaz. Fica pelo menos a intenção desculpável e o condão de eu poder reviver esse meu passado africano com alegria, até porque começava a ser tarde....
O Autor


PREFÁCIO

   Depois da publicação do meu livro CAMBACO, alguns amigos, fazendo um uso generoso das suas boas intenções para comigo, aconselharam-me e insistiram mesmo a que vertesse num outro livro os muitos episódios e recordações que constantemente surgiam nas nossas conversas sobre as coisas da caça e que aconteceram lá nos admiráveis sertões africanos e, neste caso, na inesquecível terra de Moçambique.
   Ora, eu fui caçador durante mais de trinta anos e, durante vinte e sete, dediquei-me principalmente à caça e controlo de elefantes. Assim, e como resultado dos muitos acontecimentos que preencheram esta actividade tão emocionante e aventurosa, o meu livro CAMBACO apareceu forçosamente como resultado da minha experiência de caçador ao longo de tantos anos de porfiada dedicação. Por isso, ele apresenta-se com uma trajectória cronológica da vida de uma família de caçadores e em que procuro pôr em equação as reacções do homem-caçador e dos animais selvagens, e fazer um consequente estudo do armamento usado.
   Por estas razões, esse caminho que modestamente percorri e os objectivos que procurei tratar deixaram necessariamente para trás muito ainda por contar de uma vida cheia de inúmeras experiências que aconteceram na selva africana onde, por força da minha vocação, vivi os melhores anos da minha vida.
   Resta-me por isso, e com aquela mesma noção das minhas limitações, e com a mesma linguagem simples dum caçador inveterado, fazer deste livro um compêndio de recordações, de incidentes e andanças inevitavelmente invulgares, como quase tudo o que sobrou de uma vida passada naquelas paragens de sonho e pesadelo, de venturas e fracassos, de alegrias sufocantes e de perigos mortais.
   Estas são, portanto, as minhas memórias, as

                              MEMÓRIAS DUM CAÇADOR AFRICANO

Porto Salvo, 1994
José C. Pardal


Introdução

   O meu amigo José Pardal propôs-me escrever uma introdução ao seu livro "CAMBACO II - Memórias dum Caçador Africano". Não sei o que lhe passou pela cabeça quando me escolheu a mim para fazer este trabalho, que sou tipo pouco dado a estas lides literárias e que sempre tive tanta dificuldade em pôr no papel o que me vai na alma.
   Trabalho ingrato por várias razões, entre as quais figura a amizade que nos une e o prestígio que este homem alcançou não apenas entre nós, caçadores portugueses, mas também em Espanha, Estados Unidos e África do Sul, para só falar dos países onde o seu primeiro livro, CAMBACO, foi editado.
   Admirável colecção de histórias vividas numa África que já não existe, escritas por mãos hábeis e de forma simples, vão servir de reservatório de sonhos para nós caçadores que não tivemos a fortuna de estar em África na altura certa e que provavelmente não o poderemos fazer no futuro. Admirável é também o modo como o autor nos transporta através dos sertões, selvas e savanas do seu Moçambique, a forma como nos apresenta aos seus colaboradores e como nos revela de maneira sensível as características de um povo que conheceu tão bem.
   A sua relação com a caça enquanto desporto é, em minha opinião, exemplar: caçou sempre por paixão, por vício, nunca por dinheiro ou por vaidade, como está tão em voga nos nossos dias. Sente-se nas suas palavras a essência do acto de caçar; na seriedade com que prepara cada acção, nos mil cuidados postos na aproximação, na tenacidade da perseguição, na precisão do remate, na satisfação interior da cobrança do animal morto.
   Servirá porventura ainda este livro, para aqueles que tiverem a sorte de poder caçar caça grossa em África, de fonte de conhecimentos necessários ao bom funcionamento e ao êxito de empreendimento tão apaixonante.
   Um livro escrito por um homem que foi capaz de guardar na memória mil e um pormenores de uma vida dedicada a esta paixão, partilhada por todos nós, caçadores, e que para nossa sorte teve a iniciativa de publicar.
Cascais, 2 de Agosto de 1994
                                                               
Henrique Parreira


   Dizer que José Pardal foi um caçador de caça grossa não basta para o apresentar e muito menos para o definir. Como ele próprio afirma, ele é simplesmente um caçador nato e apaixonado. Mas a sua paixão pela caça foi tão grande que o envolveu em tudo o que rodeia a caça grossa em África: o amor pela Natureza e até pelos próprios animais selvagens, e o entusiasmo com que se dedicou às actividades satélites como o campismo, a ecologia, a faunística, a fotografia e a balística, que, não resta dúvida, são o natural e consequente complemento da caça grossa, quando é praticada a sério pelo homem moderno. E José Pardal é de facto um caçador moderno, na melhor tradição do caçador à moda antiga. Professor do ensino técnico, de profissão, ele deixa-nos sem saber ao certo o que foi realmente durante os trinta anos de caça, dos quarenta que viveu em África, sem nunca ter regressado à sua terra natal.
   Fica-nos, no entanto, a certeza de que o seu grande mérito é a difícil proeza de ser as duas coisas, porque é um facto conhecido que, se os seus antigos alunos o estimam, os caçadores admiram-no. E parece-nos que isto define bem o currículo da sua vida. O seu primeiro livro, "CAMBACO - Caça Grossa em Moçambique", publicado também nos Estados Unidos e em Espanha, já foi classificado, por muitos admiradores, como o melhor livro sobre a caça dos elefantes, mesmo considerando a vasta literatura sobre este assunto. Este palmares, muito difícil de registar, mostra bem a sua dimensão como caçador. Agora, instado por muitos, publica o seu segundo
livro, "CAMBACO II - Memórias dum Caçador Africano", como uma Colecção de Situações, que certamente vão povoar a imaginação dos seus leitores com um rol de aventuras autênticas, contadas, como sempre, com uma cativante simplicidade. Este era, definitivamente, o livro que faltava!

Editor

ALGUNS TEXTOS E FOTOS



CHANFUTA PATRÃO
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HIENAS E LEÕES
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IMISSA!!!
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O PERIGO NA CAÇA GROSSA E O TIRO
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FOTOS
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Edição de 1994

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