ISLAM: O FENÔMENO MAL COMPREENDIDO  por Yusuf Islam (Cat Stevens)

O islam hoje é um fenômeno muito mal compreendido. Infelizmente, as pessoas estão olhando para os muçulmanos em função de alguns incidentes ocorridos no mundo atual, os quais são supostamente um reflexo do islam. Contudo, eles não são. Tais incidentes são reflexos de um mau comportamento de muçulmanos individualmente, o qual acaba sendo associado com toda comunidade islâmica.

É claro que existem muçulmanos que são bons elementos e de boas práticas, contudo normalmente estes não são notados. Usualmente a televisão e a mídia em geral apresenta apenas os elementos maus e sensacionalistas. A solução para isto é que as pessoas não olhem para o muçulmano, mas para o Islam.

Seria errado se alguém julgasse um carro como sendo ruim, dizendo "esta carro é ruim", apenas porque o motorista está bêbado e se acidentou com ele. Na realidade não tem nada a ser melhorado no carro. É preciso melhorar o motorista. Então você deve olhar para o carro e ver que tipo de carro ele é, para perceber que não existe nada de errado com ele, mas sim com o motorista.

O Islam é uma orientação para todos seres humanos em suas vidas diárias, em sua dimensão espiritual, mental e física. Mas é preciso encontrar a fonte desta orientação que está primeiramente no Alcorão e depois deste nos exemplos do profeta Muhammad (que a paz e a benção de Deus esteja com ele), o último profeta. Se chegarmos a estas duas origens, então podemos ver o islam ideal.

Em Nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso

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O QUE É O ISLAM?

O Islam não é uma religião nova. Ela é a mesma verdade que Deus revelou por meio de seus profetas para toda a humanidade. Para um quinto da população mundial, o Islam é uma religião e um sistema de vida completo. Os muçulmanos seguem uma religião de paz, misericórdia, perdão, e a maioria nada tem a ver com os eventos extremamente graves que ficaram associados com sua fé.

 

 

 

 

 

Surata al Fatiha - Surata da Abertura

Em Nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso

Louvado seja Deus, Senhor do Universo

O Clemente, O Misericordioso

Senhor do Dia do Juízo

Só a Ti adoramos, e só de Ti imploramos ajuda

Guia-nos à senda reta,

à senda dos que agraciastes,

não à dos abominados, e nem à dos extraviados

Esta surata de Abertura do Alcorão é primordial na oração islâmica. Ela contém a essência do Alcorão e é recitada em todas orações.

 

QUEM SÃO OS MUÇULMANOS?

Mais de um bilhão de pessoas de uma vasta classe de raças, nacionalidades e culturas através do globo, desde as Filipinas até a Nigéria estão unidas pela fé islâmica. Aproximadamente 18% vivem no mundo árabe; a maior comunidade islâmica do mundo é a Indonésia; partes substanciais da Ásia e da maior parte da África são muçulmanas, enquanto a minoria significativas são encontradas na União Soviética, China, América e na Europa.

 

EM QUE OS MUÇULMANOS CRÊEM?

Os muçulmanos crêem em um Único e Incomparável Deus; nos anjos criados por Ele; nos profetas pelos quais Suas revelações foram trazidas à humanidade; no dia do Juízo e na prestação individual de contas pelas ações praticadas; na autoridade total de Deus sobre o destino do homem e na vida após a morte. Os muçulmanos crêem na corrente dos profetas a partir de Adão, incluindo Noé, Abraão, Ismael, Isaac, Jacó, José, Jó, Moisés, Araão, Davi, Salomão, Elias, Jonas, João Batista e Jesus, que a paz esteja com eles. Mas a mensagem final de Deus para o homem, uma confirmação da mensagem eterna e um resumo de tudo que acontecera anteriormente, foi revelada ao profeta Mohammad por intermédio do anjo Gabriel.

 

COMO ALGUÉM SE TORNA MUÇULMANO?

Simplesmente por proferir o Testemunho de que "não há divindade além de Deus, e que Mohammad é o Mensageiro de Deus". Com esta declaração o crente anuncia a sua fé em todos os mensageiros de Deus, e nas Escrituras que eles trouxeram.

 

 

O QUE O ISLAM SIGNIFICA?

A palavra árabe "Islam" significa "submissão". É derivada de uma palavra que significa "paz". Num contexto religioso, significa total submissão à vontade de Deus. Maometano, portanto, é uma denominação errada, porque sugere que os muçulmanos adoram a Mohammad em vez de Deus. "Allah" é a palavra árabe que significa Deus, usada pelos árabes tanto muçulmanos como cristão.

PORQUE O ISLAM PARECE ESTRANHO?

O Islam pode parecer exótico ou mesmo extremista no mundo moderno. Talvez isso acontece porque a religião não domina a vida do dia a dia no ocidente de hoje, enquanto os muçulmanos têm a religião sempre presente em suas mentes, e não fazem distinção entre o secular e o sagrado.

Acreditam que a Lei Divina, Shari’a, deve ser tomada seriamente. Por isso, assuntos relacionados com a religião continuam tão importantes.

 

 

 

 

SERÁ QUE O ISLAM E O CRISTIANISMO TÊM ORIGENS DIFERENTES?

Não! Juntamente com o Judaísmo, eles remontam ao Profeta e Patriarca Abraão. Seus três profetas são descendentes diretos de seus filhos – Mohammad descende do primogênito, Ismael, Moisés e Jesus descendem de Isaac.

Abraão estabeleceu as bases do que chamamos hoje a cidade de Meca, e construiu a Caaba, em direção da qual todos os muçulmanos se voltam quando oram.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O QUE É CAABA?

A Caaba é o local de adoração que Deus ordenou Abraão e Ismael construírem há aproximadamente 4000 anos atrás. A construção foi feita de pedra, a qual, muitos acreditam, foi o local original de um santuário estabelecido por Adão.Deus ordenou a Abraão a convocar toda a humanidade para visitar o local, e quando os peregrinos lá vão, dizem "Eis - nos aqui, ó Senhor!", em reposta à tal convocação.

 

QUEM É MOHAMMAD?

Mohammad nasceu em Meca no ano 570, em um período em que o Cristianismo não tinha-se estabelecido completamente na Europa.

Uma vez que seu pai faleceu antes de seu nascimento, e sua mãe logo depois, ele foi cuidado pelo seu tio, pertencente à respeitada tribo dos coraixitas.

À medida que ia crescendo, tornou-se conhecido pela sua retidão, generosidade e sinceridade, a tal ponto que era procurado pela sua capacidade de arbitrar nas disputas. Os historiadores descrevem-no como calmo e meditativo.

Mohammad possuía uma natureza profundamente religiosa, e abominava a decadência de sua sociedade. Ele adquiriu o hábito de meditar na caverna de Hirá, perto do topo da Montanha da Luz (Jabal al-Nur) em Meca.

 

COMO ELE RECEBEU A REVELAÇÃO?

Aos quarenta anos de idade, enquanto estava empenhado em um retiro meditativo, Mohammad recebeu sua primeira revelação de Deus por intermédio do anjo Gabriel. Essa revelação, que prosseguiu por vinte e três anos, é conhecida como Alcorão.

Tão logo ele começou a recitar as palavras que ele ouviu de Gabriel, e a pregar a verdade que Deus havia lhe revelado, ele e seu pequeno grupo de seguidores sofreram perseguições amargas, que se tornaram tão violenta no ano de 622 que Deus lhes ordenou que emigrassem. Este evento, a Hégira (migração), na qual eles se mudaram de Meca para a cidade de Medina, cerca de 260 milhas ao norte, marca o início do calendário muçulmano.

Depois de muitos anos, o profeta e seus seguidores retornaram a Meca, onde perdoaram seus inimigos e estabeleceram o Islam definitivamente. Antes que o profeta morresse, aos 63 anos de idade, a maior parte da Arábia já era muçulmana, e um século após sua morte, o Islam tinha se difundido até a Espanha no ocidente e até a China no oriente.

COMO A DIFUSÃO DO ISLAM

AFETOU O MUNDO?

Entre as razões da difusão rápida e pacífica do Islam há a simplicidade a simplicidade de sua doutrina – o Islam convoca para a crença no Único Deus Merecedor de adoração. O Islam também freqüentemente instrui o homem a usar seus poderes de inteligência e observação.

Dentro de poucos anos, grandes civilizações e universidades floresceram, uma vez que, de acordo com o profeta: "Procurar o conhecimento é uma obrigação de todo muçulmano e muçulmana".

 

A síntese das idéias orientais e ocidentais e os pensamentos novos e antigos geraram grandes avanços na medicina, matemática, física, astronomia, geografia, arquitetura, arte, literatura e história, e também o conceito do zero(fundamental para o desenvolvimento da matemática), foram transmitidos à Europa medieval pelo Islam.

Foram desenvolvidos instrumentos sofisticados, que possibilitaram as viagens dos europeus de descobrimento, incluindo o astrolábio, o quadrante e os bons mapas de navegação.

QUE É O ALCORÃO?

O Alcorão é um registro das palavras exatas reveladas por Deus por intermédio do anjo Gabriel ao Profeta Mohammad. Foi memorizado por ele, e então ditado aos seus companheiros, e registrado pelos seus escribas, que o conferiram durante sua vida. Nenhuma palavra de suas 114 suratas foi mudada ao longo dos séculos. Assim, o Alcorão é, em cada detalhe, o único e miraculoso texto que foi revelado a Mohammad quatorze séculos atrás.

DE QUE TRATA O ALCORÃO?

O Alcorão, a derradeira palavra de Deus revelada, é a principal fonte da fé e da prática de todo muçulmano. Ele trata de todos os assuntos relacionados conosco, como seres humanos: sabedoria, doutrina, rituais e lei, mas seu tema básico é o relacionamento entre Deus e Suas criaturas. Ao mesmo tempo ele proporciona orientação para uma sociedade justa, uma conduta decente e um sistema econômico eqüitativo.

 

HÁ OUTRAS FONTES SAGRADAS?

Sim, a Sunnah, a prática e o exemplo do profeta é a segunda autoridade para os muçulmanos. Um hadith é a narração fiel transmitida a respeito do que o profeta disse, fez ou aprovou. Crer na sunnah faz parte da fé islâmica.

 

EXEMPLOS DOS DITOS DO PROFETA

O profeta disse:

"Deus não tem misericórdia daquele que não tem misericórdia dos outros"

"Ninguém de vós crê realmente antes de desejar ao seu irmão o que deseja a si próprio"

"Aquele que se alimenta enquanto o seu vizinho está passando fome não é crente"

"O comerciante honesto está associado aos profetas, aos santos e aos mártires"

"O poderoso não é aquele que derruba os outros; o poderoso é aquele que controla e si próprio em um acesso de cólera"

"Deus não vos julga baseado em vossos corpos e aparências, mas perscruta vossos corações e examina vossas obras"

" ‘Um homem caminhava em uma estrada e sentiu muita sede. Encontrando um poço, nele desceu e subiu. Então viu um cão arfando, tentando lamber a lama para amainar a sede. O homem percebeu que o cão estava sentindo a mesma sede que ele sentira antes. Então, ele desceu novamente no poço e encheu o seu sapato com água e deu de beber para o cão. Por isto Deus perdoou os pecados do homem.’ Foi perguntado: ‘Ó Mensageiro de Deus, seremos acaso recompensados por nossa bondade para com os animais?’ Ele respondeu: ‘Há recompensa pela bondade demonstrada por qualquer ser vivo’"

extraídos das coleções de hadith de Bukhairi, Muslim e Baihaqui.

QUAIS SÃO OS CINCO PILARES DO ISLAM?

São a estrutura da vida do muçulmano: a fé, a oração, o interesse pelo necessitado (zakat), a auto-purificação (jejum) e a peregrinação à Meca para quem tiver posses para tal.

 

 

 

1. A fé

chahada inscrita sobre a entrada do Palácio Osman Topkapi (o museu possui um manto usado pelo profeta, entre outros tesouros). Istambul

Não há outra divindade além de Deus e Mohammad é seu Mensageiro. Esta declaração de fé é chamada Chahada , uma fórmula simples que todo o crente pronuncia.

Em árabe, a primeira parte é: la ilaha ílal-lah (não há outra divindade além de Deus). Ilaha (divindade) pode se referir a qualquer coisa que podemos ser tentados a colocar no lugar de Deus: riqueza, poder e similares. Então vem, illal-lah (além de Deus), a Fonte de toda criação.

A Segunda parte da Chahada é Mohammad Rasul lul-lah (Mohammad é o mensageiro de Deus). Uma mensagem de orientação que veio por intermédio de um homem como nós mesmos.

 

Mihrab persa, que indica a direção das orações. No início os muçulmanos oravam em direção de Jerusalém, mas durante a vida do profeta foi mudada para Meca. Do púlpito o Imam que dirige as orações, faz o sermão durante as orações congregacionais de sexta-feira

2. A Oração

Salat é o nome das orações obrigatórias que são praticadas cinco vezes ao dia, e são um elo direto entre o adorador e Deus. Não há autoridade hierárquica no Islam, nem padres, assim, as orações são dirigidas por uma pessoa com instrução, que conhece o Alcorão, escolhido pela comunidade. Essas cinco orações diárias contém versículos do Alcorão que são recitados em árabe, a linguagem da Revelação, ao passo que as súplicas pessoais podem ser feitas no idioma de cada um. As orações são praticadas na alvorada, ao meio dia, no meio da tarde, ao crepúsculo e à noite, e assim determinam o ritmo do dia todo. Apesar de ser preferível praticar a oração em conjunto, em uma mesquita, o muçulmano pode orar em qualquer lugar, tal como campo, escritório, fábrica e universidade. Os visitantes do mundo islâmico ficam impressionados com a dominância das orações na vida cotidiana.

Tradução do Chamado à oração

Deus é Grandioso, Deus é Grandioso

Deus é Grandioso, Deus é Grandioso

Testemunho que não há outra divindade além de Deus

Testemunho que não há outra divindade além de Deus

Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus

Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus

Vinde à oração! Vinde à oração!

Vinde à salvação! Vinde à salvação!

Deus é Grandioso, Deus é Grandioso

N ão há outra divindade além de Deus

 

3. Zakat

A pessoa piedosa deve também dar tanto quanto possa como caridade (sadaca), e fazê-lo preferivelmente em segredo. Apesar que esta palavra possa ser traduzida como "caridade voluntária", ela tem um significado mais amplo. O profeta disse:

"Mesmo o encontrar o seu irmão com o rosto risonho é caridade"

O Profeta disse "A caridade é uma necessidade para todo muçulmano", foi-lhe perguntado: "e se a pessoa não tiver nada para dar?", o profeta respondeu: "Deve trabalhar com suas próprias mãos para o seu benefício e então dar algo de tal ganho em caridade." Os companheiros perguntaram: " e se ele foi incapaz de trabalhar?" O profeta respondeu: "Ele deve ajudar os pobres e necessitados", perguntaram novamente: "e se não puder fazer isto?", o profeta respondeu: "deve incitar as pessoas a praticarem o bem" e os companheiros perguntaram ainda "e se também não puder fazer isto?" O profeta respondeu "Deve se afastar da prática do mal, que isto também é caridade."

Zakat promove fluxo do dinheiro na sociedade. Cairo.

 

4. O Jejum

Todo ano, durante o mês de Ramadan, todos os muçulmanos jejuam desde a alvorada até o por do sol, abstendo-se da comida, da bebida e das relações sexuais. Quem estiver doente, for idoso, ou em viagem, e mulher grávida ou amamentando é permitido quebrar o jejum e jejuar o mesmo número de dias em outra época do ano. Se houver incapacidade física para fazê-lo, devem alimentar uma pessoa necessitada para cada dia não jejuado. As crianças começam a jejuar (e praticar as orações) a partir da puberdade, apesar de muitos começarem mais cedo.

Apesar do jejum ser muito benéfico para a saúde, é considerado um método de purificação pessoal. Ao privar-se dos confortos mundanos, mesmo por um período curto, o jejuador adquire verdadeira simpatia por aqueles que sofrem fome, ao mesmo tempo desenvolve a sua vida espiritual.

Tendas de Peregrinos

5. O Hajj

A peregrinação anual a Meca (hajj) é uma obrigação somente para aqueles que são física e financeiramente capazes de empreendê-la. Portanto, dois milhões de pessoas aproximadamente vão a Meca cada ano, de toda parte do Globo, oferecendo uma única oportunidade para os provenientes de nações diferentes a se encontrarem. Apesar de Meca estar sempre cheia de visitantes, o hajj anual começa no décimo segundo mês do calendário islâmico (que é lunar, não solar, assim o hajj no verão, outras no inverno). Os peregrinos vestem roupas especiais: vestimentas simples que eliminam as distinções de classes e cultura, assim todos ficam iguais perante Deus.

Os rituais do hajj foram substituídas por Abraão, incluindo o circundar a Caaba por 7 vezes, e o percorrer 7 vezes a distância entre os montes Safa e Marwa, como fez Hagar durante a sua procura de água. Então os peregrinos se põem em pé no vasto vale de Arafat e se juntam em oração para pedir o perdão a Deus. Pensa-se que esta cena é uma visão do Dia do Juízo Final.

Nos séculos passados, o hajj era um empreendimento árduo. Hoje, porém, a Arábia Saudita fornece água, transporte moderno e as mais modernas facilidades de atendimento médico a milhões de pessoas.

O encerramento da peregrinação é marcado por um festival, Eid-Al-Adha, celebrado com orações e troca de presentes entre as comunidades islâmicas. Este Eid e o Eid-al-Fith, uma festa comemorando o final de Ramadan, são as principais festas do calendário islâmico.

 

PORQUE A FAMÍLIA É TÃO IMPORTANTE PARA OS MUÇULMANOS?

A família é a base da sociedade islâmica. A paz e a segurança oferecidas por uma unidade familiar estável é muito valorizada e vista como essencial para o desenvolvimento espiritual de seus membros. Uma harmoniosa ordem social é criada pela existência de famílias numerosas; os filhos são muito apreciados, e raramente deixam suas casas antes de casarem.

QUAL O PAPEL DA MULHER NO ISLAM?

O Islam vê a mulher, quer solteira ou casada, como uma pessoa com seu próprio direito, com o direito de possuir e dispor de sua propriedade e ganhos. O dote é dado pelo noivo à sua noiva para seu próprio uso pessoal e ela conserva o seu nome de família em vez de adotar o nome do marido.

Espera-se que ambos, homens e mulheres, usem roupas modestas e dignificantes. As roupas tradicionais da mulher vistas em alguns países muçulmanos são sempre a expressão de costumes locais.

O Mensageiro de Deus disse: "O melhor dentre vós é aquele que melhor trata sua esposa, e eu sou o melhor que trata a esposa"

 

 

 

A RELIGIÃO DO ISLAM

Sharifa Carlo

Desde nossa criação, os homens têm ponderado a respeito dos mistérios existenciais da vida. As mesmas questões têm nos perseguido através dos séculos, "De onde eu vim?", "Por que estou aqui?", "O que é esperado de mim?", "Para onde vou?" e "Isto é tudo que existe?" Alguns de nós gastam toda uma vida perseguindo as respostas para tais questões, outros de nós parecem se contentar aceitando as respostas providas pelas nossas religiões e culturas individuais, ao passo que outros decidem ignorar este instinto básico de encontrar respostas, mesmo que inconscientemente. Os muçulmanos tem uma tradição muito forte de procurar conhecimento, e o mais fundamental é aquele que nos levará a respostas para estas questões.

Sabemos que a forma de alcançar a verdade plenamente é analisar objetivamente todas as evidências disponíveis, formular uma tese, pesquisar cuidadosamente cada parte da evidência e finalmente obter nossa conclusão.

Pesquisar respostas para nossos dilemas individuais deveria receber tanta atenção quanto a pesquisa de uma teoria literária perfeita, quanto o chip de computador mais rápido, ou quanto a última descoberta científica. Na realidade, tais respostas são mais importantes e essenciais para nós humanos que qualquer outro tipo pesquisa.

O Islam, como todas as religiões, tem respostas para aquelas questões, mas diferentemente das outras religiões, estas respostas não satisfazem apenas o coração ou ao espírito, mas também a mente, e esta é a chave para obter a satisfação genuína que a verdade tem sido finalmente alcançada.

De onde eu vim?

Como resultado da análise das evidências disponíveis, o muçulmano sabe que existe um Criador, que nós somos criados por um Deus Onipotente e Amável. Consequentemente, este ser racional pode ver a glória e a maravilha do mundo ao seu redor e concluir que isto era um acidente providencial. Imagine um estudante que se dirigiu ao seu professor – mostrou-lhe a cadeira e disse "Isto foi criado pelo atrito do vento na árvore; depois de séculos de atrito em várias direções, este objeto emergiu como este produto final". O professor provavelmente iria rir, mas nunca ser convencido. Da mesma forma, as teorias puramente científicas falham ao explicar completamente como este mundo poderia ter tal perfeição na interação dos ecossistemas, sistemas biológicos, sistemas filosóficos, sistemas geológicos, e sistemas astrológicos. Todos estes sistemas são interdependentes.

Até o momento ainda não existe nenhuma teoria que não leve a um conhecimento desconhecido – a força originária.

Quem é este Criador?

Saber que existe um Criador não é suficiente. Nós precisamos saber quem é este Criador. A melhor forma de definir isto é definir os atributos necessários de um criador. Desde que reconhecemos que nossas habilidades como humanos são limitadas – nós somos incapazes de iniciar uma criação a partir do vácuo – nós sabemos que o Criador não pode ser humano. Este ponto essencial nos ajuda a descartar muitas teorias religiosas baseadas nesta premissa. Então nós sabemos que nada menos que um humano, como um animal que tem menos intelectualidade que nós ou como a natureza que não tem intelecto, não podem ser nossos criadores. Se o homem em sua mentalidade superior não é o criador, então isto seria impossível para qualquer outra criatura com mentalidade inferior. Também sabemos que este criador nos deixaria algumas evidências para levar-nos a conhecê-lo. Estas evidências nos provaria em muito níveis – intelectualmente, cientificamente, emocionalmente e logicamente – que elas são verdadeiras. O Alcorão têm estas evidências. Então quando a lógica razoável do indivíduo analisa o Alcorão, ele se torna muçulmano, concluindo que existe um Sapientíssimo Criador Todo Poderoso, Deus.

Por que estou aqui?

Uma vez que a pessoa aceita que ele foi criado por um Único e Verdadeiro Deus, Alá, ele cai na próxima questão "Por que estou aqui?" "Qual a proposta para a qual fui criado?". O Alcorão responde que nossa proposta de vida é adorar Alá. Alá nos criou neste lugar como um grau de teste para nós, para vermos se nós somos merecedores do prêmio final, o paraíso. Mas, como concluir isto? Fácil. Olhemos em volta para circunstâncias de nossa vida. Ume exame cuidadoso mostra que todo evento em nossa vida tem correlação direta ou indireta com outros eventos. Por exemplo, alguns eventos do passado nos prepararam para enfrentar uma crise atual. Nossas vidas são configuradas como um teste que nos fortalece e nos prepara para um próximo nível. É óbvio que vamos sendo lentamente refinados e purificados, tanto que podemos cultivar a força necessária para enfrentar os desafios finais.

