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DOCUMENTOS DO IMPÉRIO


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EDUARDO MONDLANE

1968


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   satisfizer o bem-estar e o progresso civil e religioso de
   todos.

4. Todos  os movimentos que empregam a força (terroristas)
   são contra a lei natural, porque a independência, admitin-
   do-se como boa, deve ser obtida por meios pacíficos.

5. Quando  o movimento é terrorista, o clero tem obrigação,
   em consciência, não só de abster-se de tomar parte nele,
   mas também  de se opor a ele. Esta (obrigação) deriva da
   natureza da sua missão (como dirigente religioso).

6. Mesmo quando o movimento é pacífico, o clero deve abs-
   ter-se, a fim de manter a influência espiritual sobre todo o
   povo. O  Superior da Igreja pode impor essa abstenção;
   ele impõe-na agora para Lourenço Marques.

7. O  povo nativo da África tem obrigação de agradecer aos
    colonizadores todos os benefícios que deles recebem.

8.  Os mais educados têm o dever de guiar aqueles que têm
    menos educação contra todas as ilusões de independência.

9.  Os actuais movimentos de independência têm, quase todos,
    o sinal da revolta e do comunismo; não têm razão alguma;
    não devemos, portanto, apoiar esses movimentos. A dou-
    trina da Santa Sé é bem clara quanto ao comunismo ateu
    e revolucionário. A grande revolução é a do Evangelho.

10.  A  palavra de ordem "África para os Africanos" é uma
    monstruosidade filosófica e um desafio à civilização cristã,
    porque os acontecimentos de hoje dizem-nos que o comu-
    nismo  e o islamismo querem  impor a  sua civilização
    sobre os Africanos."

   É  evidente que não é por acaso que a Igreja adopta este
ponto de vista, e que a educação do africano é confiada à Igreja;
é ainda mais um sinal de que a finalidade da educação portu-
guesa dos africanos é a submissão, não o desenvolvimento.
Em  teoria, o fim da educação é ajudar o africano a "civilizar-se"
e torná-lo um  "português". Isto, em si, é um ponto de vista
etnocêntrico estreito, mas ao menos   ofereceria aos africanos
a oportunidade de se desenvolverem, mesmo que não fosse
na direcção mais desejável. Na prática, contudo, nada disto é
levado a cabo. O sistema é organizado de modo a tornar quase
impossível a um africano obter educação que o qualifique para
mais alguma coisa do que o trabalho insignificante. Todo o
sistema do ensino africano é delineado para produzir não cidadãos
mas servos de Portugal.

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