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Ao promover estes objectivos políticos, o Governo Por- tuguês decretou que uma só língua, o português,
fosse ensinada nas escolas sob a sua jurisdição em África. As línguas africanas são utilizadas
principalmente como meio de facilitar o ensino do português, mas mesmo isto é raro. Quaisquer que
sejam os projectos a longo prazo para atingir este fim, o resultado foi entretanto o aparecimento
de uma classe pouco numerosa, que olha com desprezo para a sua própria língua e cultura tra- tradicional,
mas não é suficientemente instruída para falar e escrever português eficientemente. Partindo
do princípio de que a unidade política se baseia na unidade moral, os Portugueses deram grande importância
à religião na educação dos africanos. A Constituição Portuguesa especifica uma preferência pelo
catolicismo entre as confissões religiosas; 98 por cento do povo de Portugal metropolitano são
compostos de católicos romanos, e a lei e a prática portuguesa dos últimos anos restauraram largamente
a união Igreja-Estado existente antes da República*. Na presunção de que o estabelecimento
dum elo espiritual entre a mãe-pátria e os seus territórios ultramarinos é vital para o estabelecimento
da desejada coerência política, o regime de Salazar encorajou a difusão do catolicismo em África
e * Depois da queda da monarquia em 1910, Portugal foi oficialmente secularizado,.mas
a separacão da Igreja e do Estado nunca foi totalmente realizada. Cerca de 1919, foram restituídos
a Igreja os subsídios para estabelecimentos de ensino. Em 1926, quando o regime de Salazar tomou conta
do Poder, depois de uma década de violência e instabilidade, o papel especial da Igreja na civi-
lização da África foi oficialmente** reconhecido. Pelo Acto Colonial de 1930, as missões católicas
foram colocadas em situaçlo privilegiada entre os grupos religiosos, com fundamento no princípio de
o catolicismo representar a religião nacional e ser, portanto, "instrumento" lógico da civilizacão
e influência nacionaL O Acordo Missionário de 1940 e o seu suplemento, o Estatuto Missionário de
1941, restauraram o pagamento de compensação por toda a propriedade confiscada pelos regimes anteriores
e salientaram o caracter nacional das missões católicas. Um decreto de 1941 proibiu a atribuição de
subsídios a outras missões que não fossem portuguesas e católicas.
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endossou a educação elementar dos africanos a escolas missio- nárias católicas subsidiadas pelo Governo.
Sistemas de ensino
Há duas categorias no sistema escolar dos territórios portugueses:
1) as escolas das missões católicas romanas, cuja principal função é ministrar aos africanos a instrução
primária; 2) o sistema escolar oficial, mais sofisticado, destinado aos brancos, asiáticos e assimilados.
As escolas para africanos estão organizadas do seguinte modo:
Ensino rudimentar
(chamado ensino de adaptação depois de 1956, ou ensino missionário) - Segundo a Lei n.° 238,
de 15 de Maio de 1930, e a Concordata de 1940, a finalidade desta educa- ção "rudimentar" é "conduzir
gradualmente o indígena duma vida de selvajaria a uma vida civilizada". Este programa é da inteira
responsabilidade das missões católicas, embora algumas missões protestantes tenham autorização para
também dirigir algumas escolas. Os anos deste ensino são chamados: iniciação (jardim- -de-infância),
1.ª classe (1.° grau) e 2.ª classe (2.° grau). Ensino primário - Este programa destina-se
aos alunos que passaram o ensino de adaptação. Compreende a 3.ª classe, 4.ª classe e admissão
(preparação para admissão ao liceu). As escolas para europeus, assimilados e outros são organi-
zadas do seguinte modo: Ensino primário, programa de cinco classes (desde 1952, em que foi
acrescentada a 5.ª classe), das quais a última é obri- gatória para entrada no liceu. Ensino
liceal, que inclui o 1.º ciclo (dois anos), o 2.º ciclo (três anos) e o 3.º ciclo (dois anos).
O 3.° ciclo destina-se àqueles que se preparam para entrar numa Universidade Portuguesa. Até
1940, todos os programas para africanos eram planea- dos pelo Departamento de Educação e Instrução
no território; os exames eram feitos pelo Estado, e os diplomas eram dados unicamente pelo director
da Educação. De 1940 a 1960, a
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Igreja Católica encarregou-se de elaborar os programas, e os exames e diplomas eram da sua responsabilidade.
A elaboração de programas está agora confiada ao Minis- tério da Educação em Lisboa, dentro da
linha de reorganização das colónias africanas em provindas ultramarinas portuguesas, e os inspectores
da repartição territorial do director de Ins- trução Pública fazem visitas periódicas às escolas
das missões. Está, contudo, implicitamente entendido que nenhum inspec- tor do Governo pode visitar
uma escola católica sem a licença e cooperação das autoridades religiosas. A Secretaria do Arce- bispo
de Lourenço Marques é o centro da autoridade educa- cional de Moçambique, assim como o de Angola
dirige as escolas de Angola e S. Tomé. Em todas as escolas para africa- nos em Angola, Moçambique
e Guiné Portuguesa há unifor- midade de programas, exceptuando algumas variações locais. Praticamente,
as três fases de instrução - rudimentar, primária e secundária- estão organizadas de modo a apre-
sentar uma série de barreiras à criança africana que procura educação superior. O programa
do ensino de adaptação, equivalente ao jardim- de-ínfância e aos dois primeiros graus na maior
parte dos outros territórios africanos, é designado, em teoria, para iniciar as crianças africanas
na língua portuguesa e nos rudimentos de leitura, escrita e aritmética, trazendo-as ao nível da criança
portuguesa, no começo da escola primária. Todavia, em muitas regiões, os filhos de mulatos e asiáticos
foram obrigados a pas- sar pelos três anos de ensino rudimentar, embora tivessem sido criados num
meio de língua portuguesa, e podiam ter começado a escola primária ao mesmo nível que as crianças
portuguesas; enquanto que, em outras zonas, os filhos de asiáticos ou de pais não europeus, que
não nasceram num meio familiar de língua portuguesa, são autorizados a entrar logo na escola primária
oficial. Sendo o ensino, desde o princípio, feito em português, muitas crianças africanas são incapazes
de passar os exames de adaptação (que normalmente são feitos após três anos de instrução), antes
de atingirem 12 a 14 anos de idade. Sendo
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