O que é esperado de mim?

Uma vez que o muçulmano tem alcançado esta compreensão, é necessário saber o que é esperado dele, em termos de adoração. Para fazer isto, ele deve se orientar às fontes enviadas por Alá.; Nenhum Criador Misericordioso deixaria Sua criação sem orientação. Esta orientação vem do exemplo dos profetas enviados ao longo dos tempos para mostrar à humanidade o caminho do Paraíso.

Estes profetas, como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Mohammad (paz e benção estejam sobre todos eles), vieram com a mesma mensagem: adorar apenas aO Único Deus e não atribuir-Lhe parceiros. Eles também nos legaram ordens práticas para nos ajudar em nossa existência nesta terra. Freqüentemente, tais ordens eram pela conduta dos nossos amados profetas e são hoje valores comportamentais que nos ajudam a viver com paz e contentamento nesta vida, preparando-nos para a próxima. Tais valores são como rejeitar substâncias e comportamentos prejudiciais e incentivar padrões de comportamento que nos beneficiam tanto enquanto indivíduos como quanto membros de uma sociedade em geral.

Para onde vou?

Uma vez que temos completado nossa missão nesta terra, o que nós devemos esperar? O muçulmano, nesta altura alcança a compreensão de que ele tem tudo o que ele pôde agradar seu Criador, e espera uma recompensa por esta ação. A recompensa é o Paraíso. Ele sabe esta é a verdade assim como o pesquisador sabe que mesmo não enxergando além de um certo ponto no universo, mais espaço existe. A evidência é conclusivamente provada pela circunstância. Nós sabemos que existe um Criador, que este Criador é Alá, e Ele tem nos mandado profetas e tem nos prometido o Paraíso como recompensa de nossas vidas bem vividas. Nós também sabemos que assim como para esta vida existe punição para o mau, na próxima vida seremos punidos pela desobediência. Temos já visto que esta vida é meramente um teste, e como todos os testes, é meramente preparatória.

 

Isto é tudo o que existe?

Além de tudo, a conclusão é que isto não é tudo o que existe, pois é inconcebível que este mundo limitado criado é nosso único domínio. Deus nos prometeu uma vida futuram, paz, serenidade, amor, contentamento e prazer para aqueles que O adoram e O obedecem. Ele nos prometeu um prêmio para ações positivas. Por outro lado, Ele prometeu uma punição para aqueles que O desobedecem e persistem em suas más ações. Para prepararmo-nos a aceitar esta premissa, Ele criou para nós um teste que enfatiza estes valores. Por enquanto, nós sabemos que se um indivíduo trabalha e estuda seriamente, ele irá obter um bom trabalho e viver mais confortavelmente que um que não o faz. Esta é a regra, que funciona na maioria dos casos. Na pior das hipóteses, ele terá o benefício do próprio conhecimento. Uma ação positiva produz uma recompensa positiva. Nós também sabemos que se um indivíduo comete um ato mau, provavelmente será punido, se não pela sociedade então por si próprio. Então uma ação negativa produz um efeito negativo.

Conclusão

Definitivamente não existe nenhuma forma para provar a existência de Deus. Ninguém pode apontar para Ele e dizer "Olhe pare Ele. Lá está Ele". Mas nós podemos observar Suas obras, Sua criação e saber que não pode existir criação sem um criador. Nós não olhamos para a cadeira e dizemos que ela foi criada por ela mesma. Nós sabemos que algum ser a tem criado. Para saber quem é este criador, nós temos que seguir os indícios que Ele nos deixou. Nós temos que definir o que nós consideramos ser um Deus, e definir suas características. Como muçulmanos, nós encorajamos e convidamos a você estudar o Alcorão, para analisá-lo e compará-lo com outras fontes de sabedoria existencial, e nós desafiamos você a encontrar a verdade em qualquer outra fonte. Você não encontrará.

 

 

 

PROFECIA, PROFETAS E APÓSTOLOS DE DEUS

Assume importância capital entender o significado destes vocábulos para os muçulmanos. Para fazer chegar à humanidade SUAS MENSAGENS, Deus escolheu HOMENS especiais, dentre os homens, para cumprirem essa tarefa. Todavia: Profeta, Apóstolo, Mensageiro ou Enviado, não significam a mesma coisa, não são sinônimos.

Profecia, na nomenclatura islâmica, não significa vaticinar sobre o futuro, ou adivinhar, ou predizer o porvir, como o vocábulo possa indicar, no âmbito filológico. Profecia, no contexto islâmico, significa a- iluminação de Deus para um homem de bem, de virtudes, a fim de servir, esse homem-Profeta, com a sabedoria recebida de Deus, de Guia-Orientador para sua gente e para seu tempo. Já o Apóstolo ou Enviado ou Mensageiro de Deus, é, necessariamente, um Profeta a quem Deus confia um Livro Sagrado, pelo processo da REVELAÇÃO, que contenha uma doutrina, um código, uma lei. Assim, fica claro que todo Enviado de Deus é um Profeta, mas nem todo profeta é enviado de Deus, porque o Profeta pode não ter a missão de pregar uma nova doutrina, e apenas revigorar e fortalecer uma doutrina já existente, porém esquecida parcialmente, ou deturpada em alguns princípios.

Para simplificar, dizemos:

- PROFETA: é um homem que tem como incumbência (por parte de Deus) revigorar, fortalecer e reesclarecer urna doutrina religiosa já existente.

- APÓSTOLO, MENSAGEIRO ou ENVIADO DE DEUS: é um homem a quem Deus REVELA uma Mensagem, ou um LIVRO SAGRADO, contendo uma Nova Doutrina e uma Lei Divina e Completa.

Então, dizemos que Muhammad S.A.A.W.S. (Maomé) é um ProfetaApóstolo (Enviado) de Deus, cuja Mensagem Divina é o Alcorão Sagrado, a ele revelado por Deus através do Arcanjo GABRIEL.

Os muçulmanos crêem em todos os Profetas-Apóstolos de Deus, porque assim os ordena o Sagrado Alcorão, Palavra Autêntica de Deus, que ordena a todos os muçulmanos:

 

"Dizei: Cremos em Deus, e cremos no que foi revelado a nós e no que foi revelado a Abraão e a Ismael e a Isaac e a Jacó e às tribos (filhos de Jacó), e cremos no que foi dado a Moisés (Torá) e a Jesus (Evangelho), e no que foi dado aos profetas pelo Senhor deles. Não fazemos distinção entre eles, e a Ele (Deus) somos muçulmanos."

Alcorão 2:136 7

Eis, portanto, a grande UNIÃO entre todas as mensagens reveladas, e entre todos os mensageiros (Enviados de Deus). Esta UNIÃO constitui a base sólida da concepção islâmica. E a crença dos muçulmanos em todas as Mensagens, e em todos os Mensageiros de Deus, obriga-nos a não discriminar entre os Enviados de Deus, pois se um muçulmano descrer de algum Profeta-Apóstolo, terá comprometido TODA a sua fé, conforme diz o Alcorão:

 

"Aqueles que descrêem de Deus e de Seus Apóstolos, querendo negar as ligações entre Deus e Seus Apóstolos e dizem: "Cremos em alguns Apóstolos e descremos de outros", e pretendem nisto uma saída, esses são verdadeiramente descrentes. Aos descrentes Deus reservou uma punição degradante. Mas aqueles que crêem em Deus e em Seus Apóstolos e não discriminam nenhum dentre os Apóstolos (de Deus), Deus lhes dará Suas Recompensas, porque Deus é Indulgente e Misericordioso."

Alcorão 4:150,151,152 8

A crença na UNICIDADE de Deus demanda a unidade da religião que Ele, Deus, enviou à humanidade, e a unidade de Seus Apóstolos que transmitiram Sua Mensagem à família humana.

Portanto, toda descrença quanto à unidade dos Apóstolos de Deus, e da Mensagem Divina é descrer, na realidade, da unidade (unicidade) de Deus.

A fé é uma unidade indivísvel. A fé em Deus é a fé na Sua UNICIDADE. E Sua Unicidade demanda a unidade da Religião que Ele quiz para os homens.

 

Muçulmanos, portanto, são os que sua crença abrange a fé em Deus e em Seus Apóstolos TODOS, sem nenhuma discriminação, pois a totalidade dos Apóstolos merece, dos muçulmanos, o respeito e a credibilidade. E todas as religiões celestiais são verdadeiras para os muçulmanos, desde que não tenham, as religiões, sofrido modificações e alterações.

A FAMÍLIA DA VIRGEM MARIA

Não se pode biografar Jesus Cristo sem enfocar a mãe dele: a Virgem Maria, e suas origens.

Ficarão, certamente, surpresos todos aqueles que souberem que a Virgem Maria ocupa, no Alcorão Sagrado, um espaço e um lugar singulares!

Nenhuma mulher, entre todas, é citada pelo nome, no Livro Sagrado dos muçulmanos, exceto Maria, mãe de Jesus! Nem a mãe de Maomé, nem a esposa ou as filhas dele, são nominadas no Alcorão, e entretanto, a mãe de Jesus Cristo é citada mais de trinta (30) vezes!

Aliás, nem a Bíblia Sagrada dos cristãos dedica à mãe de Jesus, o espaço, a veneração e a exaltação a ela dedicados pelo Livro dos muçulmanos!

Os próprios cristãos, se quiserem conhecer melhor a genealogia da Virgem Maria, necessitarão recorrer à leitura do Alcorão, onde encontrarão detalhes e minúcias, absolutamente únicas, que não constam do NOVO TESTAMENTO.

0 terceiro capítulo do Sagrado Alcorão, que é a segunda mais extensa das Suratas, tem por título o nome da família da Virgem Maria: AL IMRÁN.

IMRÁN é o pai de Maria, o avô materno de Jesus Cristo. E o décimonono capítulo (Surata) do Alcorão tem por título o nome da Virgem: Surata de MARIAM .25 A Surata de Mariam contém o relato da concepção e da gravidez de Maria, e o nascimento de Jesus, todos acontecimentos e fatos miraculosos. Mas, afinal, quem foi Maria? 0 Sagrado Alcorão responde:

 

"A mulher de lmrán (pai de Maria) disse (a Deus): "Senhor Meu, consagrarei a Ti, totalmente, o que tenho no ventre (estava grávida). Aceita-o de mim, porque és Oniouvinte, Onisciente". Quando deu à luz (Maria) ela disse: "Senhor meu, dei à luz uma menina". Deus já o sabia. "E varão não é como virago, e dei-lhe o nome de Maria, e ponho-a e sua descendência sob Tua Proteção para livrá-la do maldito satanás". Deus aceitou-a e fê-la crescer magnificamente, e designou Zacarias para tutelá-la. Sempre que Zacarias entrava no oratório, para vê-Ia, encontrava-a provida de víveres (frutas não da temporada) e perguntava: Maria, como o obtiveste? Ela dizia: É da parte de Deus, pois Deus provê, fartamente, a quem Ele quizer."

Alcorão 3:35,36,37 26

Estes versículos resumem a história do nascimento de Maria, a qual não é contada, assim, pela Bíblia.

IMRÁN, o pai de Maria, era sacerdote israelense, em NAZARÉ, e descendia de DAVI e de RUTE, de cuja descendência, conforme a PROFECIA, viria o Messias.

A mulher de IMRÁN, quando se viu grávida, e pensando que daria à luz um menino, fez voto de doá-lo (consagrá-lo) ao TEMPLO, porque somente homens serviam aos santuários.

A mãe de Maria prometeu a Deus o que lhe era mais caro: o filho que trazia em suas entranhas. Prometeu-o totalmente a Deus. Somente para Deus. Essa confidência para com Deus, por parte da mãe de Maria, indica a confiança, a proximidade, a intimidade mesmo, que havia entre a criatura... e 0 CRIADOR. Nenhum bem lhe parecia maior do que sua filha - Maria estivesse na Potestade de Deus.

Mas IMRÁN, pai de Maria, falece antes do nascimento da filha. A mãe dela levou-a para os guardiões do TEMPLO de Jerusalém, para decidirem sobre o destino da menina que, por voto da mãe, fôra consagrada ao serviço do templo.

Os guardiões do Templo de Jerusalém recorreram ao sorteio, para ver quem ficaria com a guarda (tutela) de Maria. 0 contemplado foi Zacarias, esposo da tia de Maria, Elizabete, irmã da mãe dela. Este fato é relatado, assim, pelo Alcorão:

 

"Esses são fatos do (mundo) transcendental que te revelamos (à Muhammad), pois não estavas presente quando eles sacerdotes de Jerusalém), por sorteio, decidiram quem tutelará Maria, nem estavas presente quando se desentenderam."

Alcorão 3:44 27

LEMBRETE: Maomé (Muhammad S.A.A.W.S. recebe revelação de Deus a respeito de Maria - e de Jesus -, no meio de um povo que rejeitava a Maomé e à sua religião. Se ele não fosse, verdadeiramente, Enviado de Deus, não teria tornado público esses dizeres que não constavam em quaisquer Escrituras Sagradas, anteriores ao Alcorão.

E Maria foi crescendo em Jerusalém, no Templo, e foi recebendo a visita dos anjos que lhe anunciavam que Deus a exaltara e a escolhera - dentre todas as mulheres - e a purificara. Isto é contado no Alcorão:

 

"Os anjos disseram: 0 Maria, Deus elegeu-te e purificou-te e elevou-te sobre as mulheres do mundo. Ó Maria, consagra-te a Teu Senhor, inclina-te e prostra-te com os orantes."

Alcorão 3:42,43 23

A expressão "Purificou-te", aqui, refere-se ao que, no futuro, irá cercar a conceição e a gravidez de Maria e o nascimento de Jesus, de dúvidas e achaques que os judeus virão a lançar sobre Maria, a Pura, a Imaculada!

Ainda "Purificou- te", que está no versículo corânico, refere-se à não-menstruação de Maria, que jamais menstruou-se.

Passado algum tempo, a mãe de Maria veio de Nazaré a Jerusalém. Ao regressar, levou a filha para passar alguns dias com ela. Em Nazaré, pediu Maria, em casamento, o José, filho de Jacó, um parente dela, e descendente de Davi. Maria ficou triste com o noivado, pois sempre ouvira no Templo de Jerusalém, que o Messias nasceria de uma virgem da genealogia de Davi, e sonhava ser - como sonhavam as virgens de Israel - ela a mãe do Messias.

0 noivado de Maria e José foi anunciado. Maria voltou a Jerusalém, enquanto José permanecia em Nazaré, trabalhando para obter o necessário, a fim de constituir o novo lar.

Em Jerusalém, no Templo, Maria orava a Deus, e rezava fervorosamente. Numa certa noite, pareceu-lhe que havia alguém em seu aposento. Assustada, ela com voz baixa e trêmula:

- Há alguém aqui?

Eis que uma voz suave responde, sem que alguém fosse visto:

- Sou Enviado de Deus para você, Maria.

Maria fôra eleita por Deus para uma missão fantástica.

Uma luz celestial invade o aposento de Maria, e os anjos se fazem presentes diante dela, e um sentimento indescritível mexe com seu peito, e toma conta de todo seu ser. 0 Alcorão Sagrado assim descreve esse momento:

 

"E os anjos disseram: 0 Maria, Deus anuncia a ti uma Palavra (verbo) d'Ele, cujo nome é o Messias, Jesus, Filho de Maria, notável neste mundo e no mundo do além, e é dos íntimos de Deus. E falará ao povo ao nascer, e quando velho será dos virtuosos. Disse (Maria): Senhor meu, como poderei ter um filho se humano algum me tocou? Disse-lhe (o anjo): Deus cria o que deseja, e quando Ele decide algo, simplesmente diz-lhe: SÊ! E Será."

Alcorão 3:45,46,47

Sobre Maria, interessa-nos da vida dela o que está ligado a Jesus, o tema central deste livro. Então ficamos sabendo, graças ao Alcorão Sagrado, que Maria descendia de uma família religiosa, e o pai dela era sacerdote no Templo de Nazaré, cuja ascendência genealógica remonta ao Profeta (e rei) DAVI. E Maria já estava destinada em voto pela mãe dela, para servir o Templo. Mas estava destinada por Deus, para uma missão muitíssimo maior, e para um feito singular:

Ser a mãe VIRGEM de Jesus, 0 Cristo!

 

JESUS CRISTO

0 Alcorão Sagrado é Livro Divino, e o muçulmano que duvidar disto, deixa de ser muçulmano. Este Alcorão contém um capítulo (Surata) intitulado: Maria, onde está registrado como aconteceu a CONCEIÇÃO da Virgem, sua gravidez e o nascimento de Jesus.

Eis a tradução do texto do Alcorão:

 

"E menciona, no Livro (Alcorão), Maria, quando afastou-se de sua família para um lugar ao leste. E Nós (Deus) enviamos a ela um espírito Nosso apresentando-se a ela na forma perfeita de um humano. Maria disse a ele: "Peço a Deus, 0 Clemente, que me livre de ti. Espero que sejas piedoso". Disse-lhe o anjo): "Sou enviado do Teu Senhor (Deus) para agraciar-te um menino santo". Disse Maria: "Como poderei ter um menino, se humano algum jamais me tocou, e nunca fui impura?" Disse (o anjo) à Maria: "Assim será, disse Teu Senhor, porque Me é fácil, e faremos dele (de Jesus) um Sinal para a humanidade e Uma Graça Divina". E a questão consumou-se. (Maria) Concebeu-o e retirou-se para um lugar distante. As dores do parto levaram-na até o tronco de uma tamareira. Disse (Maria): Prefiro ter morrido antes disto, e caído no esquecimento total. E, eis que uma voz, vinda de baixo, chamou-a: Não fiques triste, porque Teu Senhor (Deus) fez correr um riacho a teus pés. Sacode o tronco da tamareira, e cairão para ti frutos maduros e frescos. Come e bebe e acalma-te. E quando encontrardes alguma pessoa, dize: "Fiz um voto de silêncio ao Clemente (Deus), e hoje não conversarei com ninguém." E voltou à sua gente carregando-o (ao filho). Disseram a ela: "ó Maria, tu cometeste um ato imoral. ó irmã de Aarão, teu -pai não era um homem mau, nem tua mãe uma prevaricadora". Maria, então, apontou para o menino. Eles (perplexos) indagaram: "Como falarmos com um recém-nascido?" Ele (o bebê Jesus) falou-lhes: "Eu sou um servo de Deus, deu-me o Livro, e me fez Profeta. E fez me abençoado onde eu estiver, e recomendou-me orar e fazer caridade enquanto eu estiver vivo. E ser sempre bom filho para minha mãe, e jamais me tornar malfeitor, déspota. E (Deus) me deu paz no dia que nasci, no dia quando morrer, e no dia que eu for ressuscitado". Assim é (a história) Jesus, Filho de Maria, o relato verdadeiro no qual ainda divergem (e duvidam). Não é cabível que Deus tenha um filho (próprio), Glorificado seja! Se (Deus) quizer algo, basta-lhe dizer: "SÊ" para acontecer. Deus é Meu Senhor e Vosso Senhor. Adorai-0. Eis a senda reta."

Alcorão 20: 19 a 36 3

Nestes dezoito (18) versículos da Surata de MARIAM (Maria), Deus conta toda a história de Jesus. Uma história de relato suscinto, porém extraordinariamente rica! Significativa! Convincente! Completa! Cabal!

Nós vamos agora tentar, a nosso modo - e dentro da nossa capacidade e imaginação -, analisá-la e símplificá-la, sem, contudo, alterar-lhe nenhum detalhe, ou modificar-lhe qualquer aspecto.

Se nós excluirmos o fato da criação do primeiro homem, e sua modelação na sua forma atual, iremos constatar que o fenômeno do nascimento de Jesus, Filho de Maria, é - talvez -, o mais extraordinário que a humanidade conheceu, em toda sua história. É, portanto, um acontecimento SINGULAR, INIGUALÁVEL, IRREPETIDO!

A humanidade, na realidade, não testemunhou a sua própria criação. 0 fato mais milagroso e gigantesco de sua existência, ou seja: a criação do primeiro homem, ADÃO, sem pai e sem mãe.

Quis, porém, a Providência Divina, mostrar-nos o segundo fato, milagrosamente gigantesco: o nascimento de Jesus sem genitor (pai físico) para ser testemunhado pela humanidade, e para perpetuar-se no registro da vida dos homens como acontecimento ímpar e INIGUALÁVEL, e servir de PROVA para todas as gerações.

Uma jovem, virgem e santa, de quem jamais alguém soube, senão: a pureza, a castidade e a pudicícia, e de cuja família nada se sabe, exceto: a bondade e a virtuosidade - desde a antigüidade -, uma jovem nascida - praticamente - no Templo, em Nazaré, e criada no Templo, em Jerusalém. Essa jovem se isola, por alguma razão pessoal, e na sua solidão, certa ela de que está só... surpreende-se de modo violentíssimo! Um homem... sim, um homem, não se sabe de onde, nem como, veio até o aposento dela, um quarto fechado, isolado e chaveado, no andar superior do Templo mais sagrado e mais bem guardado e protegido... o Santuário de Jerusalém!

A jovem recorre a Deus. Pede Seu Socorro. Pede que a livre daquele estranho, estranhíssimo!

E o anjo anuncia à jovem, que veio para presenteá-la com um filho virtuoso! "Como poderei ter um filho, se jamais me tocou homem algum? Jamais pensei em imoralidade."

Diz-lhe o anjo:

"Sou mensageiro do Teu Senhor. E Teu Senhor disse que isto (dar-te um filho sem relacionar-te com homem), é facílimo para Ele (Deus) quem diz: "Faremos dele (do menino) um Sinal para a humanidade e Uma Graça Divina."

Assim encerrou-se o diálogo entre o "Espírito Santo" e a Virgem Maria!

A seqüência da Surata Corânica não especifica COMO Maria ficou grávida de Jesus, nem por quantos meses.

Mas... eis que Maria começa a sentir as dores físicas (juntamente) com as dores psicológicas, decorrentes do ultraje que terá de enfrentar diante de sua gente. Terá que enfrentar tudo... e todos: sozinha, absolutamente só!

 

Maria concebeu Jesus com sopro Divino! Assim o diz o Sagrado Alcorão:

. Maria, filha de lmrán, era pura (casta), Nós (Deus) sopramos nela de Nosso Espírito..."

Alcorão 66:12 32

Então, claro está que Deus infundiu em Maria um alento de Seu Espírito.

Maria tinha certeza de que concebera 0 MESSIAS. Sua gravidez foi se acentuando. Os cochichos começaram. Tornaram-se comentários. Chegaram até Nazaré! José, o noivo de Maria, ficou deprimido, arrasado. Os outros, dele debochavam. Ficou muito triste. Porém, não acreditou que Maria pudesse cometer deslizes. Ele sabia que ela era muito religiosa, piedosa, pura e honesta. Resolveu, José, viajar de Nazaré a Jerusalém. Ao chegar e se encontrar com Maria, perguntou-lhe:

- Há alguma planta que brota sem semente?

