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LIVROS & AUTORES QUE A MOÇAMBIQUE DIZEM RESPEITO
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DO MAR DESTA TERRA VEIO O NOME DO PAĺS Donde vem o nome de um País , como se argamassa esse
título chamamento de uma nação no chão histórico da terra onde nascemos e nos tornamos homens- cidadãos?
A Província de Nampula - uma pepita de cultura e história, de riqueza e beleza natural - tem no seu
litoral o segredo do nome e a clareza das respostas. De facto, foi numa pequena ilha de coral,
situada a escassos quilómetros da costa nampulense, que as linhas da história se cruzaram tecendo um
nome que se tornaria de todo o País: Moçambique. Ponto de passagem e comércio durante centenas
de anos para árabes, persas, indianos e chineses, mas economicamente monopolizada pêlos árabes - donos
efectivos do comércio em quase toda a costa oriental de África desde o Mar Vermelho a Sofala - esta pequena
ilha de coral viu-se visitada em 1498 pela primeira frota marítima vinda da Europa, mais especificamente,
da maior potência marítima da época: Portugal. Em poucos anos, os Portugueses, em luta renhida
com os árabes, começaram a dominar o comércio da zona e a pequena ilha de coral passou a ser um dos vários
pontos estratégicos de defesa desse novo monopólio luso, sendo ali construída uma grande fortaleza militar
e uma feitoria para regulação e armazenagem desses produtos comerciais indo-afro-lusos. Do seu
nome natural, que muitos dos seus actuais habitantes dizem ser Muipiti, a Ilha passou desde o sec. XVI
a chamar-se Moçambique, palavra derivada de "Mussa-Ben-Bique", segundo a opinião de alguns historiadores,
mas facto ainda não totalmente comprovado. Mas o litoral de Nampula desdobra-se ainda noutros
pontos também importantes da história deste país como é o caso da região de Angoche, cuja cidade do mesmo
nome ostenta ainda hoje vestígios do antigo sultanato árabe e swahili e que fez grande resistência à
ocupação portuguesa. Para além destes singulares aspectos históricos a província de Nampula é
também uma terra riquíssima do ponto de vista agrícola e mineral. Caju, sisal, algodão, tabaco,
copra, milho, amendoim, arroz são as suas principais culturas, mas no seu solo são possíveis todas as
outras culturas tropicais e mesmo de regiões temperadas favorecidas por um clima mais fresco do planalto
interior. Montanhosa, e parecendo que os próprios montes se elevam da terra como gigantes de cabeças
ralas, todo o vasto território da província de Nampula esconde jazigos minerais, destacando-se o ouro,
o ferro, o quartzo, alguns tipos de pedras semi-preciosas e preciosas, havendo, inclusive, alguns estudos
que falam da existência de urânio. Sendo a Província que mais cidades possui quatro ao todo -
como é o caso da cidade da Ilha de Moçambique, de Nampula, de Nacala e Angoche, ela é atravessada em
toda a sua extensão por uma longa linha de Caminhos de Ferro que ultrapassa as fronteiras nacionais e
que começando ou terminando em Nacala - o maior porto natural de África - serve o interland vizinho,
como por exemplo, o Malawi, a Zâmbia e o próprio Zaire, se o desejar. Se o litoral é demograficamente
uma mescla sócio-cultural que séculos de intercâmbio comercial cimentaram, bem patente na fisionomia
humana residente e nas igrejas católicas, mesquitas islâmicas e templos hindus erguendo-se lado a lado,
o interior é mais genuinamente bantu, de etnia Makwa, e mais islamizado que cristão. O secular
trabalho de arte e artesanato em pau-preto (ébano) é um autêntico símbolo artístico da província de Nampula,
onde também se destaca o artesanato utilitário em palha e sobretudo mobiliário em madeira trabalhada,
rendilhada, a fazer recordar influências árabes, portuguesas, hindus e mesmo chinesas. Batida
pelos ventos húmidos e periódicos das monções, às vezes violentos, Nampula, cujo nome deriva de um chefe
tradicional (N'wampuhla), que vivia na região onde hoje se localizada a cidade do mesmo nome, é uma terra
luminosa e cheia de promessas de bem estar.
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Em África, os instrumentos de percussão estão entre aqueles que mais homogénea e regularmente se espalham
por todo o continente.O início do fabrico deste sonoro artefacto perde-se na noite dos tempos. Contudo,
sabe-se que os tambores africanos foram, antes de qualquer outra coisa, um extraordinário meio de comunicação
à distância. Os diversos sons representavam distintas mensagens de um para outro grupo humano. A sua
gradual mudança para instrumento musical, em que hoje está praticamente transformado, salvo as respectivas
excepções no interior africano, ter-se-á acentuado com o desenvolvimento de outras formas de comunicação
neste continente.Também os modelos foram variando em tamanho e material de fabrico.Na Ilha de Moçambique
e litoral nampulense, estendendo-se hoje por zonas do interior, o tipo de tambores denota uma nítida
influência árabe e, por outro lado, contrariando uma ancestral tradição bantu, já são também percutidos
por mãos femininas.Os vários ritmos dão outrossim, testemunho desse sincretismo bantu-árabe. É a magia
do ser humano em comunhão.
