A BIBLIOTECA DO MACUA

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ALGUNS TEXTOS, MAPAS E FOTOS

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DO HISTÓRICO PORTO A UM MODERNO "CORREDOR ECONÓMICO"

   Falar de Sofala não é apenas falar da pesca do camarão, dos canaviais de Marromeu e Mafambisse, das ricas espécies de madeiras de Muanza e Inhamitanga, do gás nafural do Búzi, das ferras de Chibabava, ou do que já foi uma das maiores e melhores reservas de caça de África - o antigo Parque Nacional da Gorongosa.
   Falar de Sofala não é apenas falar da Beira, que deve o seu nome ao Príncipe D, Luís Filipe da Beira, e que aqui aportou em visita oficial nos primórdios deste século, e que é hoje a segunda cidade mais importante do país do ponto de vista económico, político, social e cultural.
   Falar de Sofala é também conhecer que esta terra-palavra já era referida nos mapas perso-árabes do princípio deste milénio como um porto para frotas comerciais em demanda de marfim, ouro, ferro, peles e, mais tarde, também escravos.
   Quer isto dizer que o actual e conhecid "'corredor da Beira" já o foi na prática em outras recuadas épocas históricas. O território de Sofala era um corredor de passagem para caravanas lideradas por árabes na procura dos produtos a que nos referimos. Como reminiscência dessa antiga presença árabe, ainda hoje se faz uma peregrinação a um lugar de Sofala, uma espécie de mesquita-santuário, a caminho de Manica, pelos actuais maometanos da Província,
    Por isso, não é por acaso que a palavra e o nome de Sofala são referidos na Enciclopédia Luso-Brasileira como "antiga cidade marítima do sudeste de Moçambique, ao sul da Beira. Sob domínio árabe a partir do séc. XII, tornou-se porto importante. Foi visitada por Pêro da Covilhã em sua famosa viagem (1489?). Em 1505 os portugueses, sob o comando de Pêro de Anaia, erigiram aí uma fortaleza que ainda existia no século XIX".
   E esta palavra acabou por dar nome a toda uma Província maioritariamente habitada por Senas e Nüaus, ambos povos de origem banto, com os Senas a ocupar mais a parte centro-norte da Província e os N'Daus a estenderem-se a partir da Beira para o sul, e em direcção a Manica.
   Se se falou mais pormenorizadamente da história desta Província foi porque, efectivamente, pesa muito o passado histórico de uma determinada região para a compreensão da sua situação actual. E o mais curioso disto é que Sofala e a sua actual capital, a Beira (Aruângua), construída um pouco mais a norte da antiga Sofala, pequena vila hoje a ser engolida pelo mar e pelas areias do ĺndico, continuam a desempenhar um papel económico importante como porto para transacção de mercadorias nacionais e estrangeiras, desde a importação de petróleo dos países árabes, e que em gasoduto segue para o Zimbabwe, até à exportação de ferro, cobre, citrinos e muitos outros produtos para diversos países do mundo. Estradas e linhas férreas fazem esse "corredor" \tornar-se mais operacional economicamente,
   Caracterizada por terras baixas e um litoral com mangais excelentes para a multiplicação de espécies marinhas, como, por exemplo, o camarão, a costa de Sofala e baía do mesmo nome são um manancial de pesca muito importante possuindo já a Província de Sofala um porto de pesca e uma pequena indústria de processamento de pescado.
    Se a pesca dá e pode dar cada vez mais rendimento económico a esta Província e ao próprio país, as açucareiros e a exploração madeireira (se for cientificamente efectuada, não descurando a reposição das espécies abatidas) poderão constituir outra grande fonte de desenvolvimento, que pode subir a níveis bastante elevados se a isso se aliar a exploração do gás natural do Búzi, descoberto já há muitos anos, mas cujo aproveitamento industrial ainda não se iniciou.
   Por outro lado, o turismo cinegético pode alcançar aqui um desenvolvimento notável, uma vez que Sofala possui várias reservas de caça, sendo a Gorongosa (quando reabilitada) e os tandos de Marromeu (onde chegaram a existir manadas de 30 mil búfalos) dois dos principais pontos de atracção,
    Mas são, sobretudo, as suas populações, caracterizadas por uma forte personalidade e batalhadora pêlos seus direitos, que fazem de Sofala e da sua capital, Beira, um local sempre de referência e uma certeza de que esta Província pode e vai constituir um grande farol de desenvolvimento do nosso país.

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Mais do que a flora de que é pródiga, mais do que as espécies marinhas de que é rica, é a fauna bravia que marca de ouro a geografia de Sofala. Terra de grandes reservas de caça, com parques nacionais e coutadas, a Província de Sofala oferece aos olhos do mundo um conjunto de espécies mais representativas da nossa fauna bravia.
Se no Parque Nacional da Gorongosa esse mundo maravilhoso se desdobra colorido e movimentado, faunisticamente múltiplo, na reserva de Marromeu é o espectáculo das enormes manadas, nomeadamente de búfalos, que já foram de mais de 30 mil animais, que fascina. Um deslumbramento!

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Um sugestivo postal dos arredores da cidade da Beira, A poucos quilómetros da capital de Sofala, numa arborizada paisagem tropical espelhada no lago que a emoldura, localiza-se este recanto de lazer da cidade,
Trata-se da lagoa do "Six Miles", que gerações mais velhas já frequentavam no tempo em que a cidade era ainda um pequeno aglomerado de casas de alvenaria, de ferro e de madeira-e-zinco.
Desde que se preserve ecologicamente, este local pode ser muito bem explorado para fins turísticos, servindo a população beirense e, até, turistas dos territórios vizinhos. Encantador e propício ao relaxamento, o "Six Miles" continua a ser, a par das praias, o local preferido por muitos citadinos da capital de Sofala.

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Praia da Beira. É nesta orla marítima da cidade em expansão, que os cidadãos da capital sofalense buscam o refrigério para suas ocupações, a carícia de água nos dias de canícula, a brisa fresca para os corpos suados.
Mas não são mansas estas águas salgadas do Indico, E não se trata aqui de um alerta apenas para os banhistas incautos, desatentos ou desconhece-dores do perigo dos remoinhos ou das ondas mais bravas.
O alerta para este perigo é extensivo à própria cidade da Beira, ameaçada pela erosão causada por estas ondas, por este mar. É um perigo real uma vez que, como aqui neste mesmo livro já nos referimos, a capital de Sofala tem zonas quase abaixo do nível do mar, e este, se não for domado, devora a cidade.



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Edição de 1994

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