- Sim, respondeu-lhe Maria.

- As árvores nascem sem a água da chuva? Perguntou José.

- Sim, respondeu-lhe Maria.

Então, José foi direto:

- Pode haver gravidez sem a participação do macho?

Maria disse a ele:

- Sim. Não sabes, José, de que Deus quando criou a primeira planta, criou-a sem semente alguma? Não sabes que a primeira árvore que Deus fez brotar, brotou sem chuva? Dirias tu, que Deus não pôde criar árvores sem recorrer à água?

José respondeu:

- Eu não digo semelhante coisa. Digo, sim: que Deus tudo pode. Ele é o TODO-PODEROSO.

Voltou Maria a dizer-lhe:

- Tu não sabes de que Deus criou ADÃO e EVA sem macho nem fêmea?

- Sei, claro que sei. - Respondeu José.

Então, Maria revelou a ele:

- José, Deus me anunciou que terei o MESSIAS.

 

"Os anjos disseram: Ó Maria, Deus anuncia a ti uma Palavra (verbo) d'Ele, cujo nome é o Messias.

Alcorão 3:45 33

José, que era, um homem de muita fé, acreditava que Deus enviará o

Messias aos judeus. Um Messias da descendência de Davi, e que terá por mãe UMA VIRGEM, e Maria descende de Davi. José compreendeu! Quando foi dormir, recebeu a visita de um anjo que lhe anunciou:

- "José, o que Maria tem no ventre é de Deus. E Deus te escolheu para zelar por Seu Apóstolo. José, - prosseguiu o anjo - os sacerdotes pretendem julgar Maria por estar grávida sem ser casada, e a Lei de Moisés estabelece a pena de apedrejamento para a mulher que se engravída sem estar casada. José, - aconselhou o anjo - leva Maria daqui e já".

No silêncio da noite, José e Maria deixaram Jerusalém. Ao atingirem o caminho que leva a BELÉM, naquela noite muito fria, Maria começa a sentir as contrações do parto. Somente havia ela e José, e mais ninguém!

José, inexperiente e envergonhado, nada podia fazer para ajudar Maria.

Ela, surpreendida pelas dores do parto, encostou-se a uma tamareira, enquanto José permanecia distante. Passou pela cabeça de Maria uma idéia: que dirão dela, seus parentes, em Nazaré? Uma tristeza enorme apossou-se dela, e pensou: "Antes tivesse morrido, e caído no esquecimento."

E o menino nasceu!

Eis que a noite fria transforma-se numa noite esplendorosa, como as noites de primavera! E veio dos céus UMA LUZ fantástica iluminando todo o lugar! Luz tão forte que acordou os pastores que, naquela hora, dormiam!

Ao tocar o chão, o menino recém-nascido, Jesus, 0 Messias, chamou a mãe e disse-lhe:

 

"Eis que uma voz vinda de baixo, chamou-a: Não fiques triste, porque Teu Senhor fez correr um riacho a teus pés. Sacode o tronco da tamareira, e cairão para ti frutos frescos e maduros. Come e bebe e acalma-te. Quando encontrares alguma pessoa, dize: fiz um voto de silêncio ao Clemente (Deus), e hoje não conversarei com ninguém."

Alcorão 19:24,25,26 34

Santo Deus! Um menino que acaba de nascer, chama pela mãe! Fala com a mãe, para acalmá-la, e tranqüilizar o seu coração, naquele momento duplamente difícil e doloroso para ela! Conversa com a mãe para ligá-la a Seu Deus, 0 Clemente, e ainda explica para a mãe como beber e alimentar-se, além de indicar-lhe como apresentar a defesa dela, o álibi!

Imaginemos o espanto e a perplexidade da sociedade nazarena, especialmente os familiares de Maria, ao verem a filha deles, aquela menina pura, virgem e solteira, que fôra consagrada ao Templo, que vivia permanentemente orando, e apenas se dedicava à adoração de Deus... volta agora. . Carregando um bebê seu! Indignados... revoltados, gritam com ela:

- Teu pai não era dissoluto, nem tua mãe imoral!

Maria mantém-se calada! Nada diz. Eles insistem. Maria aponta para o bebê! Indica-lhes; para indagarem do recém-nascido sobre esse mistério. Eles, mais revoltados ainda, pois entendem que Maria está zombando deles, lhe dizem:

 

"Como falarmos com um recém-nascido?"

Alcorão 19:29

Céus! Eis que outro milagre acontece! 0 bebê fala! 0 bebê dirige-lhes a palavra! E declara, como primeiro item, de que é um servo de Deus. Ele não se diz "FILHO DE DEUS", nem se diz "DEUS", ou "parte de Deus". Diz, sim, que Deus o fez PROFETA. E abençoou-o. E recomendou-lhe a prática permanente da oração e da caridade (ZAKAT), e ordenou-o tratar sempre, e sempre, com respeito e amor a mãe dele, Maria. E com humildade tratar à sua gente.

 

IMPORTANTE: 0 Sagrado Alcorão, Palavra Autêntica de Deus e não de humanos, nos diz que Jesus falou, por duas vezes, no primeiro dia (ou primeiros dias) do seu nascimento. Este relato milagroso não consta em nenhuma outra Escritura Sagrada, nem mesmo no NOVO TESTAMENTO, senão. no Alcorão.

Prosseguindo o recém-nascido, Jesus bebê, diz à gente de Nazaré que terá, ele, uma vida limitada, com duração pré-estabelecida por Deus. E ele morrerá! E será ressuscitado. E Deus abençoou-o, com paz e segurança, no dia de seu nascimento, no dia de seu passamento. e no dia em que será ressuscitado:

"Ele (o bebê Jesus) falou-lhes: Eu sou um servo de Deus, deu-me o Livro (Evangelho) e me fez Profeta. E fez-me abençoado onde eu estiver, e recomendou-me orar e fazer caridade (ZAKAT) enquanto eu estiver vivo. E ser sempre bom filho para minha mãe, e jamais me tornar malfeitor, déspota. E (Deus) me deu paz no dia que nasci, no dia quando eu morrer, e no dia que for ressuscitado."

Alcorão 19:30,31,32,33 35

0 texto corânico, aqui, é claríssimo quanto à morte de Jesus e sua ressurreição, e repete-se em muitas outras passagens do Alcorão Sagrado. Não cabendo, pois, discussões, dúvidas ou quaisquer interpretações em contrário. Assim é Jesus, Filho de Maria, no contexto corânico, tocante a ele e à sua existência.

Filhos... têm-nos os mortais, para se perpetuarem! Têm-nos os fracos, para apoiarem-se! Mas Deus é ETERNO, PERPÉTUO, e jamais desaparecerá. Deus é TODO-PODEROSO, não precisa de auxílio! Diz o Alcorão:

 

"Assim é (a história) de Jesus, Filho de Maria, o relato verdadeiro no qual ainda divergem. Não é cabível que Deus tenha um filho (próprio). Glorificado seja! Se (Deus) quisesse algo baste-lhe dizer

"SÊ", para acontecer."

Alcorão 19:34,35, 36

 

JESUS: PREGADOR RELIGIOSO

Depois de lançarmos uma rápida olhada sobre o nascimento de Jesus, conforme está sintetizado no Sagrado Alcorão, passamos a analisar o modo como ele é enfocado, no tocante a seu aspecto principal: Jesus pregador religioso. Diz Deus no Alcorão:

"E Deus ensinará a ele (Jesus) o Livro e a sabedoria e a Torá e o Evangelho. E (o enviará) Apóstolo aos filhos de Israel (para dizer-lhes): Trago-vos um milagre de Vosso Senhor. Plasmarei do barro uma figura de ave, e quando eu nela soprar, será ave verdadeira (viva) pela ordem de Deus. Ainda curarei o cego e o leproso. E ressuscitarei os mortos com a permissão de Deus. E profetizarei sobre o que consumís e guardais em vossas casas. Nisso tudo há sinais para vós se sois crentes (se tendes fé). E confirmo (o conteúdo) da Torá, e liberarei para vós parte do que vos foi vedado. Eu vim da parte de Vosso Senhor com um sinal, remei a Deus, pois, e obedecei-me. Deus é Meu Senhor e é Vosso Senhor, adorai-O! Porque esta é a senda reta." 1

Alcorão 3:48,49,50,5137

Nós já dissemos que a segunda mais extensa das Suratas do Alcorão, a de AL IMRÁN, tem por título o nome do pai da Virgem Maria, e a Surata é intitulada: MARIAM, ou seja: Maria, o nome da mãe de Jesus, acrescentamos que a 5a Surata do Alcorão, em árabe: AL MAIDAH, ou seja: a mesa servida, refere-se ao milagre de Jesus na ocasião da multiplicação dos pães, relatada nos evangelhos. Pois bem, nessa Surata do Alcorão, Deus diz

 

---No dia em que Deus convocará Seus Apóstolos (Profetas), e lhes perguntará: Como fostes recebidos? Dirão: Nós não sabemos, mas VÓS é Onisciente. Então Deus dirá: 0 Jesus, Filho de Maria, lembra-te da Minha Graça sobre ti e sobre tua mãe. te fortaleci com o Espírito Santo, te ensejei falar às gentes tanto quando ainda eras bebê. como na tua velhice, e ensinei-te o Livro (ou a escrita) e a sabedoria e a Torá e o Evangelho. De quando com minha permissão modelaste - de barro - uma forma de ave, e sopraste nela, transformou-se uma ave com vida, com minha ajuda. E curaste o cego e o leproso com minha permissão. E ressuscitaste os mortos com minha permissão. E te protegi dos filhos de Israel, quando apresentaste aos mesmos os SINAIS, e os incrédulos dentre eles disseram que aquilo que realizaste era pura magia. Ainda (Deus) disse aos discípulos: Crede em MIM e em Meu Enviado (Jesus). E os discípulos disseram: Nós cremos. Testemunha pois (o Deus) que somos muçulmanos.

Alcorão 5:109,1 10,11138

Esta seqüência de versículos corânicos, primeiro. da Surata AL IMRÁN (3:48, 49,50,51), e depois da Surata AL MÁIDAH (5109,110,111), nos definem, amplamente, aquilo que o Sagrado Alcorão confere a Jesus Cristo, de caráter religioso.

1o- Deus ensinou a Jesus o Livro (ou ler e escrever).

2o- Deus ensinou a Jesus a Sabedoria

3o- Deus ensinou a Jesus a Torá e o Evangelho.

4o- Deus enviou Jesus como Apóstolo para os filhos de Israel.

5o- Deus propiciou a Jesus a realização de milagres, com a ajuda de Deus, tais como. alentar formas de aves, curar enfermos da cegueira e da lepra, etc ressuscitar mortos, e adivinhar o que os filhos de Israel armazenavam - e comiam -- em suas moradias,

6o- Deus reunirá todos os Profetas-Apóstolos para saber deles como desempenharam suas missões, inclusive Deus perguntará - especialmente a Jesus Cristo, depois de enumerar Suas Graças a ele e à mãe dele: Maria.

7o- Deus fortaleceu Jesus com o Espírito Santo

8o- Deus ensejou a Jesus falar às gentes - milagrosamente – quando nasceu, e quando idoso, 92 - Deus permitiu a Jesus realizar SINAIS miraculosos. Os discípulos de Jesus invocaram o testemunho de Deus de que acreditaram em Jesus e que eram fiéis a Deus (muçulmanos).

Estes dez pontos constantes do Sagrado Alcorão, e que qualificam a missão apostólica de Jesus Cristo e a natureza de sua pregação religiosa e as circunstâncias que marcaram suas atividades... Estes pontos fazem parte integrante da fé dos muçulmanos.

Como o nosso objetivo, neste livro, é demonstrar os pontos comuns, as convergências entre o Islamismo e o Cristianismo, a partir das bases Sagradas de ambos, vamos verificar se os pontos constantes no Alcorão Sagrado coincidem com o NOVO TESTAMENTO, parte integrante da Bíblia Sagrada, na qual acreditam os cristãos.

12 - 0 Alcorão diz que Deus ensinou a Jesus a escrita.

João 7:14 -Os judeus diziam de Jesus: Como sabe este letras, sem ter estudado ?

0 Evangelho segundo São João 7:14

22 - 0 Alcorão diz que Deus ensinou a Sabedoria a Jesus.

João 7:15 ---Respondeu-lhes Jesus: o meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou.

0 Evangelho, segundo São João, 7:15

João 8:28---Nadafaço por mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou.-

32 - 0 Alcorão diz que Deus ensinou a Jesus a Torá e o Evangelho.

Mateus 5:17---Nãopenseis que vim revogar a lei (da Torá) ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir.-

0 Evangelho, segundo São Mateus 5:17

42 -0 Alcorão diz que Deus enviou Jesus como Mensageiro para os filhos de Israel. Que diz a Bíblia?

A - Jesus diz em Mateus 15:24

---Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel.-

0 Evangelho, segundo São Mateus 15:24

B - Em Mateus 10:6, Jesus orienta seus discípulos:

---... procurai as ovelhas perdidas da Casa de Israel---.

 

C - Nos atos dos apóstolos 11: 19 ---... não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.

5o- - 0 Alcorão confirma que Deus propiciou a Jesus operar vários milagres, ressaltando que os operava com a permissão (ajuda) de Deus. Que diz a Bíblia Sagrada sobre isto?

A - 0 próprio Jesus diz, conforme o evangelho de São João 5:30

---Eu nada posso fazer de mim mesmo... não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.

B - E Jesus diz, em Mateus 12:28

'... Eu expulso os demônios, pelo Espírito de Deus.

C - E Jesus diz, em Lucas 11:20

---Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus.

Depois de comprovarmos, com textos do NOVO TESTAMENTO, que Jesus sempre atribuiu a Deus os milagres por ele realizados, vamos comprovar, do mesmo modo, alguns milagres especificados:

A - 0 Alcorão diz que Jesus fazia viver aves de barro.

Este milagre realizado por Jesus, não consta no NOVO TESTAMENTO por um motivo importantíssimo: os quatro evangelhos registram APENAS os fatos havidos posteriormente a esse feito milagroso de Jesus. Mais adiante, abordaremos, especificamente a questão: Evangelho.

B - 0 Alcorão diz que Jesus curou cegos. E a Bíblia?

No Evangelho, segundo São Mateus, 20:34 ---Condoído, Jesus tocou-lhes os olhos e imediatamente recuperaram a vista.

No Evangelho, segundo São Marcos, 10:52 -Jesus diz ao cego mendigo, Bartimeu: vai, a tua te salvou. E imediatamente tornou a ver.--C - 0 Alcorão Sagrado assinala que Jesus, com a ajuda de Deus, ressuscitou mortos. Que diz a Bíblia Sagrada?

No Evangelho, segundo São João 11:43-44 ---E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, vem para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados, e o seu rosto envolto num lenço Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.-"

 

IMPORTANTE: Não apenas Jesus dissera que fazia os milagres com a ajuda de Deus, mas os apóstolos (dele) também acreditavam que Deus permitiu a Jesus a operação de milagres:

-Varões israelitas, atendei a estas palavras.- Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós.

Atos dos apóstolos 2:22

7o- 0 Alcorão diz que Deus fortaleceu Jesus Cristo com o Espírito Santo. Que diz a Bíblia a este respeito?

No Evangelho, segundo São Lucas 4:1 -Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e foi guiado pelo mesmo Espírito Santo, no deserto.-

IMPORTANTE: Temos uma visão interessante sobre a figura - e o termo ESPíRITO SANTO constante do NOVO TESTAMENTO. Iremos detalhá-la mais adiante.

8o- 0 Alcorão diz que Jesus falou ao nascer, para inocentar a mãe dele. Este milagre propiciado por Deus a Jesus, não consta da Bíblia Sagrada dos cristãos, a exemplo do milagre de vivificar as aves, realizado por Jesus. São, portanto, dois portentosos feitos de Jesus que somente o Alcorão documenta!

Nesta questão de Jesus falar às gentes, há um detalhe que chama a atenção: o Alcorão diz que Deus ensejou a Jesus falar às gentes "Quando no berço, e na velhice". Historicamente, diz-se que Jesus viveu 33 anos. Que diz a Bíblia sobre isto?

A - No Evangelho de São Lucas 3:23

---Tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério.

B - Já no Evangelho de São João 8:57, disseram a Jesus:

---Ainda não tens cinqüenta anos, e viste a Abraão?-

Observa-se que entre 33 e 50 anos, há uma grande diferença de anos!

9o- 0 Alcorão diz que Deus permitiu a Jesus a realização de SINAIS miraculosos -além dos milagres já enfocados -, como a vinda de alimentos dos céus, fato que o Novo Testamento denominado como "multiplicação dos pães". Ainda a Bíblia registra vários outros sinais realizados por Jesus, como caminhar sobre as águas, por exemplo.

Diz o Alcorão Sagrado (Palavra de Deus) no capítulo 19:30,31,32,33:

"Ele (o bebê Jesus) falou: Eu sou um servo de Deus, deu-me o Livro, e me fez Profeta. E fez-me abençoado onde eu estiver, e recomendou-me orar e fazer caridade enquanto estiver vivo. E ser sempre bom filho para minha mãe, e jamais me tomar malfeitor, déspota. E (Deus) me deu paz no dia que nasci, no dia em que eu morrer, e no dia que for ressuscitado."

Alcorão 19:30,31,32,3339

Portanto, várias qualificações estão no Alcorão sobre Jesus Cristo. Vamos comparar o que diz o Alcorão com o que diz a Bíblia.

1o- Jesus, no Alcorão, é qualificado como SERVO DE DEUS, e na Bíblia Sagrada?

Vamos transcrever 4 passagens:

A - No Evangelho de São Mateus 12:18

---Eis aqui o meu servo, que escolhi o meu amado.

B - No evangelho de São Marcos 10:45

---Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir. . .--

C - Pedro disse aos israelitas; em ATOS DOS APóSTOLOS 3:13

---0 Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó... Glorificou a seu servo Jesus. . .--

D - Os discípulos de Jesus disseram em Atos 4:27

---... o teu Santo servo Jesus.

22 - 0 Alcorão diz que Deus deu um Livro a Jesus. Que diz sobre isto a Bíblia Sagrada?

A - Marcos 1:14

---Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus.

B - Romanos 1:1

, 'Separado para o evangelho de Deus.

C - Apocalipse 14:6

"Tendo um evangelho eterno para pregar.

 

3o- 0 Alcorão Sagrado diz que Jesus foi feito Profeta pela vontade de Deus. Diria, a Bíblia Sagrada, o mesmo? Vejamos:

A - No Evangelho de São Marcos 6:15

---Outros diziam: é Elias; ainda outros: É profeta como um dos profetas.-

B - No Evangelho de São Lucas 7:16

---Todos ficaram possuídos de temor, e glorificaram a Deus dizendo: Grande Profeta se levantou entre nós. . .-

C - Dois dos discípulos de Jesus dizem, conforme o Evangelho de São Lucas 24:19 e explicaram o que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta.

D - A mulher samaritana também o diz, conforme o Evangelho de São João 4:19

---Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu és profeta.

E - 0 próprio Jesus se diz profeta. Isto está nos evangelhos de São Mateus, São Lucas e São João.

São Lucas 4:24

---E prosseguiu: De fato vos afirmo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra.

São Mateus 13:57

... Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra senão na sua terra e na sua casa.-

São João 5:46

---Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim. Aqui , Jesus compara a si próprio com Moisés, que foi profeta.

42 -0 Alcorão diz que Deus abençoou Jesus para sempre. E a Bíblia, que diz?

No Evangelho de São Mateus 21:9

-Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

Por isto, soa estranha... estranhíssima uma passagem do NOVO TESTAMENTO, mais precisamente na epístola de Paulo aos Gálatas 3:13 -Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeira. -Para nós, muçulmanos, é inaceitável dizer que Jesus é maldição, ou estaria ele incluído na maldição de todos que forem pendurados em madeiro!

D E U S

Toda concepção religiosa. toda crença, toda fé, toda doutrina, toda religião, enfim, começa a partir de Deus. Não acreditar em Deus, significa não religiosidade.

Partindo deste raciocínio, vamos saber como Deus é concebido pelas três religiões: a Muçulmana, a Judaica e a Cristã. Isto se acreditarmos que o VELHO TESTAMENTO expressa os postulados judaicos, e o NOVO TESTAMENTO expressa os postulados cristãos, e o Alcorão expressa os postulados islâmicos. E é pesquisando estas Escrituras Sagradas que chegaremos ao entendimento de judeus, cristãos e muçulmanos a respeito de Deus.

12 - Nossa norma será citar, por primeiro, o conceito corânico sobre Deus (e Seus Atributos), em segundo lugar, o conceito do Velho Testamento, e em terceiro lugar, o conceito do Novo Testamento.

0 Alcorão Sagrado, por ser a Palavra de Deus, dá - somente em três vocábulos - a mais ampla definição de Deus:

 

"Nada é igual a Ele (Deus). .

Alcorão 42:11 41

Em árabe: "LAIÇA CAMIÇLIHí CHAIF Em outras palavras: "Nada do que existe nos cosmos, nada do que conhecemos, nada do que todos os seres são, ou possam saber, pode ser comparado a Deus."

Se nada - nem ninguém - se iguala (ou se compara) a Deus, então concluímos que Deus, além de ser 0 CRIADOR de tudo, é: ETERNO (imortal), IMATERIAL (incorpóreo), Invisível, IMUTÁVEL, INFALÍVEL, ONIVIDENTE, ONISCIENTE, ONIPOTENTE, ONIOUVINTE, TODO-PODEROSO, etc...

Para completar o conceito islâmico sobre Deus, trazemos este versículo corânico:

 

"A visão não 0 alcança, mas Ele (Deus) alcança a visão (tudo vê). Ele (Deus) é Invisível, Onisciente."

Alcorão 6:103 42

22 - Agora, vamos ao Velho Testamento, parte integrante da Bíblia Sagrada, que encerra as crenças judaicas:

A - No Livro de DEUTERONÔMIO 4:12

---Então o Senhor vos falou do meio do fogo, a voz das palavras ouvistes, porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma Conclusão: Deus é Invisível, por ser incorpáreo

13 - No Livro de PROVÉRBIOS 15:3

-Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons. -- Conclusão: Deus é Onividente, Onipresente.

C - No Livro de 11 CRÔNICAS 16:9

---Porque , quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a term.

D - No Livro de MALAQUIAS 3:6, Deus é quem diz:

---Porque eu, 0 Senhor, Pião mudo. Conclusão: Deus é ETERNO, IMUTÁVEL.

E - No Livro de números 23:19

---Deus não é homem, para que minta, nem filho do homem, para que se arrependa.-- Conclusão: Deus não é de natureza humana, não mente (é Infalível), e não se arrepende (é ONISCIENTE).

3o- NO NOVO TESTAMENTO:

A - No Evangelho de São João 1: 18

-Ninguém jamais viu a Deus. Também na 1a- Epístola de João 4:12 Conclusão: Deus é INVISÍVEL, portanto: Incorpóreo.

