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teórica da táctica contraguerrilha em cursos concluídos por exames. Estes cursos são dados por oficiais
que passaram por treino especial teórico e prático. Durante a guerra da Argélia, vários oficiais
portugueses receberam treino de especialistas franceses em 'guerra subversiva'. Muitos outros oficiais
foram enviados para os Estados Unidos, onde estiveram em cursos de comandos e fuzileiros e estudaram
todas as técnicas usadas pelos Americanos contra o povo vietnamita."
Resulta daqui que
o exército português opera agora rara- mente em unidades inferiores a uma companhia, para que, quando
são atacados, mesmo que sofram pesadas baixas, tenham força numérica suficiente para evitar que os
guerrilheiros con- sigam um dos seus principais objectivos: apreensão de armas e munições.
Ainda assim, os Portugueses continuam a sofrer pesadas baixas quando tentam sair das suas bases
e pouco avançam sobre as forças de guerrilha, que simplesmente se retiram até ao momento em que
podem atacar com vantagem. Os Portu- gueses passaram cada vez mais à utilização da arma aérea, sabendo
que não nos é fácil adquirir e transportar o equipamento pesado necessário para combater os ataques
aéreos. Assim, têm feito incursões contra bases, aldeias, escolas clinicas; têm bombardeado
áreas de cultura, e feito tentativas para destruir a mata que dá abrigo aos nossos guerrilheiros.
As baixas causadas por estas incursões são principalmente das populações civis, e tem sido dada prioridade
à organização da defesa dos aldeões. Estamos a desenvolver a nossa força antiaérea; em Outubro
de 1967, um dos três aviões que bom- bardeavam Marrupa foi abatido e os outros foram forçados a
retirar. Confrontadas com uma série de reveses militares, as auto- ridades portuguesas têm
feito várias experiências de táctica antiguerrilha paramilítar, misto de terrorismo e guerra psicoló-
gica, com a principal finalidade de persuadir a população a retirar o seu apoio à FRELIMO. Pelo lado
psicológico montaram
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em 1966 e 1967 campanhas de propaganda na rádio e fizeram larga distribuição de folhetos. Estes eram
atraentes, impressos em papel de cores vivas, com textos paralelos em português e língua africana
descrevendo as condições de fome e miséria das regiões da FRELIMO e a vida próspera e confortável
dos Portugueses. Mostravam grandes cartazes ilustrando estes con- trastes ou caricaturas da FRELIMO
"vivendo bem" no exílio à custa do resto da população. Nesta propaganda também tenta- vam explorar
as divisões naturais da população acusando a FRELIMO de apadrinhar as ambições duma tribo contra a
tribo vizinha. A distância entre as populações portuguesa e africana, porém, diminui muito
o efeito destas campanhas; dado o alto grau de analfabetismo e o baixo nível de vida, os folhetos
e a rádio não atingem vastos auditórios. Além disso, a falsidade do seu conteúdo não é difícil
de notar; o povo lembra-se bem de que não havia prosperidade sob o domínio português e onde a FRELIMO
exerce actividade as populações viram que os seus membros e chefes provêm de diferentes tribos e vários
grupos religiosos. A FRELIMO tem a grande vantagem de realizar o seu trabalho político por meio de
contactos pessoais, de viva voz, com reuniões, exemplos, persuasivamente empreen- didos por membros
da população. Além disso, não há qual- quer tentativa de torcer a verdade com promessas de coisas
impos- síveis: nós admitimos que a guerra pode ser longa; que será certamente difícil; que não
trará prosperidade e felicidade como por encanto; mas já está a realizar alguns progressos e é
o único modo de eventualmente melhorar a qualidade da vida. Na mensagem do Comité Central de 25 de
Setembro de 1967 ao povo moçambicano declarava-se:
"[...] Há muitas dificuldades. Os guerrilheiros
têm por vezes de passar dias inteiros sem comer, têm que dormir ao relento e, às vezes, têm que
marchar dias ou mesmo semanas para fazer um ataque ou uma emboscada... O povo também sofre nesta
fase da luta de libertação, porque o inimigo intensi-
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fica a sua repressão para tentar aterrorizar a população e impedi-la de apoiar os guerrilheiros. Há
muitas dificuldades. A batalha pela liberdade não é fácil. Mas a liberdade que queremos vale todos
esses sacrifícios."
O trabalho de mobilização é feito essencialmente através do contacto
directo, mas é apoiado pela literatura e pela rádio. Comunicados e mensagens como a anterior são policopiados
e distribuídos nos acampamentos e durante as reuniões. Circulam também folhetos policopiados, descrevendo,
por exemplo, um "patrão" explorador a ser expulso pela FRELIMO. Há também regularmente programas
de rádio, emitidos através da Rádio Tanzânia, que, desde 1967, tem sido suficientemente poderosa para
chegar além da fronteira sul de Moçambique. Nas zonas libertadas, distribuímos aparelhos de rádio
para ajudar o povo a ouvir estas emissões. Os programas constam de: noticias em português e em
línguas africanas; relatos da luta; mensagens e esclarecimento político; programas educativos sobre
higiene e saúde pública; canções revolucionárias, música tradicional e popular. Tendo obtido
poucos resultados com a propaganda directa, os Portugueses têm tentado métodos mais complicados. Em
1967, por exemplo, instalaram na província de Tete um fantoche africano como chefe dum partido "nacionalista"
e organizaram comícios onde ele apareceu ao lado de funcionários portugueses, afirmando que os
Portugueses estavam dispostos a dar pacifi- camente a independência ao seu partido, mas não aos "bandidos
da FRELIMO". Esta campanha teve inicialmente algum sucesso; mas, como os esclarecimentos dados por
militantes da FRE- LIMO eram confirmados pela ausência de quaisquer indícios de boa fé da parte
dos Portugueses, o povo foi ficando descrente e deixou de aparecer nos comícios. Confrontados
com o fracasso da acção militar e de "per- suassão", os Portugueses foram recorrendo cada vez mais
ao terror, numa tentativa de amedrontar aqueles que ajudavam a FRELIMO. Vendo que as forças de
libertação viviam entre
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