I
LEGIÃO ESTRANGEIRA FRANCESA
Meados de 1972,
Paris
Mala na mão esquerda, olho para trás contemplando Fonteneau-sur-le-Bois como um mundo a esquecer. Passo firme e decidido como sempre quando me sinto fraco e indeciso, aproximo-me do Fort de Nogent, carrancudo e atarracado Posto de Informação da Legião Estrangeira. Sorrio.
- "Deixe de ser idiota, aLegião não existe mais já faz uns vinte anos!!" Um Legionário de la classe com seu inefável quepe branco vem ao meu encontro, desconhecendo o fato de que ele não existe há mais de vinte anos, segundo meus colegas de Força Aérea.
-Volunter?
-Oui.
- Vien avec mói!
As cinco palavras bastam para me levar até um Adjudant alemão, responsável pelo recrutamento. Seu francês é regular, seu passado um tanto menos... Conversamos. Pergunta-me sobre Hitler, respondo em alemão, o que o faz sorrir largamente, deixando vagar suas recordações por algum tempo, ajeitando-se na cadeira.
Algumas perguntas de ordem técnica, apresento os meus documentos absolutamente desnecessários que são guardados em um envelope, juntamente com todos os papéis pessoais que possam me identificar. Torno-me, contra vontade, Pablo Riveira, nascido em Sant-Anna (?), Brasil, aos 16 de novembro de 1951. Nascido em 1949, ganho dois anos de vida sem qualquer ónus de minha parte, informa divertido o Adjudant. Não pude conservar meu nome verdadeiro.