B - No Evangelho de São João 5:37, Jesus diz:

---0 Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma.-- Conclusões: Deus é IMATERIAL, INCORPóREO. E Jesus foi ENVIADO por Deus.

 

C - No Evangelho de São João 4:24, Jesus diz:

-Deus é espírito, e importa que seus adoradores 0 adorem em espirito e em verdade.--

Conclusões: Deus não é MATÉRIA, e a Ele deve-se ADORAR.

D - Em 1 Timóteo 6:16

---0único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. Conclusões: unicamente Deus é IMORTAL, INACESSÍVEL.

E - Em 1 Timóteo 1: 17

-Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória...

Conclusão: repetem-se os Atributos de Deus: ETERNO, IMORTAL, INVISíVEL, além de um dado novo: Deus único!

Recapitulando os textos bíblicos: do VELHO TESTAMENTO e do NOVO TESTAMENTO, que os cristãos têm como PALAVRA de Deus, encontramos os seguintes conceitos - e definições - sobre Deus: INCORPóREO, IMUTÁVEL, INFALÍVEL, INVISÍVEL, ETERNO, IMORTAL, ONISCIENTE, ONIVIDENTE, ONIOUVINTE, ONIPRESENTE, ONIPOTENTE, INACESSíVEL, IMATERIALIZADO, TODO-PODEROSO, CRIADOR DE TUDO, etc. 43

Haveria humano algum - ou outrem - com semelhantes atributos e qualificações?

A UNICIDADE DE DEUS

Na Religião Muçulmana, o ponto mais importante, o primeiro pilar, a base firme e insubstituível é: A UNICIDADE DE DEUS.

Não há outro adorável... senão Deus!

LÁ ILÁHA ILLAL LÁH.

0 Alcorão Sagrado, o Livro do Islamismo, atesta, em muitos versículos, que Deus é UM, único!

 

"Deus é o único adorável, é o Senhor sempre VIVO, sempre Presente (Onipresente).

Alcorão 2:255 44

"Na verdade, Deus é UNO (único adorável). Glorificado seja. . ."

Alcorão 4:1714,5

Mais do que isso: o Alcorão Sagrado afirma que todos os Profetas - Enviados por Deus, pregaram a UNICIADE de Deus:

 

"A todos os Apóstolos (que Deus enviou) antes de ti (Ó Muhammad) revelamos: não há outro deus senão Ele (Deus), adorai-me , pois."

Alcorão 21:5 46

Desnecessário nós nos estendermos mais quanto à ênfase que o islamismo confere à fé em Deus único e UNO, pois é sobejamente conhecida. Basta dizermos que o Alcorão Sagrado diz que a condição primeira, prioritária e eliminatória, para a salvação do gênero humano, é EXATAMENTE, a fé num Deus único e Uno:

 

"Deus não perdoa (jamais) que se adorem outros junto a Ele, e perdoa todo o mais aquém disso, para quem Ele quizer. .."

Alcorão 4:48 47

Por ser este ponto controverso, especialmente entre cristãos e muçulmanos, pesquisamos na Bíblia Sagrada, o Livro seguido pelos cristãos, sobre a UNIDADE e a UNICIDADE de Deus. Eis o que encontramos:

A - NO VELHO TESTAMENTO:

1o- No Livro de DEUTERONÔMIO 4:35

---A ti foi mostrado para que soubesses que 0 SENHOR é Deus, nenhum outro há senão Ele. . .

2o- - No Livro de DEUTERONÔMIO 4:39

-Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus em cima no céu, e em baixo na terra, nenhum outro há.' 48

3o- - No Livro de DEUTERONÔMIO 6:4

-Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.

4o- - lsaías 44:6

-Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, 0 Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus.- 49

5o- - lsaías 45:5

-Eu sou o Senhor, e não há outro, além de mim não há Deus.

6o- - Isaías 46:9

-Lembrai-vos das cousas passadas da antigüidade; que eu sou Deus e tão há outro, eu sou Deus e não há outro semelhante a Mim .,, 50

Portanto, provado está, cabal e i insofismavelmente, que a Bíblia Sagrada dos cristãos (VELHO TESTAMENTO) coincide totalmente com o Alcorão Sagrado dos muçulmanos que prega a existência - e a adoração - de um só Deus, único e Uno!

NO NOVO TESTAMENTO:

1o- No Evangelho, segundo São Mateus, 23:9 (Jesus diz às multidões):

---A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso pai, aquele que está no céu. -

2o- - No Evangelho, segundo São Marcos, trava-se um diálogo entre Jesus e um escriba, cap. 12:28,29,30,31,32

"Qual o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu jesus : 0 principal é: ---"Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Não há outro mandamento maior do que este , Disse-lhe o escriba: ---Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que Ele é o único, e não há outro senão Ele.

3o- - 1 Timóteo 1:17

"Assim ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém.

4o- - Judas 1:25

---Ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo... antes de todas as eras.

5o- - Romanos 3:30

---Visto que Deus é um só.

6o- - 1 Coríntios 8:6

'Para nós há um só Deus, o Pai. -

7o- - Gálatas 3:20

mas, Deus é um.-

8o- - Efésios 4:6

---Um só Deus, e Pai de todos.

Limitamo-nos a transcrever estas oito passagens do NOVO TESTAMENTO, pois há muitas outras, tanto no NOVO como no VELHO TESTAMENTO, as quais comprovam que a Bíblia Sagrada dos cristãos anuncia, apresenta e prega UM DEUS CÍNICO, exatamente igual ao que prega o Sagrado Alcorão dos muçulmanos.

 

 

41. Surata de AL CHÚRA.

42. Surata de AL AN'ÁM.

43 Conceitos iguais aos dos espíritas, seguidores de ALLAN KARDEC.

44. Surata de AL BACARAH

45. Surata de AL NIÇÁE Outras passagens corânicas sobre a unicidade de Deus 3:64,79 / 4 116,125 / 21:25,

46. Surata dos Profetas, 47 Surata de AL NIÇÁE

48. Semelhante sentido contêm os versículos corânicos: 6:3 43:84. 49. Semelhante sentido contém o versículo corânico 57:3. 50. Sentido idêntico ao do versículo corânico 42:11.

 

JESUS CRISTO: SERIA DEUS, OU ENVIADO DE DEUS?

 

0 Sagrado Alcorão não deixa quaisquer dúvidas de que Jesus não é Deus, e sim: Enviado de Deus:

 

"Ó adeptos do Livro (Evangelho): não vos fanatizeis em vossa religião, e não dizeis sobre Deus senão a verdade. 0 Messias, Filho de Maria, não é mais do que um Enviado de Deus e Sua Palavra (Verbo, Logos) que lançou à Maria..."

 Alcorão 4:17151

 "0 Messias, Filho de Maria, não é mais que um Enviado de Deus (Apóstolo), como os Apóstolos que o antecederam. A mãe dele (Maria) era Beata. Contudo, ambos (Jesus e Maria) ingeriam alimentos. .

 Alcorão 5:75 52

 Assim, e de modo CATEGÓRICO, Deus (que é o autor do Alcorão) define que Jesus foi: 12 - Enviado de Deus. 2o- - Palavra Divina (VERBO) lançada à Maria 39 - Igual aos demais Profetas-Apóstolos de Deus. 4-0 - Ingeria alimentos.

 Nós vamos apresentar versículos da Bíblia Sagrada - dos cristãos mais precisamente do NOVO TESTAMENTO, que comprovam - e corroboram - as afirmações do Sagrado Alcorão.

 51. Surata de AL NIÇÁE. 52. Surata de AL MAIDAH.

 

A - No Evangelho, segundo São Mateus, Jesus diz aos discípulos 10:40

 

---Quemvos recebe, a mim me recebe, e quem me recebe recebe aquele que me enviou.­

 

Conclusão: o próprio Jesus se diz: ENVIADO.

 

B -Jesus, igualmente diz - e reitera - que é ENVIADO, isto está no Evangelho de São Marcos 9:37

 

---... e qualquer que a mim me recebe, não recebe a mim, mas ao que me enviou."

 

C - Jesus diz a seus discípulos, segundo o Evangelho de São Lucas 10:16

 

---Quemvos der ouvidos, ouve-me a mim; e, quem vos rejeitar, a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar, rejeita aquele que me enviou.

 

D -- Jesus diz, conforme o Evangelho de São João 17:3

 

---Ea vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.-­

 

Claríssimo está, nestes versículos bíblicos, transcritos dos quatro evangelhos do NOVO TESTAMENTO, que Jesus Cristo foi ENVIADO de Deus, como o diz o Alcorão Sagrado, e chamamos a atenção para o fato de que Ele próprio, Jesus, quem o diz!

 

Se Jesus é ENVIADO de Deus, conforme coincidem o Alcorão e a Bíblia, ele não pode ser Deus, pois seria o Enviado dele próprio!

 

Vamos, portanto, demonstrar, fartamente, que Jesus não é Deus. Jamais apresentou-se como Deus. Nem disse que 0 era. Nem seus discípulos 0 chamaram de Deus. Nem seus apóstolos e seguidores próximos 0 consideravam Deus.

 

O ALCORÃO NEGA A DIVINDADE DE JESUS

 

Deus, cuja Palavra é o Alcorão Sagrado, nega, CATEGORICAMENTE, a divindade de Jesus:

 "Incorrem em blasfêmia aqueles que disseram que: "Deus é o Messias, Filho de Maria". Dize (ó Muhammad): Quem poderia fazer algo se Deus quisesse aniquilar o Messias, Filho de Maria, e a mãe dele (inclusive) e todos os sares da terra? Unicamente a Deus pertence o reino dos céus e da terra, e tudo quanto há entre ambos. Deus cria o que Lhe apraz, e é Todo­Poderoso."

Alcorão 5: 1753

 E Deus reitera isto, em outra passagem do Alcorão:

 "Blasfemaram aqueles que disseram que Deus é o Messias, Filho de Maria. 0 próprio Messias dissera: "Ó filhos de Israel, adora! a Deus que é Meu Senhor e Vosso Senhor". Quem crê em semelhantes a Deus (quem for politeísta), Deus lhe impedirá, para sempre, o acesso ao paraíso, e sua morada é o inferno. 0 Messias, Filho de Maria, não é mais que um Apóstolo (de Deus) como os Apóstolos que o antecederam, e a mãe dele era uma Beata, contudo, ambos (Jesus e Maria) ingeriam alimentos.. ."

 Alcorão 5:7251 

Estes versículos corânicos não deixam quaisquer dúvidas quanto à natureza humana de Jesus Cristo, e, conseqüentemente, considera-se blasfêmia endeusá-lo.

Repetimos: o Alcorão é Palavra textual e Sagrada de Deus, revelada a Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.) portanto, não é afirmação de nenhum ser humano. Os muçulmanos acreditam - piamente - na procedência divina do Alcorão. 

Nós fomos procurar na Bíblia Sagrada dos cristãos, para constatarmos se havia -nela - alguma prova de que Jesus era homem, e não Deus. Eis o que encontramos:

1 - No Novo Testamento, Jesus jamais diz que é Deus. Ao contrário: sempre falou - e ressaltou - de que era diferente - e menor - de Deus, e que ele, Jesus, pronunciava o que Deus lhe determinava, e fazia o que Deus lhe ordenava. Exemplos:

 A - No Evangelho de São João 20:17

 --Recomendou-lhes Jesus: Não r~ detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os Pneus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus.-­

53. Surata de AL MÁIDAH. 54. Surata de AL MÁIDAH.

 Chamamos a atenção para três considerações, neste versículo:

 1a- - Jesus declara estar num nível diferente daquele do Pai (Deus), quando diz: SUBO.

 2a- - Jesus iguala a si mesmo com os demais humanos, chamando-os "meus irmãos".

 3a- - Exatamente como no versículo corânico (5:17), Jesus diz: meu Deus e vosso Deus".

 B - Jesus diz, segundo o Evangelho de São Mateus 23:9 

---Aninguém sobre a terra chameis vosso Pai, porque só um é vosso Pai, aquele que está no céu.

 

Nota-se que Jesus exclui a si próprio quando diz: "a ninguém sobre a terra", e ele, quando falava, estava sobre a terra. Além de que, Jesus afirma sem nenhum equívoco, de que Deus é: "só um. . aquele que está no céu".

 C - No Evangelho de São Marcos 10: 18

 ---Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus.-­ 

Claríssimo está, cristalino, que Jesus questiona aquele que insinua algo, e afirma que ele, Jesus, não é Deus, e ainda reafirma que Deus é um só.

 D - Jesus diz, conforme o Evangelho de São João 14:28

                   ---  pois o Pai é maior do que eu. ---­

Aqui, Jesus estabelece a diferença DIMENSIONAL entre ele e o Pai (Deus), que é MAIOR que ele, e ainda o reafirma no mesmo Evangelho de João 13:16.

 11... nem o enviado é maior do que aquele que o enviou.

Ainda faz distinção entre ele (enviado) e Deus (que o enviou).

 E - Jesus negou que ele possuísse o poder (e a competência) que pertencem a Deus, de acordo com o evangelho de São Mateus 20:23

 ---Entãolhes disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita, e à minha esquerda não me compete fazê-lo; é, porém, para aqueles a que está preparado, por meu Pai.-­

 F - No Evangelho de São Lucas 8:21

 ---Ele,porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam."

 Importantíssimo: Jesus não disse "minha palavra".

 G - No Evangelho de São João 5:19

 ---Entãolhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho do homem (ele próprio) nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai. . .-­

 Eis uma declaração CONTUNDENTE de Jesus quanto à sua própria incapacidade em relação à ABSOLUTA capacidade do Pai, que é Deus.

 H - 0 Próprio Jesus é quem diz, segundo Marcos 13:32

 ---Masa respeito daquele dia ou da hora ni . nguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai.--­

 É desnecessário qualquer comentário a respeito da diferença entre o saber (limitado) de Jesus, e o Saber (ilimitado) do Pai (Deus).

 11 - 0 Alcorão Sagrado, Livro dos muçulmanos, apresenta um argumento fortíssimo sobre a impossibilidade de Jesus ser DEUS, ou seja: Que Jesus e sua mãe ingeriam alimentos.

 Ingerir alimentos foi um fato real, e inegável, na vida de Jesus, de acordo com o Evangelho de São Mateus 11 19. 

Veio o filho do homen, que com e bebe assim como na vida da mãe dele, a Virgem Maria. E ingerir alimentos é uma necessidade corpórea e fisiológica, e a Bíbli  Sagrada dos cristãos diz, como já o demonstramos na página 40 deste livro, que Deus é INCORPóREO, IMATERIALIZADO. Não seria Deus quem necessitasse de alimentar-se para sobreviver, porque Deus é AUTO-VIVENTE.

 Jesus e a mãe dele viviam como todos os humanos. Ingeriam alimentos como todos os seres vivos, pois eram de carne e osso. Quem necessita de alimentação para viver - e sobreviver - obriga~se a urinar e evacuar-se, a fim de eliminar os resíduos alimentares, e isto é INCOMPATÍVEL com a natureza divina. Jesus dormia, cansava e descansava, aborrecia-se, etc. Enfim, tinha, Jesus, todos os sentimentos e as reações comuns a todos os humanos.

 111 - Uma vez mais, vamos procurar na Bíblia Sagrada, o Livro dos cristãos, as provas que corroboram o conteúdo do Sagrado Alcorão que diz: Deus não é Jesus, e Jesus não é Deus.

 A - No VELHO TESTAMENTO, Livro de Isaías 40:28

 ---Nãosabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos confins da terra, nem se cansa nem se fatiga?"

 Mas Jesus se cansava! (E Jesus não é CRIADOR da terra!). Isto está no Evangelho de São João 4:6

 ---... cansado da viagem, assentara-se Jesus junto à fonte

 B - No Velho Testamento, Livro Números 23:19 "Deus não é honrem, para que minta; nem filho do honrem, para que se arrependa.

 Não cabe qualquer vacilação diante deste versiculo bíblico. Ele nega, CATEGORICAMENTE, ser Deus homem ou filho de homem! Contudo, Jesus Cristo sempre se apresentou como: FILHO DO HOMEM. E isso está repetido, no Novo Testamento, por mais de oitenta (80) vezes! Assim como em muitas passagens, o Novo Testamento refere-se a Jesus como: HOMEM ou VARÃO. Exemplos:

 12 - Romanos 5:15 

---0dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo.

 2o- - Evangelho de São Lucas 24:19 -.   e explicaram o que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta.-­ 39 - Timóteo 2:5

 -Porquanto há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus homem .-­

 C - A Bíblia Sagrada dos cristãos, quer no Novo Testamento, quer no Velho Testamento, ensina que Deus não pode ser visto pois não tem forma, e é espírito e não carne. Exemplos: 

12 - Êxodo 33:20 "E (Deus) acrescentou (a Moisés): tão me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.

 2o- - No Evangelho de São João 5:37, Jesus diz:

 ---O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma --­

 Quanto a Jesus, foi visto por muitos e muitos, foi ouvida a voz dele, tinha corpo e forma, inclusive crescia quando menino, segundo o Evangelho de São Lucas 2:52

 ---Ecrescia Jesus em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.-­

 IV - O próprio Jesus disse que Deus é espírito, e não carne: A - Evangelho de São João 4:24 ---Deusé espírito. 

B -Evangelho de SãoJoão 1:18 "Ninguém jamais viu a Deus­

 C - Evangelho de São João 3:6 "0 que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito.

 Ninguém questiona que Jesus nasceu da virgem Maria, e ela era de carne!

Não restando quaisquer dúvidas quanto à natureza HUMANA de Jesus, a partir de vastíssimos exemplos, textos, versículos e conceitos da própria Bíblía Sagrada, o Livro dos cristãos, considerada por eles: a Palavra de Deus, vamos conhecer o que a Bíblia Sagrada sentencia a respeito do homem de carne:

 A - Romanos 1:23

 ---Emudaram a glória de Deus incorruptivel em semelhança do homem corruptível.

 13 - 1 Pedro 3:18

 ---Poistambém Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto sim, na carne, mas vivificado no espírito.

 OBSERVAÇõES: Este texto do Novo Testamento bastaria por si só, e só por si, para provar que Jesus não é Deus, e que Deus não é Jesus. Vejamos:

 19 - Afirma que "Cristo morreu". E a Bíblia diz que Deus não morre jamais, pois é Eterno, Imortal (Timóteo 1:17).

 22 - Afirma que "Cristo morreu... para conduzir-vos a Deus". Então Deus é outro!

 32 - Afirma (pela segunda vez) a morte de Cristo "morto sim" e acrescenta: "na carne". E Deus não é de carne, é apenas ESPíRITO, conforme o diz o próprio Jesus Cristo (João 4:24)

 42 - Não deixa - o texto bíblico - qualquer dúvida de que Jesus é humano, por ser composto de carne (matéria) e de espírito, como todos os humanos!

SERIA, JESUS, FILHO DE DEUS?

 

Nenhuma frase criou tamanha controvérsia, ao longo dos séculos, como a frase composta de três palavras apenas, ou seja: "FILHO DE DEUS".

O Alcorão Sagrado, Palavra textual de Deus, nega, CATEGORICAMENTE, que Jesus tenha sido Filho de Deus, no sentido que os humanos entendem serem os filhos em relação a seus pais-genitores. Para o Alcorão, Deus não necessita de filhos, como necessitam os homens - mortais, finitos e fracos, porque Deus é: IMORTAL, INFINITO e ONIPOTENTE!

 Outra hipótese rejeitada, veementemente, pelo Alcorão, é a de que Deus - para ter filho -- necessita de uma esposa.

 Jesus nasceu de uma mulher: a Virgem Mana- Nasceu de uma mãe, como todos os seres humanos nascem de uma mãe. A diferença, portanto, entre Jesus e os demais humanos, reside no fato de COMO ele foi concebido pela Virgem Maria. Enquanto todos os homens foram - e são - concebidos a partir da fertilização de um óvulo feminino por um espermatozóide masculino, Jesus foi concebido pela Virgem Maria, sem a contribuição de um genitor masculino. Aliás, todos... não. Há uma exceção: ADÃO! Adão não nasceu do processo universal da união, entre um homem e uma mulher- Adão, aliás, foi uma obra (criação) mais portentosa do que a de Jesus. Enquanto Jesus nasceu, milagrosamente, sem um pai (genitor físico), Adão nasceu sem pai e sem mãe, inclusive! Mas nem por isso, Adão adquire natureza divina. Este aspecto, contudo, será por nós analisado no Capítulo: TRINDADE ou UNIDADE?

 Deus diz, no Alcorão Sagrado, que no tocante à sua criação (ou geração) miraculosa, Jesus assemelha-se a Adão:

 "O caso de Jesus, perante Deus, é igual ao caso de Adão: criou-o de barro, e disse-lhe: SÊ". E fez-se!"

 Alcorão 3:5957

 Mas voltemos ao tema: FILHO DE DEUS.

 Ninguém em sã consciência acredita - ou imagina - que Jesus é filho de Deus, como eu e vocês, leitores, somos filhos de nossos pais. Nossos progenitores casaram-se com nossas mães, e então nascemos nós. A virgem Maria não foi esposada por Deus. Portanto, Deus não é Pai físico (carnal, material) de Jesus. É, sim, Pai-Criador. E neste caso, Deus é o Pai-Criador de todos os seres humanos, como todos os seres humanos são, pela CRIAÇÃO, filhos de Deus.

 57 Surata de AL IMRÁN.

 Assim sendo, a qualificação de Jesus como: "Filho de Deus" não o credencia para ser divino, nem para ser Deus, nem para fazer parte da divindade, porque a Bíblia Sagrada confere a outros, além de Jesus, a qualificação de "Filho de Deus", e nem por isso tornaram-se divinos, nem foram chamados "Deus" e nem foram considerados "parte de Deus". Exemplos:

 19 - O Novo Testamento diz que Adão é filho de Deus:

 "Cainã, filho de Enos, Enos, filho de Sete, e este filho de Adão, filho de Deus.

 Lucas 3:38

 20- ----Ospacificadores são chamados filhos de Deus.--Mateus 5:9

 30- -                           -Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe eles.- Nós não somos bastardos: temos um pai que é Deus.

 João 8:41

 40- - "Pois todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.--­

                                    Romanos 8:14 58

 

Leonardo Boff, conhecido teólogo católico. diz em seu livro "Trindade, Sociedade e Libertação", 2a- edição, página 220:

 "Os evangelhos sinóticos nunca colocam na boca de Jesus a expressão filho de Deus.-­"

 Igualmente, o VELHO TESTAMENTO, que abrange tempos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo, contém referências interessantes ao termo 'Filho de Deus' Exemplos:

 10- Deuteronômio 32:19 . 'Viu isto 0 Senhor, e os desprezou, por causa da provocação de seus filhos e suas filhas. Portanto: homens e mulheres são filhos e filhas de Deus!

 29 - lsaías 1:2 

-Ouvi, Ó Céus, e dá ouvidos, ó terra, porque 0 SENHOR é quem fala: criei filhos, e os engrandeci. 

