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LIVROS & AUTORES QUE A MOÇAMBIQUE DIZEM RESPEITO
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ABIBA JACOB ELIAS IBRAIMO (Abylin Ibraimo), nasceu na Província de Tete, a 11 de Maio de 1976. É
a quarta de seis irmãos; iniciou os estudos em 1982 na Escola Primária de Quelimane e concluiu a 12a
Classe em 1996 na Escola Secundária e Pré-Universitária 25 de Setembro. Escreveu o 1° poema em 1992,
numa aula de Física, intitulado "Esperança de Paz". Em 1987 fez um curso de primeiros socorros da
Cruz Vermelha e trabalhou nessa área como socorrista. Mais tarde, em 1992 participou num seminário para
activista de DTS/SIDA e trabalhou também em colectividade nas campanhas de prevenção às doenças. Em 1998
participou num curso de capacitação para jornalistas onde obteve conhecimentos básicos do ramo e descobriu
que é nessa profissão que pretende se formar (Ciências de Comunicação).
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Prefácio
O céu espreguiça-se depois de uma noite de luar intenso: põe de lado o seu manto
negro com o qual se cobria à noite e veste o seu fato predilecto daqueles dias em que está alegre e feliz,
tão azul que se reflecte nas águas frescas do mar. Tenho que reconhecer que quando ele fica triste usa
o seu traje cinzento e chora lágrimas de tristeza única e inconsolável. E eu. sem querer ficar para
trás. levanto e visto-me de bom humor e aqueles acessórios tão habituais chamados "pensamentos positivos",
carregando minha alma de uma energia forte e personalizada. E lá vou eu. Feliz, por esse "Mundo da Palavra",
tão complexo mas ao mesmo tempo tão fascinante, fico embevecida e minha "Alma suspira" . É essa vida,
essa alegria e bom humor que quero transmitir a todos vós para que tenham sempre o espírito virado para
a literatura, para o amor e bem-estar dos irmãos na terra. Esta minha 2ª obra dedico-a aos meus Pais
e Irmãos com muito amor.
Sempre Abylin Ibraimo
(Abiba Jacob Elias Ibraimo)
Quelimane.
4 de Outubro de 1997
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PRÓLOGO Confesso que, quando me convidaram para escrever este prólogo, estremeci. Talvez a palavra
mais geograficamente correcta seja ni djuquile. Não por medo, mas por surpresa. Como será escrever um
prólogo? E acima de tudo que dirão os poemas vindos do Norte? Vindos da Zambézia? Vindos da Abylin Ibraimo?
Apanhei-me então a pensar nessas surpresas. Primeiro: no prólogo, ou melhor, "no que se diz antes". Mas
o que é que se pode dizer antes da poesia? De certeza que isso depende de como definirmos poesia. Será
poesia simplesmente um conjunto de obras em verso? Ou estará a poesia espetada mais fundo, lá no cotovelo
da existência? Quem sabe, talvez uma consequência do B/g Bang? Mas que importa isso? Talvez somente o
de sentir o abraço alegre e quente ao reconhecê-la viva em nós. Segundo: na Abylin. Não conheço a
Abylin. Porestanto (como diria o guarda do meu vizinho); como posso escrever algo sobre alguém que nunca
conheci? Não posso falar de como Abylin se reflecte na sua escrita. Não posso evidenciar sobre a precisão
de como expressa seus sentimentos. Demitimo-nos então de comentar sobre o abismo que existe entre a Abylin
e seus poemas. Entre a escritora e a sua escrita. É que desta vez o caso é diferente. Acontece que, para
mim, Abylin brotou dos poemas. Foi uma espécie de parto ao avesso. Nasceu primeiro a chuva, depois as
nuvens. Foram estes poemas que fizeram nascer a Abylin. Então posso somente falar de como os poemas tecem
Abylin. De como os versos pintam Abylin, de forma quase cartográfica. Mas Abylin consegue não só semear
em palavras, como também semear a Zambézia, seus coqueiros, suas praias e ondas cálidas. É nessa tua
linguagem, simples, rítmica, com um gosto zambeziano, consegues fazer-me teu cúmplice, e conhecer-te
segredos e lugares por onde nunca tinha passado. "...eis que me surges como um sopro" dizes tu. Pois
eis que me sinto como relva ou gafanhoto. Escutando teus passos e os lábios do teu amado. Ou seriam os
passos dos vossos lábios? É difícil reconhecer um beijo quando se é insecto. Quando somos chá e coco.
Batuques e marimbas. Quando somos o próprio beijo. A areia das dunas. Quando te lemos, Abylin, e levemente
somos levados pelos teus versos. Será essa então a função de um poeta? A de transformar as palavras
em vagões? Os versos em combóios? O poema em viagem? Mas... que sei eu... ? O que gosto é de pendurar
os pensamentos nas pontas das estrelas, como que fossem peúgas, e deixar-me levar no teu comboio pelo
cacimbo do Chuabo. Deixar-me levar pela poesia de uma jovem irmã Moçambicana. Convido-vos então, arrecadem
seus pensamentos, e deixem-se levar numa viagem ao Norte do País. Mândio Couto (Dawany)
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MENINOS DE RUA
O sol já nasce no horizonte, os meninos de rua levantam-se e o olhar triste
perde-se nas lixeiras
O dia vai alto e as pernas dos meninos vagueiam nas ruelas da cidade
à procura de restos dos avantajados
Pobres meninos, criaturas inocentes a esperança do amanhã
desperdiçados na amargura da vida
E a noite chega impiedosa o ronco dos estômagos vazios
rompe o silêncio pesado e sinistro e mais um dia se passou
Quelimane (Madal) 3 de Março
de 1996
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ZAMBÉZIA DE MOÇAMBIQUE
Zambézia de Moçambique terra do coco e do chá tenho as raízes nas
tuas profundezas e de lá não quero mais sair
Zambézia de Moçambique estás na África e no
mundo teu Quelimane é bonito cidade da Costa do ĺndico
Zambézia de Moçambique tantos
distritos, tanta riqueza tanto mistério, uma beleza
Zambézia de Moçambique Machuabo sou
de sangue e assim quero morrer com o orgulho de ser tua cidadã
Zanbézia de Moçambique tuas
nove irmãs províncias completam contigo um País, Moçambique maravilhoso
Quelimane, 19
de Julho de 1996 23 horas e 15 minutos
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DICIONÁRIO
Dicionário, pai dos burros Mas eles não te consultam Os inteligentes esnobam-te
E os ignorantes rejeitam-te
Então a quem tu serves? Teu universo de palavras De certezas
nos significados
É a mistura de todos Que no fundo sabem a verdade O que tens para ensinar
Nem o melhor doutor letrado dará
Dicionário, livro tão rico Até na linguagem dos olhares
Marcas presença permanente Na descodificação da mensagem
Por isso digo, és o maior!
Quelimane,
16 de Agosto de 1996 23 horas e 10 minutos
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