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cipios de 1967 e quase imediatamente as coisas começaram a funcionar com maior eficiência; comunicações
entre as pro- víadas e os quartéis-generais estabeleceram-se com maior regu- laridade; armas e
equipamento começaram a chegar mais rapi- damente às áreas de combate; o recrutamento intensificou-se;
e os planos de novas e mais extensas campanhas contra o inimigo entraram em fase operacional.
Numa situação como esta, em que um país está em estado de guerra e o exército tem inevitavelmente
poderes muito extensos, há a possibilidade de perigo de conflito entre as orga- nizações civis
e militares. Todavia, no nosso sistema, isto é reduzido ao mínimo pelo facto de que ambos estão enquadrados
no corpo político da FRELIMO, que é constituído por ele- mentos militares e civis. A relação entre
os corpos políticos, militares e civis não se pode descrever como uma hierarquia em que um poder
está subordinado ao outro. As decisões polí- ticas têm que ser tomadas pelo corpo político, cujo órgão
su- premo é o Comité Central. O exército, como os vários departa- mentos, funciona em conformidade
com as decisões do Comité Central; mas os dirigentes do exército, como membros do Comité Central,
também ajudam a elaborar estas decisões políticas. As reuniões dos comandos militares, que se realizam
quinzenalmente, são normalmente presididas pelo presidente ou vice-presidente da FRELIMO, o que assegura
e mantém coordenação íntima nas reuniões do Comité Central entre as decisões políticas e as militares.
Localmente, as milícias populares desempenham parte importante na ligação entre as populações
civis e o exército. Estas milícias são constituídas por membros militantes da popu- lação civil,
que desempenham as suas ocupações normais e, ao mesmo tempo, embora não incorporados no exército de
guerrilha, empreendem certas tarefas militares. A sua função principal é a defesa da sua região. Se
houver perigo de ataque das forças portuguesas, podem ser mobilizadas como uma força armada adicional.
Enquanto há combates na região, essas milícias coordenam a sua actividade com a das forças de guerrilha,
refor-
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çam-nas quando é necessário e fornecem informação acerca da própria localidade. Quando os guerrilheiros
libertam uma área, as milícias podem então tomar conta da organização da defesa, produção e abastecimentos,
deixando as forças principais livres para se moverem em direcção a novas áreas de combate. Em regiões
onde não há ainda uma luta armada activa, formam-se milícias secretas para preparar o terreno para
a guerrilha; para mobilizar o povo; para observar as forças portuguesas; para conseguir abastecimentos
e assistência aos guerrilheiros à medida que estes entram na região. Num sentido, estas milícias
populares são a espinha dorsal da luta armada. Os guerrilheiros desenvolvem as principais ofensivas
e a maior parte do combate directo, mas é função das milícias tornar possível a sua acção.
O
desenrolar da luta
Terminada a fase inicial da nossa ofensiva e retiradas as nossas
forças para as duas províncias do Norte, seguiu-se um período de aparente impasse, que durou de 1965
a 1966. Durante este período, a FRELIMO controlou a maior parte do terreno e das aldeias da zona
do Norte; os Portugueses contro- lavam as cidades e bastantes bases fortificadas onde estavam relativamente
seguros. As estradas principais eram disputadas, visto que os Portugueses continuavam a querer utilizá-las
para o transporte de soldados e mantimentos, enquanto a FRELIMO as minava e nelas montava emboscadas
constantemente. Os Portugueses eram incapazes de organizar uma ofensiva eficaz, porque, quando
saíam das bases para irem para a mata em busca das nossas forças, caíam em emboscadas. Por outro lado,
a FRELIMO ainda não tinha força suficiente para lançar ataques maciços contra as posições portuguesas.
Todavia, a FRELIMO ia sempre aumentando a sua força, consolidando a sua posição militar e política,
treinando novos recrutas e gradualmente desgastando a força dos Portugueses por meio de pequenas acções.
Pela segunda metade de 1966, tornava-se visível o
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poder crescente da FRELIMO e as nossas forças eram já capazes de começar a atacar as próprias bases
dos Portugueses. Entre Setembro de 1966 e Agosto de 1967 foram atacadas mais de trinta bases militares
portuguesas; e pelo menos mais dez, nos últimos três meses de 1967. Muitas destas bases ficavam muito
danificadas e algumas eram evacuadas depois dos ataques. Por exemplo, o posto de Maniamba (Niassa
Ocidental) foi atacado a 15 de Agosto, e evacuado; foi reocupado, mas de novo abandonado depois
dum segundo ataque em 31 de Agosto; dez dias depois chegou um forte destacamento de fuzileiros para
o reocupar. A 13 de Setembro foi atacado o posto de Nam- bude (Cabo Delgado), e os edifícios, três
veículos e o equipa- pento de rádio ficaram destruídos. A base aérea de Mueda, alvo extremamente
importante, e bem defendido pelos Portu- gueses, foi duas vezes bombardeada e cinco aviões estacionados
ficaram totalmente destruídos. Durante o ano de 1967, a área de combate alargou-se em todas
as regiões. Em Cabo Delgado as nossas forças avançaram para o rio Lurio e cercaram Porto Amélia, a
capital, consoli- dando ao mesmo tempo as suas posições no resto da província, que está agora quase
totalmente nas nossas mãos. No Niassa, as nossas forças avançaram para a linha de Marrupa-Maula e
aproximam-se das fronteiras das províncias de Moçambique e da Zambézia. Para sul, ganharam controle
da zona Catur, entre as províncias da Zambézia e Tete; enquanto que, a oci- dente, criaram as condições
necessárias para recomeçar a luta em Tete e na Zambézia, região muito importante em recursos agrícolas
e minerais. Os Portugueses têm procurado melhorar as suas tácticas de contraguerrilha, e em
particular têm tentado aproveitar da experiência dos seus aliados da NATO: Grã-Bretanha, na Malásia;
Estados Unidos, no Vietname, e França, na Argélia.
Afonso Henriques do Sacramento relata:
"Esta instrução é dada aos soldados portugueses na primeira parte dos seis meses de treino.
Os soldados aprendem a base
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