39 - Jó 38:7 

-Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus.-­

 42 - Outros homens, além de Jesus, tiveram por parte de Deus o tratamento individual de "Filho de Deus", como Salomão, e nem por isto Salomão é considerado Deus, ou parte de Deus:

 ---Eulhe serei por pai, e ele (Salornão) me será porfilho.

 11 Samuel 7:14

 59 - Alguns chamam a Jesus, como para diferenciá-lo, de "Filho Primogénito ou Unigênito de Deus". No Velho Testamento, bem antes do nascimento de Jesus, Deus já designara assim a outros, e nem por isso mereceram a DIVINDADE, ou parte dela:

 ---Virãocom choro, e com súplicas os levarei, guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão,- porque sou pai . para Israel, e EFRAIM é o meu primogénito.-­

 Jeremias 31:9 

---Ele(Davi) me invocará dizendo: Tu és meu pai... Fa-lo-ei por isso meu primogénito.--

Salmos 89:26,27

 ---Eacontecerá que no lugar onde se lhes dizia: vós não sois meu povo, se lhes dirá: vós soisfilhos do Deus vivo.-­

Oséias 1: 10

REFLEXÃO: Se o uso do termo "Filho de Deus" ou do termo "Filho Primogênito de Deus" ou "Unigênito", ou o fato de referir-se a Deus como "Pai" ou "Pai Celeste" justificasse, comprovasse ou credenciasse Jesus para a divindade, ou para parte da divindade, seriam: Israel, Efraim, Davi e Salomão individualmente - com mais direito a tal, por serem anteriores, historicamente, a Jesus! Aliás, nesta linha de raciocínio , seria Adão o mais credenciado, pois além de ser o primeiro entre todos, e dele descendem, teria a seu favor o fato de não ter nascido (e não ser gerado) nem de pai humano e nem de mãe!

 E por último, todos os seres humanos teriam este direito, pois são chamados na Bíblia Sagrada, e em centenas de versículos, de:

 FILHOS DE DEUS.

 Seria, então, aceitável, quer lógica quer religiosamente, que os filhos de Deus, TODOS, inclusive Jesus, Filho de Maria, fossem o próprio Deus? ou que fizessem parte de Deus?.

 

Além da constatação do Frei Leonardo Boff de que: -Os evangelhos sinóticos nunca colocam na boca de Jesus a expressão Filho de Deus-, há, ainda, a desautorização do próprio Jesus, EXPRESSA, para que não o chamassem de Filho de Deus, mas sim, que o chamassem "0 Cristo". Isto está no Evangelho de São Lucas 4:41

---Tambémde muitos saíam demônios gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus! Ele (Jesus) porém os repreendia para que não falassem, pois sabiam ser ele o Cristo.-­

 E para encerrarmos este capítulo, 59 transcrevemos este texto bíblico, significativamente importante:

 -Ora, se somos filhos (de Deus), somos também herdeiros, herdeiros de Deus, co-herdeiros com Cristo.-­

 Romanos 8:17 

Este texto bíblico iguala todos os humanos a Jesus Cristo, na condição de "CO-HERDEIROS" de Deus com o próprio Cristo. Ainda o texto define duas partes.- quem herda e quem se herda. De quem se herda é Deus, somente! E quem herdam são OS FILHOS, inclusive Jesus, pois todos são HERDEIROS de DEUS!

 

TRINDADE? ou UNIDADE? Deus: Seria TRINO, ou é UNO?

 

Nós, muçulmanos, acreditamos plenamente - e já o dissemos repetidas vezes, neste livro - que o Alcorão Sagrado é Palavra textual de Deus, portanto, todas as assertivas corânicas, para nós, são verdadeiras e definitivas. 

E o Alcorão nos diz que DEUS é único, UNO. E no Capítulo anterior provamos, com base no Alcorão e na Bíblia Sagrada, que Jesus Cristo é - e foi - de natureza HUMANA.

 Resta analisarmos a figura do "Espírito Santo", para concluirmos se Deus seria TRINO, ou é UNO.

 ESPÍRITO SANTO

O Sagrado Alcorão adjetiva de "Espírito Santo" ao arcanjo GABRIEL, o anjo da revelação, isto é: o intermediário entre Deus e os Profetas-Apóstolos, a quem trazia da parte de Deus As Mensagens como o Alcorão, o Torá, o Evangelho, etc...

 "Dize (ó Muhammad): Foi (o Alcorão) trazido (como revelação) pelo Espírito Santo, da parte de Seu Senhor, verdadeiramente, para fortalecer os que creram, e é (o Alcorão) Guia e Alvíssara para os muçulmanos."

Alcorão 16:102 60

Então, claro está, que, o Espírito Santo - conforme o texto corânico - é um ANJO (GABRIEL) que trazia, diretamente de Deus, as revelações a Muhammad, e antes as trazia aos outros Profetas.

Haveria algum texto semelhante na Bíblia Sagrada? Sim. Há vários.

 1 - Na 2a- Epístola de São Pedro 1:21

 ---Porquejamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto, homensfialaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.-­

 11 Pedro 1:21 

IMPRESSIONANTE: Este versículo da 2a- Epístola de São Pedro coincide, inteiramente, com o entendimento islâmico quanto à revelação divina, a saber:

 1 - As profecias não se dão por vontade humana, mas de Deus.

 2 - Os profetas (todos) são homens (inclusive Jesus).

 3 - Os profetas falaram o que Deus lhes ordenou, e não o que eles quiseram. 

4 - O mais importante: 0 Espírito Santo lhes traz a mensagem. 

Deste modo, temos três partes distintas: A - Deus: quem revela. B - 0 Profeta: a quem destina-se a revelação. C - O Espírito Santo: o intermediário entre Deus e os profetas.

 Seriam, estas três partes, uma UNIDADE?

 11 - No Evangelho, segundo São Lucas 1: 19

 --Respondeu-lhe (a Jesus) o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus.-­

 Lucas 1: 19 

IMPRESSIONANTE (2): Aqui, no Evangelho de São Lucas, o anjo é citado pelo nome: GABRIEL!

Porém, a minha leitura da Bíblia Sagrada dos cristãos, especialmente o Novo Testamento, revelou-me que o termo 'Espírito Santo" indica mais que uma significação, isto é: refere-se a mais de uma entidade. Veremos:

 1                                 O Espírito Santo seria um anjo, como entende-se do Versículo 18 do Capítulo 1 do Evangelho de São Mateus:

 ---Achou-se(Maria) grávida pelo Espírito Santo.-­

 Mateus 1:18 

22 - Há, no Novo Testamento, passagens interessantes a respeito do Espírito Santo, pois o mesmo não revelava APENAS a Jesus, conforme o Evangelho de São Lucas 1:15

 ---Poisele (João Batista) será grande diante do Senhor, não beberá vinho, nem bebida forte, será cheio do Espírito Santo.-­

 Lucas 1: 15 

Atentemos: o que significa nesta passagem de São Lucas, EXATAMENTE, o termo: Espírito Santo?

 Poderia ser, este Espírito Santo, o mesmo referido antes (em Mateus 1:18), por quem Maria achou-se grávida? Poderia ser o Espírito Santo referido neste versículo. . . o mesmo que revelara a SIMÃO:

 -Revelara-lhe (a Simão) 0 Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver 0 Cristo do Senhor.

 Lucas 2:6

 E seria o Espírito Santo que Maria, por meio dele, achou-se grávida, e João Batista "cheio" do mesmo, e SIMÃO avisado por ele "cle que não morreria sem ver antes 0 Cristo do Senhor", e que Jesus o viu descendo como pomba vindo sobre ele (Mateus 3:16) e levou-O ao deserto, seria esse Espírito Santo o mesmo a quem referem-se Marcos 3:29 e Lucas 12:10

 ---Todoaquele que proferir uma palavra contra o filho do homem (Jesus), isso lhe será perdoado; mas para o que blasfemar contra o Espírito Santo, não haverá perdão.

 Lucas 12:10 

-Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno.-­ 

Marcos 3:29

REFLEXõES: Estes dois últimos versículos do Novo Testamento merecem uma leitura mais detida e ATENTA, pois apresentam um Espírito Santo DIFERENTE daquele dos versículos dos itens V e 29. Por quê?

 Porque Este Espírito Santo é bem MAIOR - e mais importante - do que o filho do homem (Jesus), uma vez que blasfemar contra Jesus teria perdão, contudo blasfemar contra o Espírito Santo não teria perdão para sempre, e quem o cometer é considerado: RÉU DE PECADO ETERNO. Ora, na escala dos três componentes da TRINDADE Cristã, 0 Filho (que é Jesus) é maior do que o Espírito Santo, e vem antes dele, mas nos versículos do Novo Testamento (Lucas 1210 e Marcos 3:29) o Espírito Santo é INFINITAMENTE maior do que o Filho do homem (Jesus). 

Aliás, estes dois versículos evangélicos nos fazem entender que o termo ESPÍRITO SANTO - na verdade - refere-se ao próprio Deus- que é MAIOR do que Jesus, e maior de tudo. e de todos. E lembram-nos do versículo do Sagrado Alcorão:

 "Deus não perdoa quem lhe atribuam semelhantes, e perdoa tudo, menos para quem Ele quiser. . .­

                                    ALCORÃO 4:48,11 61

 

Mas voltemos às nossas considerações sobre o EXATO significado do termo: Espírito Santo.

 Leonardo Boff, teólogo católico, assim o define em seu livro: "Trindade, Sociedade e Libertação", 2a- edição, página 63:

 "Espírito Santo (= filologicamente significa vento ou sopro)"

 3o- No Evangelho, segundo São João 14:26

 ---Maso Consolador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vosfiará lembrar de tudo o que vos tenho dito.-­

 João 14:26

 Aqui temos uma nova - e diferente - conceituação do Espírito Santo: Consolador, que poderá ser HUMANO!

 49 - São Paulo, na 1a- epístola aos Coríntios, dá uma outra conceituação ao Espírito Santo:

 61 Surata de AL NIÇÁE.

  ---Acaso,não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus. . .-­

 1 Coríntios 6:19

 50- - São Lucas, em seu Evangelho, dá uma interessante conceituação ao Espírito Santo:

 -Ora, se vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que lhos pedirem.

 Lucas 11:13

 Como essas diferentes conceituações do Espírito Santo nos revelam que este termo não se limita à designação de uma única entidade, na Bíblia Sagrada, revelam também, juntamente com outros ( João 4:2) (1 Pedro 1:12) uma questão gravíssima, ou seja: a questão da TRADUÇAO das Escrituras Sagradas, cujo tema será alvo de um capítulo específico, no fim deste livro .

 Depois de tecermos estas considerações a respeito do terceiro termo da Trindade - o Espírito Santo - retomamos o tema principal:

 Deus, seria Trino? ou Uno?

 A divindade seria: TRINDADE? ou UNIDADE?

 O Sagrado Alcorão, assim fala, sobre a Trindade:

 "Ó adeptos do Livro: não vos fanatizeis em vossa religião e não dizeis sobre Deus senão a verdade. 0 Messias, Jesus, Filho de Maria, é Enviado de Deus, e Sua Palavra (Verbo, Logos) que lançou à Maria, é um Espírito D'Ele (Deus). Acreditai, pois, em Deus, e em seus Apóstolos (Enviados), e não dizeis: "TRINDADE", abstendevos disso, será melhor para vós, porque Deus é UNO (único), Adorável, glorificado seja, impossível que tenha Ele (Deus) um filho (no sentido de gerar, procriar). Pertence a Ele tudo quanto há nos céus e na terra.

 Alcorão 4:171 62

 Neste único versículo, o Alcorão Sagrado diz tudo sobre a natureza de Deus, sobre a natureza de Jesus, e sobre a Trindade.

 12 - Diz que Jesus é ENVIADO de Deus. E a Bíblia Sagrada coincide com o

 Alcorão sobre isto, nas palavras do próprio Jesus:

 ---Quem me recebe, recebe aquele que me enviou.

 Mateus 10:40

 62. Surata de AL NIÇÁE.

---Esle., porém, lhes disse: É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus... pois para isso é que.fui enviado.-­

Lucas 4:43

 ---Equalquer que a mim me recebe, Pião recebe a mim, mas ao que me enviou

 Marcos 9:37

 ---Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em.fazer a vontade daquele que me enviou.

 João 4:34

 Portanto, nos quatro evangelhos, aceitos pelos cristãos como parte da Bíblia Sagrada, o próprio Jesus afirma que é ENVIADO de Deus. Poderia ser, ele, o enviado, e quem envia, SIMULTANEAMENTE?

 20- 0 versículo corânico diz que Jesus é: ESPÍRITO DE DEUS. Este conceito poderia causar alguma dúvida às pessoas. Mas Deus diz na Bíblia Sagrada dos Cristãos:

 ---Poreiem vós (em todos, portanto) o Meu Espírito, e vivereis.

 Ezequiel 37:14

 39 -Já o dissemos, antes, que a expressão Corânica: "Filho de Maria" indica a natureza humana de Jesus, como o indica a expressão evangélica: "Filho do homem". Inclusive vários textos evangélicos não deixam dúvida alguma quanto às reações humanas de Jesus, como: ter fome, ter sono, dormir, despertar, cansar e sentar-se, amar, chorar, comer, beber, sentir alegria, tristeza, medo, etc...

 A - teve fome Mateus 21:18, Marcos 1112

B ----... Despertando-se Jesus---. Lucas 8:24 (Deus não dorme).

 C - -Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto á fonte João 4:6 (Deus não se cansa, nem se fatiga, segundo a Bíblia Sagrada Isaías 40:28). D - -Ora, amava Jesus Marta. . "  João 11: 5

 E - "Jesus chorou (por Lázaro). . ." João 11:35 (Deus não chora),

 49 - Pelo texto do Alcorão, Deus manda que não se diga TRINDADE, e sim: que Deus é UM Só, úNICO adorável, Deus UNO: Unidade!

 Vejamos o que diz o Novo Testamento:

 ---MasJesus lhe respondeu: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto.

 Lucas 4:8

 ---Ea vida eterna é esta: que te conheçam a ti o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

 João 17:13

 Resta alguma dúvida, depois de ler este texto do Evangelho de São João, de que Deus é único, a quem se dedicam culto e adoração, e que Jesus é o enviado dele?

Não é EXATAMENTE isto que afirma o Alcorão?

 50- - Há um texto evangélico que dirime qualquer dúvida, ou seja: fala textualmente em UNIDADE e não em TRINDADE: 

---Sejais aperfeiçoados na Unidade. . .- (João 17:23)

 IMPORTANTE: A nossa leitura do Novo Testamento não nos permitiu ver em nenhum dos quatro evangelhos, em nenhuma epístola dos apóstolos, qualquer referência sobre Deus TRINO. Ao contrário: somente, apenas e unicamente vimos que TODO o Novo Testamento - além do Velho Testamento -- quando refere-se a Deus, qualifica-o de: Deus único, UNO, UM Só.

 Fomos procurar num livro da autoria de um teólogo cristão, católico, cujo título é EXATAMENTE: "Trindade, a Sociedade e a Libertação", 2a- edição, cujo autor é o famoso e respeitado padre Frei Leonardo Boff.

 Lemos o referido livro para entendermos a temática "TRINDADE" a partir da crença cristã, pois a crença islâmica é clara, muito clara, a respeito.

 Na página 52, diz Leonardo Boff:

 "No Novo Testamento não existe ainda uma doutrina trinitária." Portanto, confere com o que dissemos há pouco!"

 Na página 194, diz Boff:

 "Não devemos nunca esquecer que o Novo Testamento jamais usa as expressões: trindade de pessoas e unidade de natureza."

 Na página 195, diz Leonardo Boff: "Trindade foi consagrada no fim do século 11 por Teófilo de Antióquia e por Tertuliano."

 OBSERVEMOS: Leonardo Boff confirma que a concepção trinitária não consta dos evangelhos do Novo Testamento, e nem foi professada pelos apóstolos de Jesus Cristo, nem pelos cristãos nos dois primeiros séculos. Nasceu, portanto, de acordo com um padre cristão e católico, 200 anos depois de Cristo!

 Transcrevemos este trecho do livro do padre Leonardo Boff, página 197:

"A Trindade é um mistério estrito, pois escapa à razão humana compreender como três pessoas distintas possam estar de tal forma umas nas outras que constituam um úNICO DEUS-, é incompreensível à razão humana a absoluta igualdade das pessoas (da Trindade), dado o fato de que o Filho "procede" do Pai e o Espírito Santo do pai e do/ mediante o Filho' foge à razão humana o combinar a radical simplicidade de Deus com a trindade de pessoas." 

As linhas que acabamos de transcrever são de autoria de Leonardo Boff, o grifo, contudo, é nosso.

O Frei Boff, na sua referida obra, página 48, diz:

 "O Pai possui uma anterioridade ao filho, o Pai dá origem ao filho."

 Nós dizemos:

 Deus é o CRIADOR, e tem ANTERIORIDADE.

 Jesus é CRIADO (ou gerado), e é POSTERIOR a Deus, e é, Jesus como humano -da gênese do barro.

 O Espírito Santo é CRIADO (ou espirado), e tem anterioridade em relação ao Filho, porém é posterior ao Pai (Deus), além de ser da gênese da luz, por ser anjo.

 Formariam, assim mesmo, uma UNIDADE?

 "Santo Hilário de Poitier escreve: "A geração é o segredo do pai e do filho. Se alguém acusar a fraqueza da inteligência pelo fato de não conseguir compreender este mistério, embora compreenda separadamente as palavras Pai e Filho, certamente ficará ainda mais acabrunhado ao saber que eu também estou na mesma ignorância. Sim, tamb érn eu não sei, e desisto de saber embora me console, pois os arcanjos o ignoram, os anjos não possuem a inteligência deste mistério, os séculos não o podem compreender, o profeta não o entende, o Apóstolo não o indagou e o próprio Filho não nos disse nada acerca disto. Deixemos, pois, de lamentar-nos."

                                    Preferimos nada comentar acerca destes dizeres de um santo cristão sobre a TRINDADE. Entretanto, antes de encerrarmos este Capítulo, não podemos deixar de assinalar a dificuldade - aliás, reconheci d íssi ma por Santo Hilário - de entender a unidade de Deus na trindade das pessoas, além da gravidade de estender a divinização a outras pessoas. Basta transcrever alguns trechos do livro de Leonardo Boff, "Trindade":

 Maria por força do Espírito Santo, é elevada à altura divina, para que sua maternidade fosse divina e ela, verdadeiramente, sem figura ou metáfora, fosse a mãe de Deus" (página 256). "Maria: morada de Deus" (página 256).

... que o feminino terá na eternidade bem como o masculino uma suma participação na comunhão trinitária" (página 257).

 Maria seria, então... não apenas o templo de Deus, mas o próprio Deus no templo, isto é, o Deus que mora em Maria e que faz nela o templo vivo e verdadeiro" (página 258).

 A partir deste raciocínio nosso, avaliamos bem o gesto de reprovação do Papa João Paulo li, quando da sua última visita ao Brasil, e de sua passagem pela capital gaúcha, Porto Alegre, quando a multidão dissera-lhe:

 "VOCÊ É JESUS CRISTO!"

 O Papa, com o gesto característico que fez com o dedo, e na própria voz alta, de manifesta contrariedade, respondeu à multidão: "Não, não".

É que o Papa, mais do que ninguém, sabe que aquela multidão tem, em Jesus Cristo, o próprio Deus, e se chama o Papa de "Jesus Cristo", facilmente pode associá-lo (o Papa) a Deus, também!

A PALAVRA "SENHOR", NA BÍBLIA SAGRADA

 A exemplo do termo: "Espírito Santo", que na Bíblia designa mais de uma entidade -como já vimos -, e emprega-se para significar mais de um sentido, o vocábulo SENHOR é usado na Bíblia Sagrada (versão portuguesa) para designar diferentes pessoas. Tanto neste caso, como no outro, o motivo a nosso ver, está no âmbito da tradução das Escrituras Sagradas para diferentes idiomas. Para não nos estendermos, transcrevemos, a seguir, alguns exemplos, apenas:

 12 - Onde o vocábulo SENHOR designa Jesus:

 A - -Vós me chamais o Mestre e o Senhor, e dizeis bem; porque eu o sou.-­

 Mateus 20:30

 13 - -Sabendo que aquele que ressuscitou ao Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus.

 11 Coríntios 4:14 Aqui, o vocábulo SENHOR está designando Jesus, mas o texto é inequívoco de que Jesus foi ressuscitado por um outro, e não por ele próprio. Como, pois, é possível que alguém ressuscite a si mesmo e aos outros com ele, se é mortal, e Deus é IMORTAL, Eterno?

 22 - Onde o vocábulo SENHOR designa Deus:

 A ----Poisele (João Batista) será grande diante do Senhor... E a mão do Senhor estava com ele.

 Lucas 1: 15 Senhor, aqui, não se refere à pessoa de Jesus!

 B - -único soberano, o Rei dos reis, e Senhor dos senhores.

 Timóteo 6:15 Também, SENHOR, aqui, não se refere à pessoa de Jesus!

 C - -Tendes ouvido da paciência de Jó, e vistes que fim o Senhor lhe deu.

 Tiago 5:11 Jesus não havia nascido ainda quando Jó sofreu com paciência!

 32 - Onde o vocábulo SENHOR não se refere, de modo algum, à pessoa de Jesus, e onde fica indubitável que Jesus não é Deus, e que Deus não é Jesus.

 A ----Revelara-lheo Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor.­

 A palavra SENHOR, neste versículo, não poderia - de modo algum - estar designando JESUS, e sim: designa DEUS, uma vez que o termo: "Cristo do Senhor' não deixa nenhum equívoco quanto a Cristo pertencer a Deus (o Senhor), e assim, são duas entidades distintas.

 13 - "Bendito o que vem em nome do SENHOR.-­

 Mateus 21:9 / Marcos 11:9

 SENHOR, neste versículo constando nos dois evangelhos, jamais pode estar designando a JESUS, e sim: a Deus. E deixa evidente que Deus é um, e Jesus é outro, pois não poderia Jesus vir em seu próprio nome, diante da redação do versículo que não deixa margem para tal.

A HUMANIDADE DOS ENVIADOS DE DEUS

 O Alcorão Sagrado estabelece, de modo inequívoco, que todos os Profetas-Apóstolos (Enviados de Deus) foram humanos, inclusive Jesus e Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.

 "Não enviamos (Nós: Deus) antes de ti (ó Muhammad) senão homens, aos quais revelávamos. Indaga! aqueles que têm Mensagem (Divina) se o desconheceis. Não os fizemos de natureza que prescindam de alimentar-se, e nem eram imortais."

Alcorão 21:7,8 63

 Estes dois versículos corânicos nos informam de que Deus, dirigindo-se a Maomé, disse-lhe que nenhum enviado de Deus era de outra natureza, nãohumana, evidente está que Jesus inclui-se nisto, uma vez que, historicamente, é anterior a Maomé. 

