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podiam dar o diploma final. (Há 3 escolas secundárias ele- mentares.) Estas três escolas oficiais
estavam a preparar 2250 alunos, enquanto que as três principais escolas secundárias particulares
tinham 800 alunos. Da totalidade, só 6% eram africanos negros. Em 1960, na maior escola secundária
oficial de Moçambique (Liceu Salazar, em Lourenço Marques) havia só 30 estudantes africanos, num
total de 1000 alunos. A Igreja Católica Romana, que tem o privilégio da responsabilidade de educar
o povo nativo, não tem uma única escola secundária para africanos. Algumas das missões protestantes,
às quais poucas facilidades são concedidas para trabalhar em Moçam- bique, subsidiam e administram
lares para alguns dos raros estudantes africanos que frequentam escolas secundárias na cidade
de Lourenço Marques. Há também bastantes escolas secundárias particulares e muitas escolas técnicas,
mas com pequeno número de estudantes africanos, em virtude do preço das propinas. Uma moça que
conseguiu entrar numa escola técnica secundária descreve as suas experiências:
Josina Muthemba
(província de Gaza):
"Meus pais fizeram grandes sacrifícios para me mandarem para a escola.
Andei na escola comercial durante cinco anos. Meus pais tinham que poupar na alimentação e no vestuário.
Na escola primária havia somente cerca de vinte de nós, afri- canos, para cerca de cem portugueses.
Na escola comercial havia cerca de cinquenta africanos para várias centenas de portugueses."
A situação de Josina era muito mais feliz que a da maioria dos africanos, pois o pai ganhava
excepcionalmente bem para um africano - 3000 escudos -, e, no entanto, mesmo assim, tinham o dinheiro
à justa para as propinas. Era evidente que o Estado não animava aqueles que não tinham posses:
"Dos cinquenta africanos na escola comercial, nem vinte tinham bolsas, enquanto que pelo menos
metade dos portu- gueses as tinham, embora as suas famílias tivessem mais posses do que as nossas."
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O Governo fundou também Estudos Gerais Universi- tários em Lourençp Marques, mas, segundo informações
con- cretas, dos 280 estudantes matriculados em 1962, os africanos não chegavam a uma dúzia. Há
alguns africanos que frequentam a Universidade em Portugal, e alguns tirando cursos profissionais
de grau mais elevado em escolas técnicas em Portugal. Mas o seu número é insignificante comparado
com o de moçambi- canos brancos e asiáticos nos mesmos cursos. Todos os anos, estudantes portugueses
brancos atravessam as fronteiras para a África do Sul e a Rodésia a fim de fazerem os seus estudos.
Claro que isto não é permitido aos africanos, embora alguns o consigam e se matriculem clandestinamente
como estudantes nativos locais*. Desde 1963 tem havido considerável expansão no número de escolas,
o que se deve em parte à política de colonatos e ao consequente aumento da população branca, mas também
à guerra e ao esforço do Governo Português para conseguir algum apoio africano. O Boletim Geral
do Ultramar dá os se- guintes números para 1965-1966:
Escolas Professores Alunos Primária 1305
2912 92 002 Secundária académica 46 530 9
028 Secundária técnica 41 734 12 273
Estes
valores abrangem grande número de instituições particulares e religiosas não incluídas nos números
de 1963; os números de escolas secundárias abrangem também formação de professores, cursos de enfermagem,
etc. Os totais de edu- candos em escolas secundárias do Estado aumentaram mode- radamente nos últimos
quatro anos. Infelizmente não há infor- mação quanto à proporção de estudantes africanos nos vários
níveis; mas estudantes fugidos recentemente de Moçambique relatam que as proporções foram pouco afectadas
pela expansão,
* Foi assim que o autor conseguiu fazer a sua instrução secundaria e parte
da sua educação superior na Átrica do Sul, até que os Governos Português e Sul-Africano o descobriram
e o expulsaram da África do Sul e da Universidade.
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excepto que agora há consíderavelmente maior número de afri- canos nos institutos técnicos. Para
a criança africana das zonas rurais, são ainda longínquas as possibilidades de chegar sequer à
escola primária. Além da mera falta de escolas e lugares, há vários factores que impedem
mais crianças africanas de chegar à escola. Há o limite máximo de idade, conforme já foi dito. E há
a falta de meios pecuniários. Mesmo nas escolas rudimentares são pagas propinas, e, embora estas
sejam inferiores a 588$00 por ano, isso é mais do que um camponês ou um trabalhador de plantação pode
pagar, visto que o seu salário anual, descontando impostos, não atinge 1470$OO, e pode mesmo ser inferior
a 588$00. Mesmo um homem um pouco mais qualificado, um motorista ou em- pregado de carteira,
não ganha muito mais do que 2940$OO por ano, deduzindo impostos. Mais acima na escala académica,
as escolas tornam-se pro- gressivamente mais caras, enquanto as despesas suplementares também aumentam.
No ensino rudimentar, os pais têm de com- prar apenas roupas; mas mais tarde terão de comprar material
escolar, pagar transportes e possivelmente alojamento. Ao nível de instrução secundária, o transporte
e alojamento põem problemas sérios; a maioria dos africanos vivem nas zonas rurais, enquanto todas
as escolas secundárias estão situadas nas cidades - das três escolas secundárias superiores, duas
são em Lourenço Marques, uma na Beira - e não prevêem alojamento para os filhos de famílias pobres.
Finalmente, a qualidade de educação elementar dada aos africanos, como já foi dito, não é suficiente,
nem dá os cursos adequados para o grau de ensino seguinte. As autoridades mostram pouco interesse
em melhorar estas condições. Em 1950, só 1,3% do orçamento total foram atribuídos à educação, e
em 1962 este número tinha aumentado só para 4%. Em 1961, a soma total atribuída às missões para educação
de africanos era de 30870000$00, enquanto a popula- ção africana era colectada em 176400000$00 anuais.
Quando visitei Moçambique em 1961, falei com dois dos mais altos
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