Com as
filmagens da série “A Jóia de África”, concluídas em Inhambane, Moçambique,
os actores regressaram ontem, bem cedo, a Lisboa, visivelmente saturados da
viagem de mais de nove horas e sem escalas.
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José Martins, Luís Zagallo e António Capelo, com Monteiro
Coelho. Em cima, Eric Santos e José Martins. Em baixo, Luís Mascarenhas e
mulher
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Dalila Carmo e
Diogo Infante conseguiram ludibriar o olhar atento dos repórteres, e Teresa
Madruga esquivou-se às perguntas dizendo estar “extremamente cansada”. Mas
outros houve que se prestaram a fazer um balanço dos quatro meses de
gravações. “Saudades da família” e “não saber ocupar o tempo livre” foram as
dificuldades comuns a todos.
Luís Zagallo – o chefe de posto Amílcar – revelou ao CM: “A partir de agora
nada na minha vida vai ser como antes”. Tudo porque “a influência daquele
povo em cada um de nós foi qualquer coisa de muito rico”. Apesar de todas as
dificuldades que têm no seu dia-a-
dia, “conseguem transmitir uma onda de alegria como em parte nenhuma do mundo
consegui encontrar”. E, por isso mesmo, “vou voltar o mais breve possível
porque nunca fui tão bem acolhido como por aquela gente”.
Luís Mascarenhas tinha à sua espera a esposa, Fátima Perry da Câmara, “morta
de saudades” e “cheia de curiosidade de saber mais coisas de África”.
O actor disse ter sido “um verdadeiro prazer fazer o ‘Américo’ porque
requereu uma certa pesquisa já que as referências para a sua construção eram
muito poucas”. A personagem “é um moçambicano branco que tem uma cantina e se
desenrasca muito bem”.
“Inhambane é lindo para recarregar baterias durante quinze dias”, disse. O
único senão “foram as saudades da família, mulher, cães, enteada, filho e
daquilo que faz parte da minha vida há 45 anos”. Agora vai ter saudades
“daquela praia e clima maravilhosos e de um cãozinho simpático que foi meu
companheiro de brincadeiras durante a estadia”.
Para Eric Santos – o advogado Domingos – a estada em Moçambique “foi uma
experiência avassaladora do tipo ‘déjà vu’. Vi ‘in loco’ as coisas que a
minha mãe me contava sobre a paisagem, as pessoas e o clima africanos, porque
a minha família é oriunda de Angola”.
Quem surpreendeu foi o actor José Martins - padre Isaías - que cortou a
espessa barba ficando praticamente irreconhecível... “O balanço é genial.
Houve uma enorme cumplicidade e solidariedade por parte de todos os
envolvidos neste projecto que considero pioneiro”.
CUSTOU MAIS QUE UMA NOVELA
Os custos finais desta série de 50 episódios “só serão apurados daqui a algum
tempo”, garantiu ao CM, Monteiro Coelho, das relações exteriores da TVI. “Os
custos de uma série são sempre superiores ao de uma novela e, gravada e
produzida além-fronteiras, sobe- -lhe a fasquia de tal forma que nem a
publicidade a consegue suportar”, disse. “A Jóia de África’ é daquelas séries
que uma televisão faz uma vez sem exemplo”.
E não é para menos. Foram deslocados para Moçambique um elenco fixo de cerca
de 24 actores. No local contrataram cerca de 30 figurantes. Com técnicos e
pré-produção estiveram envolvidos, no total destes quatro meses, cerca de 120
pessoas. Tudo isto custou muito dinheiro!
Contudo, “valeu a pena porque cada episódio apresenta um ‘share’ médio
superior a 40 por cento”. Outra vitória para a TVI “foi a da pré-produção que
chegou ao local e, em mês e meio, conseguiu colocar de pé todo aquele cenário
de época”, rematou.
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