A REVOLUÇÃO
25 de abril de 1974!
Revolução em Portugal; os famigerados
"cravos vermelhos". O resultado da covardia de jovens oficiais
portugueses, ingénuos úteis nas mãos dos Vermelhos. Capitães que seriam
chamados muito apropriadamente pelo poeta Joaquim Paço d'Arcos de ufanos da
derrota, herdeiros anões de Aljubarrota, bastardos duma raça de heróis...
Marcelo Caetano e Américo Thomaz são
depostos; os agentes da DGS, presos. Começa dissolução do Império Português, vendido
a Moscou.
Peço demissão. E. C., um amigo que havia
chegado recentemente do Brasil, substitui-me na Escola.
Surgem os boatos de tentativa de
independência unilateral de Moçambique e que seria apoiada pelos rhodesianos,
temerosos de perderem seu apoio e se verem cercados por países de maioria negra
marxista. A tropa portuguesa não oferece credibilidade, não se pode confiar nos
oficiais. Apenas os Comandos esboçam uma reação contra a entrega da colónia ao
inimigo, aos terroristas da Frelimo, como pretendem os golpistas que apresentam
estes últimos como heróis nacionalistas, ferindo o brio das tropas especiais.
Voo para a capital, Lourenço Marques, à
procura de informações concretas; todos estão confusos. No Consulado Rhodesiano
consigo um visto de entrada e após dois dias e uma noite num trem estou em
Salisbury.
Lá a reação é aberta, os grupos se reúnem
nas pensões portuguesas e duas facções distintas começam sua organização
visando a tomada do poder, a exemplo do que fizeram os colonos rhodesianos, anos
atrás. Mas mesmo à primeira vista o que se pode deduzir é que não sairão do
planejamento: existem mais "generais que soldados",
estão longe de conseguir a disciplina necessária para obter o sucesso.