Como humanos, os enviados de Deus foram CRIADOS (ou gerados). Logo, não poderiam caracterizar-se pela Eternidade (IMORTALIDADE). A isso, refere-se, o Sagrado Alcorão:

 "Nenhum humano anterior a ti (ó Muhammad) teve a imortalidade. Se tu és mortal, como seriam os outros imorredouros?"

 Alcorão 21:3464

 Portanto, expressa o Alcorão, de modo explícito, que nenhum ser humano possui a imortalidade, nem mesmo os Profetas (Moisés, Abraão, Jesus, Maomé, etc. ..).

 Vamos à Bíblia Sagrada dos cristãos, para verificar que conceito tem a mesma, a respeito da humanidade dos Enviados de Deus:

 A - 11 Pedro 1:21

 ---Porquenunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.-­

 13 - Timóteo 2:5 (humanidade de Jesus).

 ---Porquantohá um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus homem.--.  

C - Vejamos a diferença entre: HOMEM e Deus:

---Emudaram a glória de Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível.    Romanos1:23

D - Atentemos BEM para estes dizeres de Jesus Cristo, no Evangelho de São João 3:6

 ---O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.-­

 Jesus nasceu, ou não, da Virgem Maria? Maria era, ou não, de carne?

 63. Surata dos Profetas. 64. Surata dos Profetas. 

Logo: Jesus é carne (nascido de carne), é humano, portanto!

 E - Romanos 5:15

 ---O dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo.

 F - E, finalmente, vejamos este texto bíblico, do Novo Testamento, que encerra palavras de São Paulo:

 ---Dadescendência deste (Davi) conforme a promessa, trouxe Deus a Israel, o salvador, que é Jesus.

 Atos 13:23

 Portanto, na palavra do Novo Testamento, parte integrante da Bíblia Sagrada dos cristãos, e pela boca de São Paulo, Jesus é da descendência de Davi: Homem descendendo de homens!

 A HUMANIDADE DE MUHAMMAD (S.A.A.W.S.)

 

Dentro do capítulo destinado a provar a humanidade (natureza humana) de todos os Profetas-Apóstolos (Enviados de Deus) não podemos esquecer de abordar a condição humana do Profeta Maomé, do mesmo modo que abordamos a humanidade de Jesus.

 Maomé (Muhammad S.A.A.W.S. sempre foi considerado pelos muçulmanos: UM SER HUMANO, jamais o consideraram - e nunca o considerarão - como divino, ou como parte da divindade. Para nós, muçulmanos, Maomé é CRIATURA de Deus, é SERVO de Deus, é ENVIADO de Deus.

 Esta crença dos muçulmanos tem profundo significado e alcance: consolida a UNICIDADE de Deus, que não tem parceiros, nem semelhantes, nem componentes e nem partes.

 Jamais um verdadeiro muçulmano pensou - tampouco tempensará em todos os tempos, e em todos os lugares do universo, em elevar Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.) a nível da divindade. Nós, muçulmanos, obedecemos - e seguimos - a Maomé - porque tudo que ele disse, transmitiu e pregou, era por ele recebido, em revelação, vinda da parte de Deus! Deus que nos ordenou obedecer a Maomé. Esta crença na natureza humana de Maomé está baseada, total e firmemente, no Sagrado Alcorão:

 "Muhammad não é senão um Enviado de Deus, que fôra precedido por outros Apóstolos (enviados). Se, acaso ele morrer ou for morto, retrocedereis? Quem retroceder (na fé) em nada prejudicará a Deus. E Deus recompensa os que Lhe são agraciados."

 Alcorão 3:14465

 65. Surata de AL IMRÁN.

 "Dize (ó Muhammad): "Eu sou humano como vós recebo revelação de que vosso Deus é um Deus único."

 Alcorão 18:11066

 Estes versículos corânicos (mais 21:45 e 6:50) afirmam categoricamente, que Maomé (Muhammad) é APENAS um ser humano, como todos os demais seres humanos; não tem - ele - o conhecimento do futuro que a Deus pertence, não possui a eternidade, é um ser humano, MORTAL, como os outros homens, PORÉM, com uma diferença.. . enorme, básica e divisória: 

JESUS ANUNCIA A VINDA DE MAOMÉ

 

Como já o dissemos muitas vezes neste livro, nós, muçulmanos, cremos que o Alcorão Sagrado é Palavra de Deus, e assim, é TODO Verdadeiro e anuncia unicamente VERDADES.

 OAlcorão nos diz na Surata 61, Versiculo 6, que Jesus Cristo ANUNCIOU a vinda de Maomé (Muhammad S.A.Affi.S.) como Enviado de Deus:

 "E quando Jesus, Filho de Maria, disse: "ó filhos de Israel, eu sou o Enviado de Deus para vós, confirmo o que ainda há (autenticamente) da Torá, e anuncio a vinda de um Apóstolo (de Deus), depois de mim, e chamar-se-á Ahmad (Muhammad)."

 Alcorão 61:6

Neste versículo corânico, temos afirmações claras, indubitáveis e nominais: Jesus diz aos israelenses de seu tempo que ele é "Enviado de Deus" para eles (e não diz que é Deus). Diz, Jesus, que veio para confirmar a Torá. E diz que virá, depois dele, um NOVO Enviado de Deus, cujo nome será AHMAD (sinônimo de Muhammad -Maomé).

 Para nós, muçulmanos, isto é CABAL. Porém, vamos ao Novo Testamento, Escritura Sagrada para os cristãos, para verificarmos se existe algum registro que coincida com o texto do Alcorão, referente à ANUNCIAÇÃO feita por Jesus sobre a vinda de Maomé.

 No Evangelho, segundo São João, há estes textos:

 66. Surata de AL KAHF. 

---Eeu (Jesus) rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador.

 João 14:16

 ---Masaquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.-­

 João 14:26

 --- Já não falarei muito convosco: porque se aproxima o príncipe deste mundo. ---

 João 14:30

 ---Mas,quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade que procede do Pai, ele testificará de mim.-­

 João 15:26

 -Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque se eu não for, o Consolador não virá a vós... E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado e da justiça e do juízo.

 Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.-­

 João 16:7,8,13

 Terminaram os textos evangélicos de São João.

 Antes de mais nada, convém esclarecer aos leitores que o Evangelho de São João -conforme o dizem os próprios cristãos -, foi escrito originalmente em GREGO, e do grego foi traduzido para outros idiomas, inclusive o português. Pois bem, o vocábulo grego que se traduziu: CONSOLADOR, é: PERIOLYTOS, cuja tradução fiei e correta seria: o mais célebre, o ilustre, o glorioso, e não CONSOLADOR, que em grego corresponde a PARACALON.

 AHMAD, ou MUHAMMAD, em árabe, significa exatamente o que significa em grego o vocábulo PERULYTOS.

 A única dificuldade aqui reside em sabermos o termo SEMITA usado por Jesus, que se expressava em ARAMAICO e em HEBRAICO.

 Novamente, seremos forçados a nos referirmos à TRADUÇÃO das Escrituras Sagradas para outros idiomas, fato responsável por muitos equívocos, contradições e confusões até!

 Mas o nosso objetivo prioritário, neste capítulo, é comprovarmos, baseado na Bíblia Sagrada, de que Jesus Cristo ANUNCIOU a vinda, depois dele, de um outro Enviado de Deus, cujo nome será MUHAMMAD (Ahmad), exatamente como o diz o Alcorão (61:6).

O Velho Testamento contém, igualmente, várias anunciações sobre a vinda de Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.), um Profeta das terras da ARÁBIA (terra de Tema), descendente de QUEDAR, filho de lsmael 67.

 Em Deuteronômío 18:18,19

 ---Suscitar-lhes-ei um Profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti (ó Moisés), em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar. ' '

 Sabe-se que os irmãos dos israelitas (filhos de lsaac) são os árabes (filhos de lsmael). E como se sabe que Maomé não sabia ler, então Deus pôs na sua boca (de Muhammad) as palavras divinas (por revelação). E é interessante RELER as palavras de Jesus:

 ---Porque não falará de si mesmo, nus dirá tudo o que tiver ouvido.

 João 16:13

 É interessante, igualmente, ressaltarmos outros pontos já abordados por nós, em outros capítulos deste livro:

 12 - 0 texto corânico (61:6) afirma que Jesus foi enviado por Deus aos filhos de Israel. E a Bíblia Sagrada confirma isto, nas palavras do próprio Jesus: ---Nãofui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.-­

 Mateus 15:24

 E isto repete-se em: Mateus 10:6 / 15:31 e Atos 11:19.

 20- - 0 texto corânico (61:6 diz que Jesus afirmara que veio para confirmar a Torá. A Bíblia Sagrada coincide com o Alcorão sobre isto. Jesus diz: ---Nãopenseis que vim revogar a lei (Torá) ou os profetas.- não vim para revogar, vim para cumprir.--­

                                    Mateus 5:17

 

39 - Os textos evangélicos, segundo São João, 14:26 / 14:30 1 15:26 1 16:13 trazem, como referentes à mesma pessoa (portanto sinônimos), as seguintes denominações:

 - Consolador

- Espírito Santo

- Espírito da verdade - Príncipe do mundo. A nós, interessa sobremaneira, dentre as quatro denominações a: "Espírito Santo", pois já dedicamos à mesma um capítulo próprio, onde demonstramos que esta designação refere-se - na Bíblia Sagrada dos cristãos - a diferentes pessoas, e usa-se para qualificar mais de uma entidade, pessoa ou significação. Nosso entendimento é que tal fato, que causa várias, e diversificadas concepções sobre a figura do Espírito Santo, decorre da TRADUÇÃO das Escrituras Sagradas, cujo tema mereceu um capitulo próprio neste livro.

O MODO DE JESUS ORAR

 

Como este livro objetiva demonstrar, sobretudo, pontos de semelhanças - e de convergência - entre islamismo e cristianismo, achamos por bem fazer um paralelo entre o modo dos muçulmanos orarem (rituais) e o modo de Cristo orar, conforme o descreve o Novo Testamento.

 Impressionou-nos a semelhança.

 1 - Mostramos abaixo a posição de prostração, obrigatória, nas orações (SALAT) dos muçulmanos:

 2 - Vejamos estes textos bíblicos que nos relatam - com detalhes - como Jesus orava:

 A - Mateus 26:39 ---Adiantando-se um pouco, (Jesus) prostrou-se sobre o seu rosto, orando.

 B - Marcos 14:35

 Prostrou-se (Jesus) em terra, e orava.

 C - 1 Coríntios 14:25

 -Prostrando-se com a face na terra, adorarás a Deus.-­

 D - Apocalipse 7:11

 ---E,ante o trono se prostraram sobre os seus rostos e adoraram a Deus.-­

 

---E,ante o trono se prostraram sobre os seus rostos e adoraram a Deus.-­

 

O EVANGELHO, ou OS EVANGELHOS?

0 Alcorão Sagrado diz, em muitos versículos, que Deus revelou a Jesus Cristo, Filho de Maria, por intermédio do arcanjo Gabriel - o Espírito Santo um Livro Celestial chamado: AL INJÍL (evangelho), o qual contém os preceitos de Deus dados a Jesus para os transmitir e ensinar aos homens, especialmente ao povo daquela época. Diz Deus:

 

"Depois enviamos Jesus, Filho de Maria, confirmando o que havia na Torá, e lhe concedemos o Evangelho contendo guiamento e luz e confirmação à Torá, anterior a ele, e com orientações e exortações para os piedosos. Que os adeptos do Evangelho julguem conforme as leis de Deus (reveladas no próprio Evangelho). Os que não julgam com base na revelação divina, considerar-se-ão prevaricadores."

Alcorão 5:46,4768

Temos, destarte, neste texto corânico, inequívocas e claríssimas afirmações ditas por Deus, a saber:

12 -Jesus foi enviado por Deus. Isto o confirma a Bíblia Sagrada dos cristãos em mais de cem (100) passagens do Novo Testamento, como esta: ---E quem me recebe (diz Jesus), recebe aquele que me enviou.

Mateus 10:40

22 - Jesus veio para confirmar a Torá, diz o Alcorão. Isto, também, confirma-o a Bíblia, na palavra de Jesus:

---Não penseis que vim revogar a lei (Torá) ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir.-

Mateus 5:17

68. Surata de AL MADAH,

3o- -0 Alcorão diz que Deus concedeu a Jesus: o Evangelho (no singular), sendo este o tema deste capítulo. A Bíblia Sagrada dos cristãos coincide, plenamente, com o Sagrado Alcorão quanto ao Evangelho ser originário de Deus:

---Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus

Marcos 1:14

Portanto, temos neste texto de São Marcos a confirmação de duas afirmativas corânicas: de que o evangelho é um só (no singular), e de que o evangelho é de Deus.

4o- 0 Sagrado Alcorão diz que o Evangelho contém guiamento e luz. A Bíblia, também:

---Porque de ti (Belém) sairá o guia. (Mateus 2:6)

Cabe, aqui, uma observação: Jesus é GUIA, e não Deus!

-Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregam a palavra de Deus.

Hebreus 13:7

Cabe, outra vez, a mesma observação: os guias pregam (inclusive Jesus) a palavra de Deus, e não a deles!

5o- - 0 Alcorão Sagrado conclama os cristãos, na qualidade de Adeptos do Evangelho, para julgarem de conformidade com o mesmo. Isto constitui uma prova indubitável de que o Alcorão reconhece o Evangelho (no singular) como: LEI DIVINA!

Depois destas cinco (5) observações à luz do texto corânico (5:46,47) retomemos o nosso tema: É o Evangelho? ou seriam: os evangelhos?

0 Sagrado Alcorão jamais cita o Evangelho no plural! Sempre refere-se ao Evangelho no singular. Isto é: para os muçulmanos, há, houve e deveria haver APENAS UM EVANGELHO, o Evangelho revelado por Deus a Jesus Cristo. Isto para nós muçulmanos, é parte da nossa fé, uma vez que o Alcorão é Palavra de Deus!

Vamos acompanhar o que a Bíblia Sagrada dos cristãos nos diz a respeito do Evangelho:

1 Nossa leitura do Novo Testamento comprovou de que em nenhum texto do mesmo fala-se em EVANGELHOS, no plural, mas sempre, e sempre em: o Evangelho (no singular). Basta ler os seguintes exemplos:

Marcos 1: 1 / 1: 14 / 1:15 18:35 / 10:29 / 13:10 / 14:9 / 16:15

Mateus 4:23 / 9:35 / 11:5 / 24:14 / 26:13

Lucas 7:22 / 8:1 / 9:6 / 16:16

Atos 11 :20 / 14:7 / 20:24 / 14:21 15:7 / 1610

Romanos 1:1 / 2:16 / 10:16 1:9 1:15 / 1:16 / 15:16 / 15:19 / 16:25 1 Coríntios 9:12 / 1:17 4:15 9:14 11 Coríntios 2:2 12:12 10:14 11:7 Ainda em: Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses, Timóteo, 1 Pedro e Apocalipse.

Portanto, em mais de 55 vezes, o Novo Testamento fala em UM Só EVANGELHO, e em nenhuma vez fala em evangelhos (no plural). Isto coincide com o Alcorão:

A - Marcos 10:29

---Por amor a mim e por amor do evangelho.-

B - Lucas 8:1

---Andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho.

2 - Nossa leitura do Novo Testamento comprovou que a Bíblia Sagrada diz, também, que: o Evangelho é de Deus, exatamente como o diz o Alcorão Sagrado:

A - Marcos 1:14 ---Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus.-

B - Romanos 1 : 1

-Separado para o evangelho de Deus.

C - Romanos 15:16

---No sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus.-

D - 11 Coríntios 11:7

---Visto que gratuitamente vos anunciei o evangelho de Deus.

E - 1 Pedro 4:17

-Qual será o fim daqueles que não obedecem o evangelho de Deus ?-

Assim, depois destes exemplos, não resta qualquer dúvida de que tanto Jesus, como seus discípulos, pregaram - e sabiam que pregavam - um só evangelho: o evangelho de Deus. É isto que diz o Alcorão!

32 - Em outros textos do Novo Testamento, aparece a designação: "o Evangelho de Cristo". Não constitui isto - a nosso ver - qualquer contradição, pois Jesus recebeu de Deus a missão de pregar, anunciar e divulgar o Evangelho. Então pode-se dizer que o evangelho - que foi revelado por Deus a Jesus - é de Cristo, uma vez que Deus lhe deu aquele Livro para anunciar. 0 importante é que o Novo Testamento fala em UM Só EVANGELHO (no singular), que é de origem divina, dado a Cristo para ser pregado. Eis alguns textos bíblicos falando em "Evangelho de Cristo":

A - Marcos 1:1

---Princípio do evangelho de Jesus Cristo.

13 - Atos 11:20

---Anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus.

C - 11 Coríntios 2:2

---Para pregar o evangelho de Cristo.

Disto que dissemos até aqui, baseado no Novo Testamento, concluímos que havia um só Evangelho, o qual foi pregado por Jesus Cristo por seus discípulos, e depois, por seus apóstolos. Esse evangelho, ora designado "Evangelho de Deus", ora designado "Evangelho de Jesus Cristo", é reconhecido pelo Sagrado Alcorão, o Livro Divino no qual baseia-se a fé islâmica.

Mas qual é a realidade de hoje?

Os cristãos têm, atualmente, quatro evangelhos, ou quatro versões do Evangelho, a saber:

- 0 Evangelho de Mateus, ou segundo São Mateus;

- 0 Evangelho de Marcos, ou segundo São Marcos;

- 0 Evangelho de Lucas, ou segundo São Lucas;

- 0 Evangelho de João, ou segundo São João.

Se havia um só Evangelho: o de Jesus Cristo, revelado a ele por Deus, por que existem, hoje, quatro versões, com várias diferenças entre si, e inclusive, com algumas contradições?

E o mais importante: o Evangelho - a exemplo da Torá e do Alcorão é de origem divina, é revelação de Deus, e por isto, tem - ou teria que ter - o caráter da imutabilidade, da uniformidade, da inalterabilidade. Em outras palavras: o texto divino do Evangelho - como Palavra de Deus - é Escritura Sagrada, é de autoria de Deus, e a nenhum humano, seja quem for ele, é dada a autoridade, ou o direito, ou o credencial para modificar, alterar ou revogar as Palavras de Deus.

Pois bem. Não pretendemos enveredar pelo caminho da análise mais minuciosa dos quatro evangelhos, porque tememos que isto possa ser interpretado como agressivo de nossa parte. E nós, de modo algum, intentamos agredir, porque o nosso objetivo é APROXIMAR (com compreensão) e não afastar, e muito menos acirrar ânimos ou provocar polêmicas. Todavia, não podemos deixar de registrar, a bem da verdade, que buscamos algumas evidências, com o único propósito de ajudar, na busca da própria verdade.

Isto posto, dizemos que a TRADUÇÃO das Escrituras Sagradas, muitas vezes, é responsável por alterações nas mesmas, por modificações dos textos, e às vezes do sentido. Aliás, neste livro há um capítulo específico onde abordamos a temática da tradução dos Livros Sagrados.

Voltando à unidade do Evangelho, à singularida de O Evangelho , dizemos que o Novo Testamento - parte integrante da Bíblia dos cristãos - nos informa que houveram outros evangelhos além dos quatro existentes hoje em dia. Exemplos:

1 10- - 0 Apóstolo Paulo (ex-Saulo) tinha um evangelho, ao qual se refere: "meu evangelho", em mais de uma epístola.

A - Romanos 2:16

---No dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens de conformidade com meu evangelho.-

Aproveitamos este texto para chamar a atenção dos leitores mais uma vez, sobre a compreensão de São Paulo quanto à diferença entre Deus e Jesus.

B - E o apóstolo Paulo, em sua epístola aos Romanos, reafirma que tinha um evangelho dele:

---Para vos confirmar segundo o meu evangelho.-

Romanos 16:25

C - Numa terceira vez, já em sua segunda epístola aos Tessalonicenses, o apóstolo Paulo fala de um evangelho dele com o apóstolo Barnabé:

---Vos chamou mediante o nosso evangelho.

11 Tessalonicenses 2:14

(A propósito: existe um evangelho não reconhecido - apócrifo - de autoria do apóstolo Barnabé, em árabe pronuncia-se: BARNÁBA.)

22 -A leitura atenta do Novo Testamento revela que nos primeiros anos do cristianismo, houve quem apresentasse outro evangelho, diverso daquele de Cristo. Isto confirma-o a palavra abalizada do apóstolo Paulo, em sua epístola aos Gálatas:

---Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho. 0 qual não é outro senão que há alguns que vos perturbaram e querem perverter o evangelho de Cristo.-

Gálatas 1:6,7

Reiteramos, portanto, que da leitura atenta destes versículos do Novo Testamento, aceito pelos cristãos como Livro Sagrado, conclui-se:

A - Havia na época dos apóstolos de Jesus UM evangelho que chamava-se: 0 EVANGELHO DE CRISTO.

B - Que na mesma época houvera OUTRO EVANGELHO.

C - Os "Perturbadores" de então empenharam-se em perverter (falsificar) o Evangelho de Cristo.

D - Que o apóstolo Paulo (São Paulo) recebeu em revelação (ou inspiração?) um evangelho.

Onde estaria - agora - o evangelho de São Paulo?

32 - No Apocalipse 14:6, lê-se:

---... tendo um evangelho eterno para pregar.

Pois bem.- "um evangelho eterno" faz entender que, além de singular, é ETERNO, isto é: IMUTÁVEL, INALTERÁVEL, Infalível, DIVINO. Eterno, como o entendem - e acreditam - os muçulmanos, pois se é Palavra de Deus, não pode sofrer variações, nem esteja sujeito a modificações, exatamente como entendem os muçulmanos e acreditam ser o Alcorão Sagrado: desde a sua revelação a Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.) por Deus, e até hoje, e até sempre, é, e será, o mesmo texto, sem tirar nem pôr uma palavra, uma letra sequer!

Não obstante, constata-se no Evangelho, segundo São Lucas 1:1,2,3

---Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram... Igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo TEÓFILO, uma exposição em ordem.-

Destarte, vê-se que São Lucas escreveu sua versão do Evangelho, depois dele constatar de que muitos outros empreenderam igual trabalho (escrever versões dos fatos). E São Lucas o fez depois de muito investigar... a fim de dá-lo a um excelentíssimo TEóFILO.

Outro ponto importantíssimo a considerar, é: o relato de São Lucas (sua versão dos fatos) abrange a fase posterior à morte de Jesus Cristo, enquanto a REVELAÇÃO de Deus (o Evangelho de Deus) foi feita a Jesus APENAS. Deste modo, há incorporado à narração de São Lucas, algo que não é dito por Jesus, portanto de autoria humana!

49 - No Evangelho, segundo São João 21:24, lê-se:

---Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas cousas, e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

Há neste texto do Evangelho de São João três coisas importantes a destacar

A - 0 Evangelho é apresentado como escrito por João (discípulo).

B - Afirma-se que é "seu testemunho", portanto a 3a- pessoa do singular (de quem está se falando) e não na 1a- pessoa.

C - 0 verbo "sabemos" está na 3a- pessoa do plural!

