A ARTE RUPESTRE - OS AMURALHADOS em MOÇAMBIQUE
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Pinturas rupestres de Zangaia, na região do Posto de Chiuta, Distrito de Tete
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A riqueza do património pictural rupestre de Moçambique está na quantidade de pinturas que se encontram
no seu território, e na variedade e qualidade das mesmas. Nenhuma se repete nas suas expressões representativas,
nem nos temas que serviram à sua inspiração.
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Da observação colhe-se a imagem de um animal de grandes proporções, sobreposto a duas pinturas:
de um bovídeo e de um abrigo, dentro do qual se encontra uma figura humana.
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Bovídeos e abrigos dentro dos quais surgem figuras humanas, a par de numerosos traçados de linhas
horizontais e verticais.
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Duas picadas conduzem-nos de Chiuta ao local das pinturas rupestres, denominado Zangaia,
que é nome de regedoria, situada a Sudeste daquela povoação. É da segunda picada que se avista, a
cerca de um quilómetro de distância, o Monte Kaláire, "ilha" de rocha, na base da qual existem as pinturas.
Percorremos, em dez minutos, através de terreno acidentado, aquela distância, conduzidos pelo guia
e na companhia do Administrador de Chiuta. O rochedo tem altura superior a quinze metros, forma cilíndrica,
terminando em cima e em baixo por duas calotes esféricas. As pinturas acham-se localizadas em duas
regiões do rochedo, cuja base, por ter aquela forma, é circular, com um diâmetro superior a cem metros.
As pinturas do lado Oeste encontram-se bastante sumidas, sendo difícil o seu exame para uma elucidativa
interpretação. Mas as do lado Leste, distando das anteriores pouco mais de quinze metros, apresentam-se
nítidas e suscitam maior interesse. Estão pintadas a cor de ocre, situando-se as primeiras num painel
quadrado, com cerca de um metro e trinta de lado.
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Aspecto parcial ampliado da Fig. 2, que permite melhor distinguir a representação dos dois abrigos,
contendo, cada, uma figura humana.
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Neste painel encontram-se várias imagens, a primeira das quais colocada superiormente e em
toda a sua largura, representa, possivelmente, um animal pré-histórico, difícil de identificar, coberto
por uma rede de traços, sem deixar de, precisamente, limitar os contornos da cauda e da boca. Ao centro
do mesmo painel e inferiormente há figuras humanas do sexo masculino (o sexo é patenteado), envolvidas
por linhas paralelas em arcos de ogiva, representando abrigos, possivelmente palhotas. Com esta interpretação
encontramos seis destes abrigos (ver Figs. 2 e 3). Na Fig. 2 vêem-se quatro bovídeos, três em disposição
vertical e mais um isolado à direita. Além destes, ainda há mais um que se destaca do conjunto. Procurando
completar a descrição, descobrimos à esquerda, relativamente à posição ocupada pelo animal pré-histórico
(Fig. 1) dois outros de formas e proporções estranhas, colocados superiormente e com mais do triplo de
dimensões, junto dos quais há a mesma representação de possíveis palhotas, abrigando cada uma delas um
homem. Além das pinturas descritas, há numerosos traços verticais, horizontais e paralelos, como que
formando uma rede, destinada a preencher os espaços vazios. Há duas linhas horizontais de dezoito
centímetros cada, caracterizadas por possuírem na extremidade esquerda (Fig. 2, canto superior esquerdo),
traços verticais paralelos que lembram dentes de um pente. No grupo de pinturas do lado Oeste, a dispersão
destas é grande, verificando-se a existência de manchas da cor de ocre e de numerosos traços imprecisos.
A superfície que estas pinturas ocupam é superior a seis metros quadrados. Talvez que convenientemente
humedecidas fiquem mais nítidas e em melhores condições de serem fotografadas.
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NOTA: - Click nas figuras para as ver ampliadas. Com o "back" do browser regresse a esta página.
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