A ARTE RUPESTRE - OS AMURALHADOS
em MOÇAMBIQUE




A ARTE RUPESTRE



Um sucinto depoimento de José Redinha



As pinturas rupestres de Malembué, pela forma particular de representação dos animais e dos homens, pela distribuição dos elementos que as compõem e também pelos pormenores de atitude, traduzem o estilo das pinturas dos bantos. Verifica-se a analogia das pinturas deste povo em Moçambique e Angola.
Parece, inclusive, de evidente gosto banto, o facto do quadro ser pintado com matéria branca. Também é nota comum aos bantos a abstracção duma relação de conjunto entre as figuras que se apresentam, por vezes, muito numerosas, mas sem dependência nem comunicação entre si, quanto aos significados. Pertence também à pictografia deste povo a sobreposição vertical no mesmo plano, como se observa, por exemplo, na Fig. 12, evitando, cuidadosamente, a ocultação de qualquer pormenor anatómico externo, que tem para ele o significado de mutilação. Também a cabeça de frecha, representada na Fig. 10, é típica dos industriais do ferro africano, de que os bantos, na opinião de muitos arqueólogos e historiadores, foram os grandes iniciadores. Diferentemente da figuração humana dos bosquímanos, se nota, na Fig. 11, a particularidade das imagens humanas se mostrarem de frente, revelando a nata tendência de frontalidade da arte banto. O mesmo se não observa na figuração de animais. O referido princípio de antipatia às ocultações de qualquer pormenor anatómico externo ou amontoamento de perspectivas, não é seguido na sua representação pictural, por eles possuírem quatro patas. Como é obvio, o facto não permite representá-los em posição frontal.



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