Conclusão: teria sido o discípulo João o autor real deste evangelho? Teria o escrito sozinho? Sabendo-se que o 42 evangelho fôra escrito em grego, e Jesus Cristo falava hebraico e aramaico?!

Lembramos de dois versículos do Velho Testamento, do Livro de Jeremias: (23:36) e (8:8).

 

DIFERENÇAS ENTRE OS QUATRO EVANGELHOS.

A partir da constatação irrefutável de que Jesus Cristo, seguido por seus discípulos enquanto com eles, e por seus apóstolos, depois dele, pregou UM EVANGELHO que o Novo Testamento designa "Evangelho de Deus", e às vezes: "Evangelho de Jesus Cristo", e outras vezes é designado: "Evangelho eterno" (no Apocalipse 14:6).

A partir disto, conclui-se que este evangelho no singular, tem um texto uniforme e coerente, pois as Palavras de Deus são IMUTÁVEIS e INALTERÁVEIS, e nisto, o Sagrado Alcorão concorda plenamente.

Têm - ou teriam - estas características (da unidade do texto) os quatro evangelhos reconhecidos como sagrados?

Para a resposta, vamos transcrever textos dos evangelhos de São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João, falando todos do mesmo assunto:

12 - Quem carregou, efetivamente, a cruz de Jesus?

A - São João 19:17

---Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário.--

Assim, São João afirma, CATEGORICAMENTE, que Jesus carregou a própria cruz.

B - Todavia, no Evangelho de São Mateus 27:32, lemos:

---Ao sairem, encontraram um Cirineu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.

C - No que concorda São Marcos 15:21

---E obrigaram a Simão Cirineu que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.

PERGUNTA-SE: Quem, realmente, carregou a cruz de Jesus, ele ou Simão?

22 - Qual foi, efetivamente, a hora da crucificação de Jesus?

A - No Evangelho de São Marcos 15:25

---Era a hora terceira quando o crucificaram.

B - Mas no Evangelho de São João 19:14

---E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta.-

C - Já no Evangelho de São Mateus 27:46

---Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

PERGUNTA-SE: Qual foi, precisamente, a hora? 3a- 6a- ou 9a- PERGUNTA-SE (2): Como Jesus é Deus, e chama a outro: Deus meu, Deus meu?

32 -Os evangelhos de São Mateus e de São Marcos relatam o milagre da cura da cegueira, operado por Jesus.

A - No Evangelho de São Marcos:

--- ... Bartimeu, cego mendigo... diz a Jesus: -Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim... e Jesus lhe diz: -vai, a tua te salvou - . E imediatamente tornou a ver. -

Marcos 10:46,47,52

B - No Evangelho de São Mateus, dois cegos dizem a Jesus:

1 'Senhor, que se nos abram os olhos. . .---Condoído, Jesus tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista.

Mateus 20:30,33,34

PERGUNTA-SE: Eram dois cegos, ou um cego somente?

42 - Sabe-se que Jesus Cristo entrou em Jerusalém, no domingo de ramos, montado. Eis como os quatro evangelistas relatam esse episódio:

A - Mateus 21:2 a 7

---Ide à aldeia que ai está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta, e com ela um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos. . . Trouxeram a jumenta e o jumentinho. e sobre eles Jesus montou. -

Mateus 21:2 a 7

B - Marcos 11:2

---E disse-lhes: ide à aldeia que aí está diante de vós e, logo ao entrar, achareis preso um jumentinho no qual ainda ninguém montou: desprendei-o e trazei-o.

Marcos 11:2

C - Lucas 19:30

---Dizendo-lhes: Ide à aldeia fronteira, e ali, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que jamais homem algum montou; soltei-o e trazei-o. -

Lucas 19:30

D - João 12:14

---E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou nele.

João 12:14

PERGUNTA-SE:

1 - Eram dois, ou um jumentinho apenas?

11 - Era jumenta, ou jumento?

111 - Como pode alguém montar sobre dois jumentos, simultaneamente?

IV - Como poderiam (os discípulos) trazer os jumentos (ou o) sem o consentimento do dono?

V -0 texto de São João difere dos demais, pois não faz entender qualquer 11 profecia".

52 - Os evangelistas narram um feito milagroso de Jesus, ocorrido na terra dos GADARENOS. Vejamos:

A ----... Vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados.

Mateus 8:28

13 ----Ao desembarcar, logo veio ao seu encontro um homem possesso.

Marcos 5:2

C - -Logo ao desembarcar, veio... ao seu encontro um homem possesso...

Lucas 8:27

PERGUNTA-SE: Vieram dois, ou um só?

62 -Jesus, segundo os evangelistas São Mateus, São Marcos e São Lucas, fez a seus discípulos recomendações de austeridade. Vejamos:

A ----Nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão, porque digno é o trabalhador do seu alimento. -

Mateus 10:10

13 - -Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto apenas um bordão. .

Marcos 6:81C C ----E disse-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje nem pão, nem dinheiro.

Lucas 9:3

PERGUNTA-SE: Jesus recomendou - ou não - o bordão?

7o- - Este ponto, a nosso ver, além de importante, é, também, de extrema gravidade, pois trata da genealogia de Jesus:

A - -Jessé gerou ao Rei Davi; e o Rei Davi, a Salomão.--- Mateus 1:6

B - Mená filho de Matatá, este filho de Natá, filho de Davi .--

Lucas 3:31 PERGUNTA-SE: A qual dos dois filhos de Davi remonta a genealogia de Jesus Cristo: a Natã? ou a Salomão?

C ----Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se

chama o Cristo.--- Mateus 1:16

D ----Era, como se cuidava, filho de José, filho de Heli Lucas 3:23

PERGUNTA-SE: Quem gerou José: Jacó ou Heli? PERGUNTA-SE (2): E o mais grave, Jesus considera-se da genealogia de José? ou apenas da de Maria?

82 - No mesmo evangelho - o de São João - depara-se com dois pronunciamentos de Jesus, aparentemente contraditórios, a saber:

A ----Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é

verdadeiro.--- João 5:31

B - -Respondeu Jesus e disse-lhes: Posto que eu testifico de mim mesmo, e meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim e para onde VOU.

João 8:14

PERGUNTA-SE: Seria - esta contradição - conseqüência de má tradução? Ou é de outra natureza?

 

C E L I B A T 0

Um dos pontos em que divergem, ATUALMENTE, algumas igrejas cristãs e a religião muçulmana, é o CELIBATO dos religiosos dos dois sexos. Dissemos "algumas igrejas cristãs" porque várias seitas cristãs permitem o casamento a seus prelados. Então a divergência, neste ponto, existe entre cristãos e cristãos, inclusive.

Nosso objetivo, todavia, é enfocar os princípios corânicos e seus correspondentes bíblicos, concementes a este tema, uma vez que o Islamismo baseia-se no Alcorão Sagrado, e todas as correntes cristãs se baseiam na Bíblia Sagrada.

No tocante à vida monástica, hoje vigente em algumas igrejas cristãs, e preceituada a religiosos e religiosas como condição para o exercício do Sacerdócio, devemos dizer que a religião muçulmana não impõe o celibato a seus religiosos; ao contrário: recomenda e incentiva que os religiosos muçulmanos sejam CASADOS.

No que concede à vida monástica, no âmbito do cristianismo, o Alcorão Sagrado diz:

"... E enviamos (Deus enviou) Jesus, Filho de Maria, a quem concedemos o Evangelho, e dotamos o coração dos que o seguiram de compaixão e misericórdia. Estes instituíram (para si mesmos) a vida monástica (celibato) com o objetivo de agradarem (mais) a Deus. E eles, contudo, não a observaram como deveriam."

Alcorão 57:27

Este texto corânico nos diz que Deus concedeu o Evangelho a Jesus, depois de enviá-lo Apóstolo, e Deus dotou os corações dos cristãos (seguidores fiéis de Jesus) de compaixão, misericórdia e bondade, portanto, altos elogios do Alcorão para os bons cristãos. Entretanto, o que mais nos interessa neste capítulo é o que o texto corânico diz a respeito de um tema crucial, e sempre palpitante: o celibato dos religiosos de algumas correntes cristãs.

Seria isto. (o celibato) da ESSÊNCIA da religião pregada por Jesus Cristo? Seria, o celibato, uma ordem de Deus transmitida por Jesus Cristo? 0 Alcorão Sagrado nos diz que não!

Diz, o Alcorão Sagrado, que a vida monástica foi instituída por seguidores de Jesus, para si mesmos instituíram-na, com objetivos nobres: agradar mais a Deus! Todavia, essa vida monástica não foi observada, como deveria ser, pelos que a instituíram. Isto é: foi, por alguns (ou por muitos), em diferentes épocas, DESVIRTUADA!

Isto posto, fomos procurar na Bíblia Sagrada, mais precisamente no Novo Testamento, se havia algum texto sagrado dito por Jesus, ou por seus discípulos, ou ainda pelos apóstolos que se encarregaram de divulgar a doutrina de Cristo, posteriormente... se havia algum texto evangélico que DETERMINASSE a vida monástica (celibato) aos religiosos cristãos. Eis o que encontramos:

1o- - Na primeira epístola de São Paulo aos Coríntios:

A ----... É melhor casar do que viver abrasado.--- 1 Coríntios 7:9

 

B ----E também o de fazer-nos acompanhar de esposa crente, como fazem os

demais apóstolos. . .--- 1 Coríntios 9:5

22 - Na primeira epístola de São Paulo a Timóteo:

A - -É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de unia

só mulher. . .--- 1 Timóteo 3:2

 

B ----E que (o bispo) governe bem a sua própria casa, criando os filhos, sob disciplina com respeito. Pois se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus.?

1 Timóteo 3:4,5

 

C ----0 diácono seja marido de uma só mulher, e governe bem seus filhos e sua própria casa.

1 Timóteo 3:12

32 - Vamos agora trazer dois textos do Novo Testamento, extraordinariamente significativos, no tocante à vida monástica:

A ----Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e os adúlteros

Hebreus 13:4

 

B - Solicita-se muita ATENÇÃO na leitura do texto que segue: -Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão do fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios. Pela hipocrisia dos que falam mentiras, e que têm cauterizada a própria consciência. Que proíbem o casamento, exigem abstinência de alimentos, que Deus criou para serem recebidos com ações de graça, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade. Pois tudo que Deus criou é bom. . .-

1 Timóteo 4:1,2,3,4

REFLEXÕES SOBRE ESTES TEXTOS BÉLICOS:

Nos itens 12, 22 e 3o- transcrevemos versículos do Novo Testamento, que é a Escritura Sagrada referente a Jesus, e ao período pós-Jesus.

E o que conclui-se da leitura atenta dos mesmos?

1 - Conclui-se, mui especificamente, que o Livro Sagrado dos cristãos NADA contém de favorável ao celibato, muito AO CONTRÁRIO: recomenda que é melhor CASAR-SE. (1 Coríntios 7:9)

11 - Conclui-se que os apóstolos de Jesus faziam-se acompanhar de suas esposas. (1 Coríntios 9:5)

111 - Conclui-se que ser o bispo CASADO fazia-se necessário. (1 Timóteo 3:2)

IV - Conclui-se que o bispo que não sabia cuidar bem dos próprios filhos, da esposa e da própria casa (e família) não era habilitado para cuidar da igreja de Deus! (1 Timóteo 3:4,5)

V - Conclui-se que o diácono (religioso, evidentemente) deveria ser marido e pai de filhos. E, a exemplo do bispo, deveria cuidar bem dos filhos e da própria casa. (1 Timóteo 3:12)

Vi - Que o matrimônio seja honrado ENTRE TODOS (sem excluir ninguém e nenhuma categoria). E que Deus julgará os adúlteros (casados infiéis) e os impuros (não-casados que fornicam). (Hebreus 13:4)

Vil - Importantíssimo observar nos versículos 1,2,3,4 do capítulo 4 da 1 epístola de São Paulo a Timóteo, que ele, São Paulo, chama de Apóstatas, de mentirosos e de hipócritas, aqueles que PROIBIRÃO - entre outras coisas - 0 CASAMENTO!

Fica, deste modo, mais do que comprovada a veracidade do texto do Sagrado Alcorão (57:27) que diz não ter sido Deus quem instituiu, aos cristãos, a vida monástica (o celibato), mas foram eles que a si mesmos a instituíram, muito depois do tempo de Jesus Cristo, e muito depois do tempo dos apóstolos dele, São Paulo, São João, São Pedro e outros.

E a outra constatação que comprova a veracidade do texto corânico que diz: 11 os cristãos não observaram a vida monástica como deveriam", está no fato de que no BRASIL há uma associação de ex-padres (atualmente casados) que congrega alguns milhares de ex-sacerdotes cristãos que abandonaram o celibato e se casaram, e hoje têm esposas, filhos e lares, como os bispos e os diáconos do tempo do apóstolo São Paulo. Só que no tempo de São Paulo, bispos e diáconos casavam-se e continuavam padres (religiosos). Todavia, nos tempos presentes, os prelados que se casam são forçados a renunciar sua condição de religiosos.

E por último, fazemos uma observação: o texto de 1 Timóteo 3:5, diz: a igreja de Deus".

SALVAÇÃO

Todos os homens que acreditam na imortalidade da alma, e que crêem na ressurreição após a morte, e que crêem no julgamento de Deus no Juizo Final, sonham com a salvação, porque depois do julgamento de Deus, cada qual terá sido sentenciado conforme seus próprios atos e comportamento na vida terrena. Deste raciocínio decorre a crença na Justiça de Deus, e mais do que isso: o reconhecimento da soberania e da autoridade de Deus sobre tudo e sobre todos. A partir disto, indaga-se: como salvar-se? E mais: quem salva? As duas indagações conduzem a uma resposta quase única: salva-se seguindo os mandamentos de Deus, porque Ele - Deus - e apenas ELE é quem salva!

 

E quais são os mandamentos de Deus?

 

Quase todas as religiões coincidem quanto aos mandamentos de Deus: resumem­-se na fé em Deus único, UNO, e no cumprimento de tudo que Deus preceituou como deveres religiosos, como: ORAR, JEJUAR, FAZER CARIDADE, e como deveres e regras de convívio e relacionamento familiares e sociais: amar e honrar pai e mãe, amar e educar filhas e filhos, amar os semelhantes e respeitar os direitos deles.

 

Evidentemente que nem todos conseguem, por razões e motivos vários, cumprir todos os mandamentos de Deus. Destarte, TODOS necessitam do perdão de Deus para salvar-se. Deste modo, chegamos a um dado precípuo:

 

Todos dependem do perdão de Deus para se salvar. Por quê?

 

Porque Deus é a Autoridade Máxima, o Juiz-Mor, o Soberano Absoluto, a Derradeira instância! E isto está registrado de modo indubitável, tanto no Sagrado Alcorão, quanto na Bíblia Sagrada. Porém, o Alcorão nos informa de que há um único pecado, se cometido, para o qual não há perdão. Qual é?

 

"Deus não perdoa que sejam adorados outros juntamente com Ele, e perdoa todo o mais para quem Ele quizer. quem crê em algo(ou alguém)além de Deus, comete grandioso pecado."

 

Alcorão 4:48 70

Vamos explicitar este versículo corânico: Deus, que é Bondade, Amor e Misericórdia, perdoa as faltas menores das criaturas, porque Ele - Deus sabe que as criaturas -por- Ele mesmo criadas - são fracas, frágeis e falíveis. Porém, há uma falta, por ser de natureza sumamente grave, Deus não a perdoa: é a falta que algum ser humano comete quando dedica adoração - e cultos à alguma entidafr associando-a a Deus. Estende-se este conceito à prática do politeísmo, da idolatria e do ateísmo.;

 

Será que a Bíblia Sagrada, o Livro dos cristãos, coincide com o Alcorão Sagrado dos muçulmanos, neste ponto? Vejamos:

 

A - No Evangelho de São Marcos, encontramos:

 

-Qual o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: 0 principal é: Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.

 

Marcos 12:28,29,30

 

13 - No Evangelho de São Lucas:

 

---Mas Jesus lhe respondeu: ---Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto.

 

C No Evangelho de São Lucas:

 

                                    'lodo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, is­

                                    so lhe será perdoado,- mas, para o que blasfemar contra o Espírito

Santo, não haverá perdão ----        Lucas 12:10

 

OBS.. Nosso entendimento que o termo "Espírito Santo", neste versículo (e no versículo 3:29 Marcos) refere-se a DEUS!

 

E no Evangelho de São Marcos 3:29, a sentença é mais categórica:

 

---Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno­

 

Vê-se, claramente, que o texto dos evangelhos coincide com o texto do Alcorão, conforme os exemplos transcritos antes, os quais querem dizer o seguinte:

 

1 - Jesus diz que Deus é o único Senhor.

 

11 -Jesus diz que somente a Deus deverá ser dado culto.

 

III - Jesus diz que blasfemar contra o Espírito Santo (na nossa opinião designando Deus) não tem perdão para sempre, e o classifica de pecado eterno.

 

Contudo, alguém poderá alegar que a expressão "Espírito Santo", nos textos evangélicos, não se refere a Deus. Nós concordamos. Todavia, entendemos que o termo "Espírito Santo" usado no texto bíblico em questão: (Marcos 3:29) e (Lucas 12:10), não se refere ao anjo GABRIEL, e sim ao próprio Deus, e entendemos que esse uso (talvez inadequado) é decorrente da tradução. Com que lógica? É fácil: na ordem que os cristãos colocam as pessoas da TRINDADE, o Espírito Santo vem em último lugar, sendo pela ordem:

 

1o- - 0 Pai;

 

22 - 0 Filho;

 

32 - 0 Espírito Santo.

 

• Pai é o Maior! É o Criador!

 

• Filho é posterior ao Pai e "procede" do Pai. É criado.

 

0 Espírito Santo "procede" do Pai e do Filho, ou mediante o Filho, portanto é também criado, e menor que o Pai e o Filho. Inclusive, houve um bom lapso de tempo (no século IV) em que o Espírito Santo não fez parte da DIVINDADE dos cristãos, a qual -a DIVINDADE - restringiu-se ao Pai e ao Filho.

 

Pois bem. 0 texto em questão (Marcos 3:29 e Lucas 12:10) faz entender que o Espírito Santo (referido) é maior, BEM MAIOR que o Filho do homem (que é Jesus), pois enquanto blasfemar contra o FILHO é perdoado, não haverá perdão para quem blasfemar contra o Espírito Santo, porque constitui pecado eterno. Como o texto bíblico, em questão, omite qualquer consideração à pessoa do Pai, entendemos que o anjo não poderia ser maior que o Filho e o Pai!

 

Isto posto, voltamos à salvação. Para uma pessoa que Crê em Deus único e UNO, e a Ele somente dedica cultos e adoração, a salvação é possível, desde que se procure, honestamente, agir de acordo com os mandamentos deste Deus. Em outras palavras: salva-se quem acredita, verdadeiramente, em Deus, o Verdadeiro. E esta crença, esta fé traduz-se em ações. Provavelmente a esta fé referia-se Jesus quando dizia:

 

                                ---A tua fé te Salvou 9:22)

E isto está registrado, tanto no Alcorão, quanto na Bíblia

 

A - No Alcorão: "Os que crêem (em Deus) e praticam boas ações, terão o paraíso como moradia."

 

Alcorão 18:107

 B - No Novo Testamento: -Meus irmãos, qual o proveito, se alguém disser que tem fé mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?

 

--A fé. se não tiver obras, por si só está morta.

Tiago 2:14

 

Para aprofundar-se mais no conceito: SALVAÇÃO, recomendamos a leitura dos seguintes textos bíblicos: Mateus 7:24 / Marcos 16:15 / Lucas 19:9 / Romanos 1: 16 1 M ateus 9:22,29.

A TRADUÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

 

Deixamos este capítulo para o final do nosso livro, porque nós nos referimos muito ao tema ao longo de quase todos os outros capítulos. A questão da tradução das Escrituras Sagradas é importante, e mais ou menos controversa e perigosa em todas as religiões.

 

Para a unanimidade dos teólogos muçulmanos (ULEMÁS), a tradução do Sagrado Alcorão para qualquer idioma não se considera Alcorão, e sim: Tradução dos significados (sentido) dos versículos corânicos.

 

Por quê?

 

Antes de respondermos, queremos evitar equívocos. Deve-se traduzir os

significados do Alcorão para todas as línguas faladas - e que venham a ser -

no mundo, pois a Mensagem Corânica é UNIVERSALISTA, e como tal, deve

chegar a todos os homens, em todos os lugares e em todos os tempos. Isto é

extensivo a todas as Mensagens Divinas! Porém, com uma ressalva impor­

tantíssima:

 

Deve, a Mensagem de Deus, chegar a todos: genuína, autêntica, pura, fiei, verdadeira! E isto nem sempre é possível. Aí reside a reserva em não considerar a TRADUÇÃO como se fosse a PRÓPRIA Escritura Sagrada. Pois quem realiza a tradução pode não conhecer plenamente o idioma original da Revelação Divina, esta é a primeira razão.

 

A segunda razão: Certamente o tradutor não alcança todo o objetivo de Deus, contido nos versículos sagrados, pois ao passar dos anos e dos séculos, as Palavras Divinas vêm revelando novos significados, à luz da EVOLUÇÃO. A terceira razão é que o tradutor pode não dominar TOTALMENTE o idioma para o qual verte as Escrituras Sagradas, e, então, recorre-se a sinônimos e composições que, nem sempre expressam fielmente o conteúdo do original.

 

Fazemos esta breve introdução para demonstrarmos a eventualidade da ocorrência de deturpações não intencionais, e de distorções, quando traduzem-se textos Sagrados. Isto sem falar em distorções e deturpações INTENCIONAIS, fruto de interpretações casuísticas, as quais ocorrem - e ocorreram - em maior ou menor profundidade em todas as religiões.

 

Para ilustrarmos a primeira hipótese, isto é: da tradução deturpada sem más intenções, transcrevemos a seguir duas versões do mesmo versículo corânico, para a língua portuguesa, constantes nas únicas duas traduções efetuadas no Brasil.

Exemplo: Versículo 48 da Surata 3, assim traduzido por Samir Hayek:

 

"Ele lhe ensinará a escrita, a sabedoria, a Torá e o Evangelho."

 

Agora o mesmo versículo, traduzido por Mansour Challita:

 

"E Deus ensinar-lhe-á as Escrituras e a sabedoria e a Torá e o Evangelho."

 

OBSERVAÇÕES:

Um tradutor usou: "Ele", o outro usou: "Deus".

 

Um tradutor usou o vocábulo "a escrita", o outro usou:"as Escrituras". São duas diferenças decorrentes de diferentes entendimentos, numa linha apenas do texto corânico, sendo uma das diferenças bem significativa:

 

É a escrita... ou: as Escrituras?

Pois, convenhamos, não são sinônimos.

 

22

Exemplo: Versículo 55, Surata 3, tradução de Samir Hayek: "E quando Deus disse: Ó Jesus, por certo que porei termo à tua estada na terra; ascender-te-ei até Mim e salvar-te-ei dos incrédulos.

