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7 _______________
A guerra
A missão de boje camarada
é, cavar o solo
básico da Revolução e fazer crescer um povo forte com uma P.M., uma bazuca, uma 12.7...
Do poema "(Apontar uma moral a um camarada" de Marcelino dos Santos.
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A luta armada foi lançada a 25 de Setembro de 1964. O exército português esperava um ataque,
mas tinha subes- timado a nossa capacidade, bem como os nossos objectivos. Supunham eles que a
nossa estratégia seria baseada em contínuas flagelações das forças portuguesas na fronteira, a fim
de pres- sionar as autoridades portuguesas no sentido de se alcançar um acordo. Por outras palavras,
a FRELIMO, protegida pelo "Santuário" da Tanzânia, contentar-se-ia com uma série de incursões de
bate e foge através da fronteira. Para se defender dessa acção, o exército português desdobrou uma
larga força ao longo da margem do Rovuma e evacuou as populações que viviam nas fronteiras.
Porém a FRELIMO tinha-se preparado não para uma acção de flagelações, mas para uma guerra do povo
contra as forças armadas portuguesas, guerra que a seu tempo levaria à derrota ou rendição dos
Portugueses. Esta subestimação das nossas intenções era certamente benéfica para nós nas primeiras
fases da guerra. O Comité Central tinha dado instruções às forças da
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FRELIMO para montar operações simultâneas em vários pontos do país, todas no interior. Não iam "invadir"
o país, como os Portugueses esperavam, mas já lá estavam dentro, fazendo reconhecimentos das posições
portuguesas e ganhando novos recrutas. Em 25 de Setembro a FRELIMO lançou um grande número
de acções de ataque a postos militares e administrativos na província de Cabo Delgado. Em Novembro
já a luta se estendia às províncias do Niassa, Zambézia e Tete, forçando os Portugueses a dispersar
os soldados e impedindo-os de realizar um contra-ataque eficaz. Confrontado com acções de combate
em quatro províncias ao mesmo tempo, o exército português não estava à altura de preparar expedições
ofensivas sem deixar outras posições vitais a descoberto. O resultado foi que a FRELIMO conseguiu
consolidar as suas posições estratégicas no Niassa e em Cabo Delgado, que tinham sido os objectivos
desta primeira fase da guerra. As unidades que ope- ravam na Zambézia e em Tete foram então retiradas
e proviso- riamente reagrupadas no Niassa e em Cabo Delgado, para reforçar a capacidade ofensiva
da FRELIMO e assegurar que os avanços feitos nestas províncias fossem mantidos e que fosse estabelecida
no interior uma base firme de acção militar e política. Os Portugueses, por outro lado, não podiam
retirar as suas tropas de Tete e da Zambézia, visto que assim correriam o risco de encontrar nova
ofensiva nestas áreas. Deste modo o inimigo era obrigado a manter grandes forças imobilizadas, enquanto
que todas as forças da FRELIMO estavam aptas para a acção. O sucesso destas primeiras operações
abriu-nos o caminho para intensificar o recrutamento e aperfeiçoar a nossa organi- zação. Em 25
de Setembro de 1964, a FRELIMO tinha só 250 homens treinados e equipados, que operavam em pequenas
unidades de 10 a 15 homens cada uma. Pelos meados de 1965, já as forcas da FRELIMO operavam com unidades
a nível de companhia, e em 1966 as companhias foram organizadas em batalhões. Em 1967 o exército
da FRELIMO tinha atingido
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efectivos de 8000 homens treinados e equipados, sem contar as milícias populares ou os recrutas treinados
mas ainda não armados. Por outras palavras, a FRELIMO aumentou os seus efectivos de combate trinta
e duas vezes, em três anos. Pelo lado português, os constantes aumentos dos efectivos do exército
e do orçamento militar são a prova do impacte já obtido pela guerra. Em 1964 havia cerca de 35 000
soldados portugueses em Moçambique; pelos fins de 1967 havia entre 65 000 e 70 000. Nos meados
de 1967, a Assembleia Nacional de Lisboa aprovou uma lei que baixava o limite de idade de inscri-
ção no Exército para 18 anos e aumentava o período de serviço militar para três anos, ou mesmo quatro,
em casos especiais. Nos princípios de 1968, foi anunciado que mesmo os que eram anteriormente
considerados inaptos para o serviço militar, como os surdos, mudos, coxos, seriam mobilizados para
serviços auxiliares, e que mesmo as mulheres também seriam admitidas a estes serviços. Em 1963,
o orçamento militar para Portugal e as colo- mas era de 193 milhões de dólares. Em 1967, só para a
defesa das colónias, o orçamento foi de 180 milhões, e em Abril de 1968 esta verba foi oficialmente
aumentada em 37 milhões, totali- zando 217 milhões de dólares para as guerras coloniais. Estes dados
são oficiais, fornecidos por Lisboa, e, visto que Portugal tem boas razões para rebaixar as suas verbas
militares por causa da opinião pública interna e mundial, não será precipi- tação supor que Portugal
esteja agora a gastar alguma coisa como l milhão, de libras por dia para "defender o povo das províncias
ultramarinas" contra... o povo das províncias ultra- marinas. Esta "escalada" da agressão portuguesa
corresponde a um aumento das perdas portuguesas. Comparem-se, por exemplo, as perdas sofridas por
eles nos primeiros dois meses, Janeiro e Fevereiro, dos anos de 1965, 1966 e 1967:
1965 1966 1967 Soldados mortos
258 360 626
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