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e informação. A finalidade destes pontos era, por um kdo, quebrar o silêncio que rodeava Moçambique,
destruir os mitos espalhados pelos poderosos serviços de propaganda dos Por- tugueses; e, por outro
lado, mobilizar a opinião mundial em favor da luta em Moçambique, para ganhar apoio material e isolar
Portugal. Isto implicava participação activa em organi- zações internacionais, o envio de delegados
a conferências internacionais e de representantes a vários países. Tendo em vista facilitar este
trabalho, criaram-se centros permanentes fora da Tanzânia, particularmente no Cairo, Argel e Lusaka.
Com o fim de propagar a informação, prepararam-se textos para conferências e reuniões; escreveram-se
artigos; e do Centro em Dar es-Salam começou a publicação dum boletim em inglês, Moçambique Revolution,
enquanto que um boletim em francês saía periodicamente do Centro de Argel.
Problemas
Em muitos aspectos, o período de preparação impõe mais esforço a um movimento do que o período
de acção. Começada a luta, gera-se a solidariedade perante o perigo imediato face ao inimigo. De
igual modo, o movimento afirma- -se: sabe mostrar resultados concretos do seu trabalho e uma justificação
prática da sua política. Ao afirmar-se, crescem o entusiasmo e a confiança dos próprios membros, enquanto
que ao mesmo tempo aumentam o interesse e o apoio do exterior. Durante o tempo de trabalho clandestino,
contudo, pouco se vê do partido, excepto um nome, um centro e um grupo de exilados que afirmam
serem chefes nacionais, mas cuja integri- dade é sempre discutível. Ê então que um movimento é espe-
cialmente vulnerável à dissensão interna e à provocação externa. Nos dois primeiros anos da FRELIMO
o perigo potencial era agravado pela inexperiência dos seus chefes em trabalho de conjunto. Muitos
dos seus membros também tinham falta de noção da política moderna. Por outro lado, o problema de
manter a unidade era facilitado pelo facto de não haver
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outros partidos. Depois da união de 1962, o nosso problema não era juntar grupos rivais importantes,
mas evitar o apare- cimento de facções internas. A natureza heterogénea dos membros trazia
vantagens e inconvenientes. Vínhamos de todo o território de Moçambique e de todos os modos de
vida: línguas e grupos étnicos diferentes, raças, religiões, antecedentes sociais e políticos diferentes.
Eram ilimitadas as ocasiões de possível conflito e achámos que devíamos fazer um esforço consciente
para preservar a unidade. O primeiro passo era a educação. Desde o princípio fomos dando educação
para combater o tribalismo, o racismo e a intolerância religiosa. Manteve-se por conveniência o português
como língua oficial, visto que nenhuma língua africana tem em Moçambique a predominância que,por exemplo,
tem o Swahili na Tanzânia. O trabalho, porém, é também feito noutras línguas, e o facto de pessoas
de várias línguas trabalharem juntas constantemente incita à aprendizagem destas. Desde o princípio,
as unidades militares eram sempre de composição muito misturada, e a experiência do trabalho em conjunto
com pessoas doutras tribos fez muito para diminuir atritos tribais. A FRELIMO é um corpo secular;
dentro dela todas as reli- giões são toleradas, e uma grande variedade é praticada. Mesmo assim,
pouco tempo depois da formação da FRELIMO, houve tendências individuais para reclamar a repre- sentatividade
de Moçambique e para formar grupelhos. Este facto parecia principalmente devido à conjugação de certas
ambições pessoais com as manobras dos Portugueses e outros interesses ameaçados pelo movimento de
libertação. Logo ao princípio apareceu o COSERU (Comité Secreto de Restauração da UDENAMO) e deu
lugar a uma nova UDENAMO que, por sua vez, se dividiu em Nova UDENAMO - Accra e Nova UDENAMO-Cairo;
ambas desapareceram já. Depois surgiu uma nova UNAMI (já desaparecida), uma nova MANU e mais variações
sobre o tema. As pessoas que formavam estas diferentes organizações eram muitas vezes as mesmas. Então,
em 1964, formou-se um grupo chamado MORECO
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(Mozambican Revolutionary Council), que, mais tarde, mudou para COREMO e, quase imediatamente, sofreu
mais modifica- ções quando os vários dirigentes se expulsaram uns aos outros. Há agora um ramo
da COREMO em Lusaka e outro no Cairo, Que parecem separados por diferenças ideológicas. A COREMO-
-Lusaka dividiu-se outra vez, do que resultou a formação de ainda mais um grupo chamado União Nacional
Africana da Rombézia. O programa da UNAR tenta enfraquecer o trabalho da FRELIMO na área entre
os dois principais rios do Norte de Moçambique, o Zambeze e o Rovuma. Na mais caridosa estimativa,
os chefes do grupo devem ser ingénuos para tomar a sério os boatos, assoprados pelos Portugueses,
de que estariam prontos a ceder o terço norte do país ao Malawi se, por meio dessa manobra, eles
tivessem assegurado o controle perpétuo de dois terços de Moçambique para sul do Zambeze. É impor-
tante notar que o quartel-general da UNAR é em Blantyre, e que os chefes têm a protecção e cooperação
dalgumas figuras influentes do Partido do Congresso do Malawi. A COREMO-Lusaka é o único desses
grupos que tentou alguma acção em Moçambique: em 1965, simpatizantes da COREMO iniciaram uma
acção militar em Tete, mas foram imediatamente esmagados. Parecia não ter havido trabalho de base
no qual se pudesse apoiar essa acção; como resultado da vaga de repressão que se seguiu, cerca de
6000 pessoas fugiram para a Zâmbia e o Governo da Zâmbia supôs ao princípio que, visto a acção
ter sido instigada pela COREMO, estes refugiados eram partidários da COREMO. Depois de os inter- rogar,
porém, descobriu-se que nunca tinham ouvido falar na COREMO e que aqueles que estavam ligados a algum
partido eram membros da FRELIMO. Felizmente, nenhum destes movimentos era suficiente- mente
sério para interferir no trabalho interno de Moçambique, visto que muitos deles dispunham apenas de
um centro e de um pequeno grupo de partidários exilados. Todavia, nesse tempo, quando a FRELIMO
tinha somente um bom punhado de oficiais para mostrar ao mundo, havia o perigo de que esses grupos
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