 

Agora o mesmo versículo, na tradução de Mansour Challita:

 

"E quando Deus disse: "ó Jesus, matar-te-ei e elevar-te-ei até Mim, e purificar-te ­ei dos que descrêem. . ."

 

Deus! Quantas diferenças num único versículo!

 

OBSERVAÇÕES:

 

É ascender-te-ei... ou: elevar-te-ei? É salvar-te-ei... ou: purificar-te-ei?

 

É: dos que descrêem... ou: dos incrédulos?

 

E estas diferenças, não são tão graves, embora dêem a quem não conhece o original árabe idéias diversificadas, porém a gravidade está no que Deus disse a Jesus:

 

Teria dito: "Por certo porei termo à tua estada na terra"? ou: "Matar- te-ei"?

 

0 vocábulo constante no original em árabe é UMA única PALAVRA, assim transliterada: "MUTAUAFFICA", e nada mais! MUTAUAFFICA, deriva-se de UAFAT que se traduz por MORTE. 0 único vocábulo em questão poderia ser traduzido por um outro vocábulo apenas: MORRERÁS!

 

Entretanto, um tradutor usou nove (9) palavras para verter SOMENTE UM vocábulo ao português, e o outro tradutor não foi bem sucedido, uma vez que traduziu-o por "Matar-te-eí", absolutamente incorreto!

 

Bastam, a nosso ver, estes dois exemplos para ilustrarmos a nossa tese, e ressaltá-­la, embora tenhamos encontrado deturpações, distorções,

 

acréscimos e omissões (exclusões) nas duas traduções aludidas do Alcorão. Porém, acrescentamos outro exemplo:

 

Alguns exegetas do Alcorão, em séculos passados, entenderam o vocábulo árabe: "ZARRAH", que indica tamanho bem diminuto, entenderam traduzi-lo por FORMIGA, uma vez que naqueles tempos não havia sido descoberto, ainda, 0 ÁTOMO, tradução correta de ZARRAH, e hoje ainda, encontramos em língua portuguesa a palavra ZARRAH traduzida como FORMIGA!

 

Mas o nosso objetivo, neste capítulo, não é tanto comentarmos a tradução do Alcorão, pois ele, felizmente, conserva-se no original árabe, num texto UNO, UNIFORME, IGUAL, desde a sua Revelação, e qualquer erro, é imediatamente detectado e facilmente corrigido.

 

Nosso objetivo principal é a tradução da Bíblia Sagrada, mais precisamente: o EVANGELHO, o qual foi revelado por Deus a Jesus em HEBRAICO (ou em ARAMAICO, segundo outros), e os estudiosos da Bíblia, que são cristãos, sabem que o Evangelho de São João - por exemplo - foi traduzido de um original GREGO, não hebraico, nem aramaico.

 

A partir disso, sabe-se que o Novo Testamento foi traduzido - ou parte dele - de uma outra tradução, e não do original, da língua na qual foi revelado a Jesus. Disso decorrem muitas diferenças de um evangelho - dos quatro - para outro, embora refiram-se à mesma sentença dita por Jesus. E decorre, também, o fato de constar, de algum dos quatro evangelhos, algum episódio, às vezes importantíssimo, e o mesmo não constar dos outros. Como exemplo apenas, citamos o fato de não constar no Evangelho de São João o episódio da Santa Ceia, um dos pontos angulares da fé cristã.

 

Mas para exemplificar sobre a asserção que desenvolvíamos, transcrevemos estes textos evangélicos:

 

1 - Evangelho de São João 5:2

 

-Ora, existe ali junto à porta das ovelhas, um tanque chamado em Hebraico, BETESDA. . .

 

Logo: Este texto já é uma tradução de outra tradução, portanto não se encontrava no idioma original.

 

11 - Evangelho de São João 20:16

      ---Ela lhe disse, em hebraico, RABÔM; que quer dizer mestre.

 

Aliás, nos quatro evangelhos encontram-se vários vocábulos traduzidos - todos - por: MESTRE, como: RABBI, RABI, RABONA, RABÔM, RABINA, etc.

 

111 - No Evangelho de São João 9:7

---No tanque de SILOÊ que quer dizer Enviado.

    No Evangelho de São Lucas 13:14

 

-Desabou a torre de SILOÉ... PERGUNTA-SE: SILOÉ era torre, ou tanque?

 

JESUS CRISTO NA VISÃO DE UM MUÇULMANO

 

Como os exemplos citados 71 comprovam, cabalmente, a nossa tese, vamos, em seguida, transcrever alguns textos - e episódios - do Novo Testamento que, além de reforçar a tese, comprovam sua gravidade:

 

1 - Texto de 1 Coríntios 1:25

 

---Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.-­

 

É simplesmente inaceitável atribuir a Deus fraqueza, quanto mais loucura!!! E o pior: em outras traduções, para outros idiomas, a expressão: "loucura de Deus" aparece como: "estupidez de Deus" ou "ignorância de Deus". Simplesmente LAMENTÁVEL!

 

11 - Texto de Gálatas 3:13

 

---Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro.

 

Para nós, muçulmanos, Jesus é BENDITO, é ABENÇOADO, por Deus (onde quer que Jesus esteja) conforme diz o Alcorão 19:33. E nos evangelhos encontramos:

 

-Bendito quem vem em nome do Senhor.-­

 

Portanto, é absolutamente difícil - e impossível - associar "Maldição" e "Maldito" à pessoa de Jesus Cristo!

 

111 - Quem conhece BEM o Novo Testamento, sabe da importância do discípulo' PEDRO, tanto para Jesus, quanto para o cristianismo como um todo. Mas no Evangelho de São Mateus 16:23, lemos:

 

-Jesus disse a Pedro: Arreda! SATANÁS! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das cousas de Deus. . . "

 

É difícil aceitar que Jesus tenha chamado PEDRO de Satanás e de pedra de tropeço, quando em outro texto Jesus diz que sobre Pedro edificará sua igreja!

 

Mais difícil ainda de aceitar, é o texto do Evangelho de São Marcos 8:32

 

71.                          Para um conhecimento mais amplo sobre isto, recomendamos verificar os seguintes textos bíblicos, entre outros: Marcos 5:41 / 7:34 / 14:45; João 1:38 / 1:41 / 1:42 / 19:13 / 19:171 Atos 9:36

 

26:14; Apocalipse 9:11.

 

---Mas Pedro, chamando-o à parte (a Jesus), começou a reprová-lo.-­

 

Como, e com que autoridade, pode Pedro reprovar Jesus? Só pode ser erro de tradução!

 

IV - Jesus é quem teria dito, segundo São Mateus 19:24

 

---E ainda vos digo que é mais difícil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.-­

 

Um camelo jamais vai passar pelo fundo de uma agulha, logo: um rico jamais vai entrar no reino de Deus!

 

É DIFÍCIL crer que Jesus tenha dito isto, assim tão genericamente. Salvo... qualquer equívoco, ou supressão, em relação ao texto original. Pois Jesus é bondoso, é justo, e além de tudo, falava as palavras que o Pai (Deus) lhe transmitia, e o Pai (Deus) não barrará a entrada de todos os ricos a Seu Reino, porque existem ricos bons, caridosos, honestos, retos, bondosos, benfeitores e cumpridores de seus deveres. E embora possam ser poucos, será que Deus impediria a entrada deles para Seu reino, somente por serem ricos? Jesus não teve seguidores e simpatizantes ricos?

 

Só podemos atribuir isto à tradução equivocada.

 

V - Neste contexto também, incluímos o diálogo havido entre Jesus e a mulher cananéia segundo o Evangelho de São Mateus 15:24,25,26

 

-Jesus respondeu (à mulher): Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então, ele (Jesus), respondendo à mulher), disse: Não é bom tornar os pães dos filhos e lançá-los aos cachorrinhos­

 

Mateus 15:24-26

 

Neste caso, só admite-se ter havido confusão na tradução, pois custa nos acreditar que Jesus, que é todo bondade, ternura, e gentileza, além de ser SALVADOR, tenha comparado a mulher cananéia aos cachorrinhos. No mínimo, seria inusitado, pois denota violência, rudeza e discriminação, nada compatíveis com a missão humanizante e igualitária de Cristo, além de aspereza com uma MULHER, comparando-a a cachorrinhos.

 

Inegavelmente, para nós, é um caso de equívoco na tradução. Aliás, esse caso suscita outra estranheza: se a missão de Jesus é UNIVERSALISTA, como seria coerente compatibilizá-la com estes dizeres atribuídos a Jesus:

 

---Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.---?

 

Vi - Para finalizarmos este capítulo, dedicado à tradução de Escrituras Sã­

 

gradas, com eventuais distorções, deturpações e equívocos, transcrevemos do Evangelho de São Marcos o seguinte relato:

 

---No dia seguinte, quando saíram de Betânia, (Jesus) teve fome. E, vendo de longe unia figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma cousa. Aproximando-se dela, nada achou senão folhas; porque não era tempo de figo.

 

Então lhe disse Jesus: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isto.

 

Marcos 11:12,13,14

 

A nosso ver, este relato deve estar prejudicado pela tradução de um idioma para outro. Porque se fosse autêntico, nos obrigaria a considerar:

 

A -Se não era tempo de figo, como exigir-se de uma figueira contrariar a própria natureza?

 

B - Como acreditar que Jesus Cristo, todo AMOR e COMPREENSÃO, amaldiçoaria uma figueira, secando-a, se a mesma não. era responsável pela falta de seus frutos?

 

C - A figueira não era propriedade de Jesus. Como admitir que ele causaria danos ao proprietário da figueira, inutilizando-a para sempre?

 

Neste contexto sobre equívocos provocados pela tradução, lembramos a abordagem dos múltiplos sentidos dos termos: "Espírito Santo" e "Senhor', por nós detalhados neste livro, e outros comentários nossos, ao longo de toda a matéria do mesmo.

 

E para fechar, citamos uma notícia interessante, veiculada por órgãos da imprensa escrita do Brasil, em maio deste ano de 1989 72 vinda dos E.U.A., informando de que a Bíblia está sendo submetida a uma revisão que modificará o texto da mesma, texto esse editado em 1952. Essa revisão inclui alterações que incorporam descobertas históricas e reduzem discriminações de sexo e a confusão de linguagem, de acordo com declarações de autoridades eclesiásticas do Conselho Nacional de Igrejas dos E.U.A.

 

"Teremos uma bíblia adequada aos nossos tempos", declarou o Secretário Geral adjunto do referido Conselho.

 

A notícia diz que "A revisão elimina o uso da palavra homem nas passagens bíblicas em  que o texto se refere a homens e a mulheres em geral". E foi citado como exemplo, um texto do Evangelho de São Mateus onde se lê "Nem só de pão vive o homem", o qual passará a ter, na nova edição, este texto: "Nem só de pão se vive". Outra modificação citada pela autoridade cristã, prende-se a um texto do Cântico de Salomão (V.T.) onde se lê: "Sou negro, porém belo", o qual passará a ter outra redação, ou seja: "Sou negro e belo". Fim da notícia do jornal.

 

Apenas dizemos que, notícias como esta, reforçam nossa reserva em relação às traduções de "Escrituras Sagradas", porque alteram, pela vontade dos homens, as Palavras de Deus que são INALTERÁVEIS.

 

 

 

"Fundamentalismo"

como entendido no ocidente,

é um conceito estranho ao Islam

Abdullah bin Ali al-‘Ulayyan

escritor e jornalista de Oman

Em um mundo repleto de tensões, envolvimentos em conflitos, padrões duplos e julgamentos apressados, fica difícil propor critérios específicos com relação aos vários problemas intelectuais que ocorrem e estudá-los cuidadosa e imparcialmente. Um termo problemático, por exemplo, é "fundamentalismo" islâmico (ou muçulmano), uma palavra que carrega em si, conotações cristãs e uma associação com o conflito entre a Igreja e outras filosofias durante o século XVII. O objetivo deste conflito, existente há longo tempo, foi vencer o argumento intelectual e religioso daquele tempo e assentar o violento choque entre o poder temporal e religioso na Europa. O resultado foi o triunfo do poder temporal e a limitação e redução do papel e influência da Igreja.

Para a mente ocidental, fundamentalismo significa uma rejeição à modernização e ao novo, acoplado a uma mentalidade dogmática. Mais comumente, representa uma atitude psicológica e mental oposta à ciência e à reforma. Esta impressão surgiu quando o fundamentalismo cristão era visto como se opondo à ciência e à inovação e perseguindo cientistas e intelectuais, com base em acusações frágeis, argumentos falsos e princípios dogmáticos irracionais. A Igreja impôs um regime intelectual brutal que incapacitava a mente e todo o esforço intelectual e científico. A Religião se tornou monopólio da Igreja, elevando o clero

humano à condição divina e forçando homens a um sistema desumano de celibato, advogando idéias e opiniões sem base na lógica e no senso comum. A Igreja interferia em todos os assuntos científicos, concedia indulgência aos pecadores e instituiu e conduziu a Inquisição. A expansão deste estilo ocidental de "fundamentalismo" levou ao surgimento de filosofias e movimentos contra a Igreja, tais como a Reforma e o Iluminismo. Ao se opor à pesquisa científica e à invenção, e perseguir cientistas e intelectuais, a Igreja distorceu e minou os verdadeiros fundamentos da religião, relegando-a a um monte de dogmas e mitos. Esta forte reação contra a Igreja, contribuiu para o alargamento do fosso entre a religião e a ciência, não somente por razões meramente científicas, mas, também, psicológicas e filosóficas. A Igreja, de sua parte, procurou representar todas as religiões e isto levou a uma distorção das noções religiosas independentemente de seu conteúdo, idéias ou princípios.

Contudo, apesar das diferenças mínimas no significado do termo "fundamentalismo", no Ocidente e no Islam, o pensamento ocidental permanece prisioneiro de sua experiência histórica e de seu longo conflito com o fundamentalismo cristão. É esta visão paroquial que o Ocidente está tentando, agora, aplicar ao Islam, admitindo uma atitude da Igreja com relação ao poder temporal no Ocidente. Isto, é claro, não tem base na verdade ou na realidade, porque o "fundamentalismo", de acordo com o Islam, é o exato oposto ao daquele existente no Ocidente. Muitos pensadores ocidentais estão, na verdade, conscientes disto, mas eles escolheram ignorar o fato por muitas razões, inclusive por causa da profunda hostilidade ao Islam e da sua imagem distorcida, promovida por orientalistas de várias gerações e, mais recentemente, em razão das alegações de que, com a queda do comunismo, o Islam emergiu como um novo inimigo. Os escritos de Samuel Huntington são típicos desta tendência.

Consequentemente, o Ocidente tem muito da responsabilidade por fortalecer o entendimento do "fundamentalismo islâmico" como nos mesmos moldes do fundamentalismo cristão do século XVIII. O orientalista alemão, Redolf Peters, escreve:

"É necessário criticar nossa imprensa porque ela vai longe para vender um falso conceito, repetindo o entusiasmo excessivo visto durante a Guerra Fria, em relação ao inimigo presumido. A imprensa usa o fundamentalismo para atrair leitores porque, por um lado adota a violência e o terrorismo e, por outro, discorda. No conflito com o Ocidente os jornalistas podem ter boas intenções, mas, não podemos nos esquecer de que aqueles mais próximos dos círculos políticos têm um capital investido na manipulação e condução da opinião pública.

"Mesmo jornalistas objetivos, encaram obstáculos profissionais quando cobrem assuntos islâmicos. Os editores estão depois das notícias e, qualquer esclarecimento ou comentário moderado, não são considerados notícia e não atrai leitores!"

Este é, sem dúvida, um problema de abordagem e uma "crise de objetividade" que está acontecendo no Ocidente, o qual, solidamente democrático e liberal como o é, deve permitir considerações mais leves e visão mais realista de tal fenômeno. É claro que toda experiência humana tem seu passado, suas raízes e suas causas, e deve, portanto, ser tratada em profundidade; caso contrário, todo o problema se transforma em crise, sem solução sob qualquer ângulo.

Este recuo do "impasse da objetividade", como Borhan Ghalioun chama, refletiu-se no trabalho do orientalista francês, Maxime Rodinson, intitulado "A Fascinação do Islam", no qual ele aponta como, a partir do século XVII, o Islam, diferentemente do cristianismo, foi visto no Ocidente como o epítome da tolerância e razão. O Ocidente ficou fascinado pela ênfase do Islam no equilíbrio entre a adoração e as necessidades da vida, e entre a necessidades morais e éticas e as necessidades corporais, e entre o respeito ao indivíduo e a ênfase sobre o bem-estar social.

Em seu confronto com o cristianismo, intelectuais ocidentais salientaram o papel reformista do Islam e a racionalidade de suas crenças religiosas. Mas, como Dr. Ghalioun diz, foi somente a partir da segunda metade do século XIX, que os europeus começaram a olhar para o cristianismo como uma força de progresso e conquista na Europa e para o Islam como uma causa de estagnação e retrocesso no mundo arábico-islâmico. Em lugar de usar o Islam como um modelo para uma religião civilizada e racional em sua luta contra o cristianismo "bárbaro e fanático", o panorama modificou-se completamente para projetar o Islam como um epítome de barbarismo que ameaçava o Ocidente. A impressão que cresceu é que a Europa é o berço da civilização e que qualquer um que se oponha a ela é hostil à civilização e que o Islam, como uma cultura, civilização e uma sociedade é o principal, mas não o único, obstáculo que impede a expansão do Ocidente em direção ao sul e a outros continentes e culturas. Lá emergiu uma necessidade por uma ideologia que galvanizasse a hostilidade em relação ao Islam e que a justificasse para os europeus e o mundo como um todo.

Deste entendimento rígido, veio o "fundamentalismo secularista" no Ocidente, que aceita somente suas próprias proposições e idéias. Deve-se dizer que, quando o Ocidente se voltou contra a Igreja, ele a despiu de todo seu autoritarismo e desalojou-a da posição proeminente que ocupava na sociedade. No entanto, não abandonou completamente as aspirações papais e a disputa de que a Europa central seja o coração da civilização humana e da história. Nem abandonou o desejo de eliminar "o outro", ou marginalizá-lo intelectual e culturalmente, e criar uma memória histórica mais recente, baseada no "ego" e na distinção do Ocidente sobre o resto; mental, cultural e etnicamente. Esta mentalidade persistiu, mesmo após a queda do poder papal e a emergência do secularismo.

Diz o Dr. Muhammad Abid al-Jabiri: "Cometeríamos um erro se pensássemos que o Ocidente está completamente livre de sua bagagem cultural e religiosa, racional e pragmática, porque se esta atitude está ainda ativa nas mentes fanáticas e na Igreja, por toda a Europa e América, ela é evidente nos elementos . . . seculares e liberais. Esta herança cultural e religiosa continua a influenciar os jornalistas locais e os políticos que se encontram entre os liberas e secularistas." (A Questão da Identidade)

Em sua rivalidade com a Igreja, sobre a influência e o status social na sociedade européia, o secularismo tem buscado reviver a autoridade do clero, pela distinção e dominação, através da reivindicação da "globalização" e da singularidade do Ocidente, como também do ponto de vista dos próprios filósofos. Eles estimularam o colonialismo. Este padrão duplo sobre parte do secularismo no Ocidente, tem, na mente de alguns, minado a credibilidade de suas alegações com relação à liberdade, tolerância e pluralismo democrático dos outros. Contudo, isto ainda não foi materializado de uma forma adequada.

Não é coincidência, mas antes conformidade intelectual, como Roger Garaudy se refere, que o maior campeão desta escola secularista, Julies Ferry, tenha sido também o maior incentivador da invasão colonialista de Madagascar, Tunísia e Vietnam. Ele era o teórico francês mais ardente do colonialismo, da mesma forma que John Stuart Mill o era na Inglaterra, e um estudante do positivismo de Auguste Comte. Em seu discurso no Parlamento, em 27.07.1885, ele declarou: "Na verdade, nós sustentamos a política de expansão colonial, baseada em um sistema que consiste em três pilares: econômico, humano e político." Ele também disse: "Eu não devo hesitar em declarar que isto não é nem política nem história, mas metafísica política. Deve ser dito, em voz alta e com a maior franqueza, que as raças mais elevadas têm um direito prático sobre as raças inferiores. (Fundamentalismos Contemporâneos)

Este "secularismo" seletivo produziu um tendência filosófica conhecida como "globalismo", baseada no monopólio da ciência e civilização e no isolamento dos outros que se oponham a seus dogmas ou, como o Professor Robert Solomons coloca, "a cultura da dominação". Isto induziu o cientista inglês, Richard Webster a imaginar se é um processo retrógrado com vínculo coletivo, através do qual uma cultura velha espera reviver um pouco de sua infância; ou se é uma condição que permitiu ao secularismo deixar cair sua máscara de racionalidade, a fim de revelar sua verdadeira identidade, a qual, no fundo do coração, é uma identidade religiosa. Webster acrescenta: "Uma vez compreendida melhor nossa herança religiosa, começamos a duvidar se o secularismo, apesar da frustração da herança judaico-cristã, provou, de fato, sua superioridade. O que eu imaginaria é que se os valores religiosos não desempenham um papel importante na sociedade secular, isto não significa que ela os tenha abandonado ou marginalizado, mas seria a prova de sua penetração na mente do indivíduo e em nossa identidade secular, a um grau que não temos necessidade de mostrar externamente"!! (Seminário sobre "Secularismo" - Londres, 1994)

O problema é, portanto, mais do que uma visão ingênua superficial ou emocional, e a proposição dupla em relação ao Islam estanca um passado, determinando que o estudante perca os critérios de exatidão e credibilidade. Quando vem o "fundamentalismo", apesar das claras diferenças de entendimento do termo, o Ocidente continua a insistir em descrever o Islam como um fundamentalista e ligando a expressão ao velho conceito eclesiástico cristão. Fundamentalismo no Islam, significa adesão ao modo de comportamento e aos valores de sua primeira geração, como compreendido e definido pelos primeiros muçulmanos através da ijtihad e da análise de suas regras e ensinamentos. No Ocidente, contudo, fundamentalismo denota rigidez dogmática, oposto à ciência, inovações e modernização, uma atitude que é denunciada pelo Islam.

O Ocidente também tenta ligar o fenômeno contemporâneo da violência, do extremismo e do terrorismo com as origens do Islam e sua natureza interior, o que não é correto. O Islam e seus métodos legislativos rejeitam a violência, o terrorismo e o extremismo, independentemente das razões que estejam por trás deles. Não é exagero dizer que o fenômeno moderno da violência é parcialmente devido à injustiça no Ocidente e aos padrões duplos, porque justiça e imparcialidade são os primeiros requisitos para a erradicação da violência e do extremismo. O Alcorão diz: "Não permita que seu ódio às pessoas o torne injusto. Seja amável; é o mais próximo de ser verdadeiramente consciente de Deus". Do contrário, como Dom Quixote, seríamos encaminhados para os moinhos de vento.

 

 

 

 

 

 

Compilado no dia 22 de Outubro de 2001  por  Yacub A Latif.