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Dizem que as cidades nascem do campo. De pequenas aldeias passam a vilas que, por razões sócio-económicas
diversas, podem crescer e transformar-se em belas cidades. Esta cidade de Nampula tem uma história
interessante. Ao contrário de outras congéneres do interior, semelhantes em tamanho e desenvolvimento,
como é o caso de Chimoio e Tete, frutos de um crescimento económico específico, Nampula parece ter o
seu desenvolvimento ligado a razões de ordem estratégico-militar e de ocupação administrativa do vasto
interior moçambicano pelas autoridades coloniais. Foi assim que nasceu e cresceu a cidade de Nampula,
que nos anos 60/ 70, transformada em quartel general das forças operacionais portuguesas que lutavam
contra a guerrilha nacionalista moçambicana, teve um crescimento notável, favorecido também e em parte
por nela passar a linha férrea ligando o porto de Nacala ao Malawi, na altura em franco progresso.De
linhas arquitectónicas modernas, Nampula está no centro de uma vasta região agrícola e tem agora largas
possibilidades de crescimento fora dos motivos que a fizeram erguer. Aos domingos a bela capital daquela
província realiza uma feira de artesanato que é hoje conhecida em quase todo o país. Com predomínio de
peças em pau-preto, a feira de artesanato de Nampula é, efectivamente, um local de grande interesse turístico-cultural.O
ébano, o pau-rosa, o marfim - mais embutido em peças do que trabalhado na sua inteira dimensão - a cestaria
requintada e as suas famosas peças de mobiliário em madeira bordada a recordar heranças decorativas de
vários quadrantes do mundo, são o espelho da alma deste povo Makwa que aqui habita.
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O inebriente fumo dos homens amadurece na pequena construção à beira do caminho.Entre Ribáuè e a região
oeste, limite da província de Nampula com o Niassa, ao longo dos dois lados da linha dos Caminhos de
Ferro, há uma antiga tradição de cultura do tabaco. Nos anos 70 um autêntico "boom" tabaqueiro aconteceu
naquela região. Pêlos vales maravilhosos separados por blocos maciços de montanhas pedregosas estendiam-se
grandes nnachambas de tabaco e, por toda a parte, eram visíveis desde grandes armazéns e estufas para
o sequeiro a humildes construções para a curtição das folhas. Efectivamente, esta planta deu cor de trabalho
a todo aquele vasto mundo agrícola. Hoje, devido à guerra que por ali também passou, aquela região deixou
de ser a grande produtora que já foi, contudo, a tradição tabaqueira permanece e o relançamento em larga
escala desta cultura está para breve. O tabaco de Nampula tem mesmo tradição, dá dinheiro e é muito
gostoso de se fumar, dizem os entendidos. Nos mercados locais, onde a cavaqueira animada abre o sorriso
para o negócio andar, o bom tabaco de Nampula, curtido e enrolado ao gosto dos fumadores, é presença
obrigatória e cheirosa. Não basta cultivar e curtir o tabaco. É preciso saber vendê-lo ao ritmo da
tradição, da sempre interessante disputa do preço. Compradores e vendedores chegam a sentar-se lado a
lado para acordarem o preço ideal. De uma boa conversa nasce um bom negócio.
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Pormenor das escadarias do Palácio de S.Paulo que dá acesso ao pátio interior. Como guias para todas
as idades, estas estátuas-candeeiros iluminaram o vai-vem de funcionários e visitantes desta antiga sede
do governo colonial. Mais do que cândidos faróis para percursos interiores estas esculturas-suportes-de-luz
são como sentinelas dum tempo retido em gesto iluminadamente mudo. Preservar estas peças de arte de
que a Ilha de Moçambique é um autêntico tesouro, torna-se mais do que necessário, pois terá de fazer
parte da própria cultura dos moçambicanos. Como jóias de um tempo (perverso?) que passou, elas brilham
na sua solidão mostrando aos coetâneos os vários lados de que se reveste a história do mundo.
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Bate o meu coração no tambor do tempo, neste canto da província de Nampula. Envio com carinho esta mensagem
de amor com o canto da minha alma em música. Sou mulher e sou bela. Sou mulher makwa ornamentada de
sonhos e risos sinceros. Gosto de ser como sou: Um búzio de carne posto no ouvido do mundo para o vento-música-do-mar.
Sou daqui e pertenço a todo o universo da criação. O menear das minhas ancas faz parar quem me vê
e o meu andar-de-dança requebra vibrante entre montes e ondas... Sou eu, mais eu, depois de juntar no
meu ritmo os vários gestos do mundo.
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