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DOCUMENTOS DO IMPÉRIO


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EDUARDO MONDLANE

1968


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assim indirectamente para o Governo, na medida em que pro-
porcionam custos de produção muito baixos; o último destína-se
a produzir rendimento e divisas estrangeiras directamente para
o Governo.

Indústria e recursos mineiros

   Antes  da chegada dos Portugueses à África oriental,
eram exportados ouro e prata da área agora ocupada por Mo-
çambique  e pela Rodésia do Sul. Os primeiros aventureiros
portugueses sonhavam encontrar grandes filões desses pre-
ciosos metais no interior, mas as suas esperanças foram goradas.
Até meados deste século, a prospecção revelou pouco do valor
possivelmente existente, e a colónia recusou dar mais do que
modestos lucros provenientes da exploração agrícola. Todavia,
recentemente, a situação alterou-se pela descoberta de vários
jazigos minerais importantes, incluindo carvão, bauxite, amianto,
tântalo e nióbio, pequenas quantidades de ouro e cobre e
reservas de petróleo e gás natural.
   A compreensão de que poderiam existir recursos mineiros
importantes em Moçambique teve início ao mesmo tempo que
o Governo Português se viu forçado a alargar as restrições
ao investimento estrangeiro nas "províncias ultramarinas".
Estes dois factores combinados incitaram uma afluência maciça
de capital estrangeiro a Moçambique desde os princípios dos
anos sessenta.
   Esta volumosa participação de capital estrangeiro não é,
de modo nenhum, um fenómeno novo, visto que mesmo as
primeiras "três grandes" companhias concessionárias eram lar-
gamente financiadas do exterior. A diferença está no novo tipo
de investimento e suas origens. Os primeiros investimentos
eram limitados principalmente a esquemas agrários, e a primeira
fonte de capital era a Grã-Bretanha. A Sena Sugar Estafes é
uma das mais importantes companhias dessa fase de investi-
mentos. É de capital britânico majoritário, e é a maior produtora
de açúcar de todas as colónias portuguesas: entre 1965 e 1966
representou 70% da produção total; emprega 25 000 africanos
e em 1967 apresentou lucros de £ l 400 000 antes da dedução
de impostos.
   Por outro lado, a nova fase de investimentos foi dominada
pela África do Sul e pelos Estados Unidos, embora também
fossem importantes os da Grã-Bretanha, Franca e Japão, bem
como de países europeus ocidentais menores, tais como a
Bélgica, a Suécia e a Suíça, que também contribuíram.
    A extracção de minério e pequenas  industrias de proces-
samento  e manufactura  adquiriram predominância sobre a
produção  agrícola. A prospecção  de petróleo tomou lugar
proeminente: a Gulf Oil,  propriedade americana, iniciou a
prospecção em  1953 e recebeu direitos de concessão em 1958,
varias vezes prorrogados. A companhia fez várias perfurações
bem sucedidas no Sul de Moçambique, incluindo a descoberta
de gás natural em Pande, mas a extensão da reserva é ainda
matéria de especulação. Outra companhia americana que tem
estado a realizar prospecções durante vários anos é a Pan
American International Oil Corporation. Em 1967, ambas as
companhias receberam novas concessões. A Gulf fez nova
perfuração para gás natural, perto do rio Buzi, a cerca de 30
milhas  do jazigo de Pande.  Os jazigos de gás natural nesta
região são actualmente avaliados em 3000 milhões de metros
cúbicos.
   Também em 1967 foram concedidos direitos de prospecção
a três novas companhias americanas - Sunray Mozambique
Oil Company,  Clark Mozambique Oil Company  e Skelly
Mozambique Oil Company-   e a um grupo de companhias
sul-africanas e francesas. A concessão é feita por três anos,
durante os quais o investimento mínimo deve ser de 11 milhões
de escudos no primeiro ano, 35 milhões no segundo e 56 milhões
no terceiro. As companhias pagarão 3 milhões de escudos pelo
arrendamento da superfície durante os primeiros três anos,
e quando renovarem a concessão pagarão 200$00 por quiló-
metro quadrado.
    O grupo francês e sul-africano consiste na Anglo-American
Corporation of South Africa, Société Natíonale des Pétroles
d'Aquitaine e Entreprises de Recherche et d'Actívités Pétro-
lières. Esta concessão cobre uma área total de 14000 milhas
quadradas, incluindo uma região ao largo da costa. O investi-
mento durante os primeiros três anos está estipulado em 140
milhões de escudos.
   Nos últimos dois anos, a descoberta de jazigos minerais
também atraiu fundos estrangeiros. Em 1967, um grande jazigo
de minério de ferro de alto grau foi descoberto perto de Porto
Amélia, e os direitos de concessão foram dados ao grupo japonês
Sumitomo, que investirá 50 milhões de dólares americanos
no projecto, e tem planeada uma ligação ferroviária com Nacala.
O minério  tem  60%  de ferro, e as reservas estão avaliadas
em  360 milhões de toneladas. A produção prevista para o
primeiro ano é de 5 milhões de toneladas. Para o processamento
parcial deste minério, dois fornos de alta tensão estão a ser
construídos na Beira, em conjunto pela Sociedade Algodoeira
de Fomento e pela Companhia Sher da Rodésia.
   Outras  recentes descobertas incluem um jazigo de tantalite
no distrito de Moçambique;  jazigos de minério de cobre,
azurite e malaquite perto de Nacala; ouro, perto de Vila Manica;
e um  novo  veio de diamantes em Catuane, na fronteira da
África do Sul.
   No campo da manufactura, os investimentos têm sido
orientados principalmente para fábricas de processamento de
produtos agrícolas e de montagem de artigos manufacturados
de importação. São exemplos típicos a refinaria de açúcar sul-
-africana a ser construída perto da Beira, a fábrica de processa-
mento de leite Nestlé em Lourenço Marques e a fábrica de
pneus  American  Firestone, na Beira. Planos mais  recentes
incluem o processamento de bauxite, a fábrica de amoníaco
e adubos químicos. Quatro companhias - a firma sul-africana
Frazer Chalmers; as firmas francesas Sodeix e Socaltra; a firma
portuguesa Sociedade Química Geral de Moçambique - fazem
parte dum projecto de construção duma fabrica de adubos

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