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Consolidação
É claro que nós portugueses estamos de sobreaviso
e não será possível aos agentes [...] repetir em Moçambique as vis proezas dos agentes em Angola.
O homem avisado redobra as suas defesas
Diário da Manhã, de 12 de Setembro de 1964.
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Depois de Setembro de 1962, tínhamos um partido único e a estrutura duma política, mas estávamos
ainda muito longe de ter uma luta nacional de libertação eficaz. Foram precisos dois anos de trabalho
duro, planeamento e aprendizagem com os nossos fracassos e erros, para que estivéssemos aptos a arrancar
confiantemente pelo caminho activo, rumo à liber- tação. No primeiro Congresso da FRELIMO
ficaram definidos os fins do partido:
"O Congresso da FRELIMO:
Tendo examinado
as necessidades actuais da luta contra o colonialismo português em Moçambique - declara ser sua
firme decisão promover a organização eficiente da luta do povo moçambicano pela libertação nacional,
e adopta as se- guintes resoluções, a pôr imediatamente em prática pelo Comité Central da Frelimo:
1. Desenvolver e consolidar a estrutura organizacional da FRELIMO; 2. Promover maior
unidade entre os Moçambicanos;
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3. Levar ao máximo a utilização das energias e capacidades de cada um e de todos os membros da
FRELIMO; 4. Promover e acelerar a formação de quadros; 5. Empregar directamente todos os esforços
para promover o rápido acesso de Moçambique à independência; 6. Promover por todos os métodos
o desenvolvimento social e cultural da mulher moçambicana; 7. Promover imediatamente a alfabetização
do povo moçam- bicano, criando escolas onde quer que seja possível; 8. Tomar as necessárias
medidas com vista a satisfazer as necessidades dos órgãos dos diferentes níveis da FRELIMO;
9. Estimular e apoiar a formação e consolidação de sindicatos e de organizações de estudantes,
juventude e mulheres; 10. Cooperar com as organizações nacionalistas das outras colónias portuguesas;
11. Cooperar com organizações nacionalistas africanas; 12. Cooperar com os movimentos nacionalistas
de todos os países; 13. Obter fundos das organizações que simpatizam com a causa do
povo de Moçambique, lançando apelos públicos; 14. Diligenciar obter todos os requisitos para a autodefesa
e resistência do povo moçambicano; 15. Organizar propaganda permanente por todos os métodos
a fim de mobilizar a opinião pública mundial a favor da causa do povo de Moçambique; 16.
Enviar delegações a todos os países a fim de empreender campanhas e manifestações públicas de
protesto contra as atrocidades cometidas pela administração colonial portu- guesa, assim
como exercer pressões para imediata liber- tação de todos os nacionalistas que estão nas prisões
colonialistas portuguesas; 17. Procurar auxílio diplomático, moral e material para a causa
do povo moçambicano, junto dos Estados africanos e de todas as pessoas amigas da paz e da liberdade."
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Estes fins podiam ser resumidos em: consolidação e mobi- lização; preparação para a guerra; educação;
diplomacia.
Necessidade duma luta armada
Embora decididos a fazer tudo o que estivesse
ao nosso alcance para tentar obter a independência por meios pacíficos, estávamos já nessa altura
convencidos de que uma guerra seria necessária. Pessoas mais familiarizadas com as políticas doutras
potências coloniais acusaram-nos de recorrer à vio- lência sem justa causa. Isto é parcialmente refutado
pelo fracasso sofrido por todo o tipo de actividade legal, democrática e reformista, tentada durante
os quarenta anos precedentes. O próprio carácter do Governo de Portugal torna impro- vável
uma solução pacífica. Em Portugal o Governo não pro- moveu nem sólido crescimento económico nem bem-estar
social e alcançou pouco respeito internacional. O facto de possuir colónias ajudou a esconder estes
fracassos; as colónias contri- buem para a economia; aumentam a importância de Portugal no Mundo,
particularmente no mundo da finança; criaram um mito nacional de império que contribui para neutralizar
o descontentamento duma população fundamentalmente insa- tisfeita. O Governo sabe que só com grave
transtorno pode perder as colónias. Por razões similares não pode liberalizar o seu controle das
mesmas: as colónias contribuem para a economia nacional só porque a mão-de-obra é explorada e os
recursos não são reinvestidos no desenvolvimento local; as colónias atenuam o descontentamento da
população portu- guesa só porque a imigração oferece aos pobres e ignorantes uma posição de especial
privilégio. Além do mais, visto que o governo fascista eliminou a democracia no interior de Portugal,
não pode dar maior liberdade aos povos supostamente mais atrasados das suas colónias. Apesar
disto, foram feitas tentativas para usar a persuasão, estimuladas pela aceitação geral do princípio
dá autodetermi- nação. Mas esses esforços nunca foram recompensados por
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